No entanto, o cenário ainda é de muitas incertezas


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FOTO DIVULGAÇÃO PMG

Da euforia dos primeiros vacinados à preocupação com a lentidão no fornecimento das vacinas, Santa Catarina completa um mês da Campanha Nacional de Imunização. Problemas como baixo número de imunizantes, levou as autoridades da saúde no Estado a reverem as projeções. Na última delas, a Secretaria de Estado da Saúde, com base no Plano Nacional de Imunização, acredita que 40% da população - algo em torno de 2,8 milhões de pessoas, vai estar vacinada até o final deste ano. Até agora, apenas 59% das doses recebidas pelo Estado já foram aplicadas, ou pouco mais de 176 mil do total de 298 mil unidades recebidas. Entre as doses efetivamente distribuídas às prefeituras, o percentual sobe para 83%. Somente 32 mil catarinenses receberam as duas doses (D1 e D2).

A demora na aplicação provocou alerta na Assembleia Legislativa de SC (Alesc), que convocou o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, para dar explicações, e também no Ministério Público de SC (MPSC), que expediu recomendações especiais aos municípios.

"São compreensíveis as limitações decorrentes da insuficiência de doses disponíveis, o que impossibilita ampliar de forma mais significativa a cobertura vacinal, mas é absolutamente inadmissível que haja demora na aplicação das doses recebidas, que são reconhecidamente poucas", diz o documento do MPSC.

Segundo autoridades do setor, além da falta de doses, somam-se diversos outros problemas. Nesta semana, a Federação Catarinense de Municípios (Fecam) lançou um questionário para as prefeituras indicarem os principais entraves. Segundo o presidente da entidade, Clenilton Pereira (PSDB), um dos problemas é a falta de profissionais qualificados para vacinar, o que poderia ser minimizado com ajuda mútua entre as prefeituras.

Para o presidente do Conselho de Secretariais Municipais de Saúde de SC (Cosems/SC), Manuel Del Olmo, o problema da falta de profissionais tem um agravante. Pequenas cidades não teriam condições de pagar por tantas horas extras aos técnicos que estão em atuação, o que dificulta a ampliação do atendimento. Essas cidades, diz, receberam menos recursos do governo federal porque não tem hospital próprio.

"Para muitos municípios, tem sido uma sobrecarga. Quando se fala de problema de mão de obra é isso: falta de gente capacitada, falta de condições financeiras para bancar, programas de horas extras, noite adentro", diz. "Há muito mais problemas do que simplesmente sair vacinando gente a torto e a direito. Se houvesse muita dose à disposição, haveria uma velocidade muito maior [...] Esse problema de ter que escolher quem vacinar deixa a coisa morosa", acrescenta.

Troca de gestores

Outro problema apontado é a troca de gestores com as eleições de 2020. Segundo Del Olmo, as novas equipes "estão muito dispostas", mas a substituição de secretários e técnicos devido à troca de prefeitos prejudicou o planejamento. A falta de comunicação é mais um entrave: algumas cidades reservaram a segunda dose da Coronavac para aplicação futura, mas o Estado já havia feito essa reserva.

O superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Eduardo Macário, vai na mesma linha. Segundo ele, o baixo número de doses disponíveis faz com que o processo seja mais lento. "A gente não consegue fazer um dia D de vacinação. Em outros momentos, o Estado vacinaria 300, 400 mil pessoas em um único dia", afirmou.

Além disso, acrescenta, alguns municípios não conseguiram encontrar toda a população indígena prevista como prioritária nas terras indígenas. Ele atribui a dificuldade à própria cultura dos povos, mas diz que as equipes estão em trânsito para aplicação de todas as doses destinadas a esse público.

"É uma população muito circulante. Principalmente durante o verão ela sai das suas aldeias, das áreas indígenas e vão principalmente para o litoral para comercialização de artesanato. É uma característica própria dessa população. Então as equipes de vacinação chegavam e tinha uma população de 500, por exemplo, mas só encontrava 200, porque as demais estavam em trânsito", explica.

Outro problema é o controle. Com a suspeita de fura-filas na vacinação, o MPSC exigiu que as prefeituras coletassem os dados dos vacinados, como nome, endereço, documentos oficiais, o que é apontado como mais um motivo para o atraso. Além disso, o receio de errar a ordem de prioridade é mais um fator de desaceleração.

Apesar disso, o Estado espera imunizar cerca de 2,8 milhões de pessoas até o final de 2021. Isso seria suficiente para cobrir todo o novo grupo prioritário, desde profissionais de saúde até caminhoneiros e professores, passando por pessoas com comorbidades, presos, pessoas em situação de rua e idosos acima de 60 anos.

Uma nova remessa de doses da Coronavac está prevista para a próxima semana.

Grupos priorirários

Pessoas com 60 anos ou mais institucionalizadas- 6.259

Pessoas com deficiência institucionalizadas- 263

Povos indígenas vivendo em terras indígenas - 6.752

Trabalhadores de saúde - 166.407

Pessoas de 90 anos ou mais - 126.324

Pessoas de 80 a 89 anos - 117.487

Pessoas de 75 a 79 anos - 124.172

Povos e comunidades tradicionais quilombolas - 8.791

Pessoas de 70 a 74 anos - 194.547

Pessoas de 65 a 69 anos - 274.850

Pessoas de 60 a 64 anos - 353.631

Comorbidades - 636.478

Pessoas com deficiência permanente grave - 242.025

Pessoas em situação de rua - 1.294

População privada de liberdade - 23.464

Funcionários do sistema de privação de liberdade - 4.276

Trabalhadores da educação do ensino básico (creche, pré-escolas, ensino fundamental, ensino médio, profissionalizantes e EJA) - 113.232

Trabalhadores da educação do ensino superior - 31.956

Forças de segurança e salvamento - 13.313

Forças armadas - 6.574

Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros - 17.961

Trabalhadores de transporte metroviário e ferroviário - 477

Trabalhadores de transporte aéreo - 304

Trabalhadores de transporte aquaviário - 301

Caminhoneiros - 115.000

Trabalhadores portuários - 6.044

Trabalhadores industriais - 306.