Mãe admite que entregou filho para adoção e polícia investiga agora possível tráfico de crianças
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Coletiva de imprensa deu detalhes do caso (Fotos: FOTO DIVULGAÇÃO POLÍCIA MILITAR DE SC)
Em depoimento, ela admitiu que vinha sendo assediada, há pelo menos dois anos, por um homem que conheceu em um grupo de WhatsApp
A quebra de sigilo telefônico e o depoimento da mãe trouxeram novas informações sobre o desaparecimento do menino de 2 anos, em São José, na Grande Florianópolis. A mãe, que já recebeu alta hospitalar, prestou depoimento a delegada da DPCAMI (Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso) de São José, Sandra Mara. A mãe admitiu que entregou o filho de maneira espontânea, mas também revelou que estaria sendo pressionada a doar a criança quando ainda estava no período de gestação. Ela, porém, negou que tenha recebido qualquer quantia em dinheiro, o que somente será comprovado com a quebra do sigilo bancário.
Quem vinha pressionando a mãe, há pelo menos dois anos, era Marcelo Valverde, que está preso preventivamente desde a segunda-feira, em São Paulo, juntamente com Roberta Porfírio, ambos acusados de tráfico de pessoas. Foi por meio de um grupo de WhatsApp que Marcelo conheceu a mãe do bebê e passou a assediá-la para a doação do bebê, que ele dizia ser para ele.
O menino desapareceu no dia 30 de abril, depois que a mãe foi internada em um hospital de Florianópolis. O motivo da internação não foi revelado. Quem registrou o boletim de ocorrência, na delegacia de polícia de São José, foram os avós maternos e tios do menino. A partir daí, a equipe de policiais do Programa SOS Desaparecidos da Polícia Militar de Santa Catarina entrou no caso e passou a rastrear um veículo suspeito de ter tomado a direção de São Paulo levando a criança. Na tarde de segunda-feira (8), Marcelo e Roberta foram abordados pela polícia paulista, no bairro Tatuapé, em São Paulo. Roberta, porém, negou que estivesse com a criança sem o consentimento da mãe e devido a repercussão do caso estaria indo ao Fórum para entregar o menino no momento em que o veículo foi interceptado pela polícia. No momento da prisão, ela apresentou a certidão original de nascimento do menino. A criança ainda encontra-se em São Paulo, em poder do Conselho Tutelar, sem previsão de retorno à Santa Catarina. A prisão temporária de Marcelo e Roberta foi transformada em preventiva pela justiça nesta terça-feira (10).
O Secretário de Segurança Pública, Paulo Cezar Ramos de Oliveira, em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (9), em Florianópolis, disse que a união de esforços e troca de informações entre as corporações foram decisivos para a localização do menino. “Importante ressaltar que, cada vez mais, vamos integrar as agências de inteligência de todas as corporações para combater e evitar o tráfico de pessoas”, enfatizou Paulo Cezar.
O delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, revelou que desde o registro do Boletim de Ocorrência foi instaurado inquérito policial e pedidas as medidas cautelares ao Poder Judiciário, que culminaram com a localização do menino, em São Paulo. Ulisses Gabriel explicou que o retorno do menino à Santa Catarina depende de uma decisão do Poder Judiciário de São Paulo, seguindo legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente. O delegado-geral informou que a PCSC enviará a delegada, psicólogo e policiais militares para dar o apoio psicológico, moral e material para o menino.
A delegada Sandra Mara Pereira, que preside o inquérito, confirmou que um homem e uma mulher pegaram a criança e levaram para São Paulo. Ocorre que em função da repercussão do desaparecimento do menino, essas duas pessoas entraram em contato com o Fórum de São Paulo para tentar entregar a criança. No caminho até o Fórum, o casal foi abordado pela Polícia Militar e, ao confirmar que se tratava do menino desaparecido, a dupla foi presa. A investigação prosseguirá no sentido de apurar a participação de outras pessoas no crime e definir a tipificação penal.
A perita-geral da Polícia Científica de Santa Catarina, Andressa Boer Fronza, destacou a rapidez do trabalho pericial na extração dos dados do celular apreendido. O aparelho foi desbloqueado em apenas uma hora e meia. "Essa agilidade garantiu à Polícia Civil informações e imagens que permitiram avanços significativos e contribuíram de forma determinante para o sucesso das investigações”, afirmou.
O sub-comandante-geral da PM de SC, coronel Alessandro José Machado, salientou que é um momento de muita alegria para o Estado de Santa Catarina pela rápida ação das forças de Segurança. “A integração de trabalho foi o mais importante”, completou o coronel Machado.
A ação por parte da PMSC foi realizada pela equipe militar do SOS Desaparecidos, com apoio da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O sub-comandante disse na coletiva que o menino foi localizado após trabalho das forças policiais de Santa Catarina e de São Paulo, além das Polícias Civis de Santa Catarina e de São Paulo. Os trâmites da apuração continuam sendo realizados em conjunto com o Judiciário e o Ministério Público.
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