Em todo o Estado, 274 bombeiros militares já possuem o treinamento de FTs
Bombeiros recebem diversos tipos de treinamentos para poder atuarem em situações extremas / FOTO Divulgação / CMBSC
Uma espécie de força de elite é formada por 274 bombeiros militares em Santa Catarina. As Forças-Tarefas (FTs) são equipes multidisciplinares com a missão de atender em casos de situação extrema, como por exemplo desastres naturais ou calamidades públicas. Em todo o estado, são 14 equipes subordinadas ao Subcomando Geral, responsável pela parte operacional da corporação. As FTs não atuam apenas dentro do estado. Elas podem ser chamadas para missões em todo o território nacional, como ocorreu recentemente em Brumadinho-MG, depois do rompimento da barragem da Vale.
Para lá se deslocaram equipes especialistas, entre elas uma de Blumenau onde estava o sargento Fabiano Jovinski, na época lotado no quartel de Gaspar. Com mais de 20 anos de serviços prestados ao Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, Jovinski deixou a Força-Tarefa 03 no final do ano passado.
Para integrar uma das Forças-Tarefas, os bombeiros se colocam à disposição do Comandante do Batalhão ao qual pertencem e quando aceitos começam a ser capacitados, com cursos específicos. Foi o que fez o soldado Sérgio Henrique Egger, atual representante do pelotão de Gaspar na Força-Tarefa 03. Ele é praticamente um novato na corporação já que atua oficialmente como bombeiro militar desde novembro de 2018. Em janeiro, o seu pedido para ingressar na Força-Tarefa foi aceito e ele iniciou os treinamentos, juntamente com o soldado Mormano, o seu reserva imediato. Segundo Egger, todo o mês tem um treinamento, alguns bem "puxados" já que o tipo de missão que o bombeiro é submetido tem um grau de dificuldade bem maior do que a rotina do dia a dia. Os treinamentos, segundo ele, tem lhe dado muita experiência e preparo para quando precisar enfrentar uma situação real extrema.
O subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, coronel Ricardo José Steil, explica que as FTs foram criadas a partir do desastre natural do Morro do Baú, em 2008. "Este evento nos mostrou a necessidade de especialização dos nossos bombeiros. O CBMSC desenvolveu técnicas e ferramentas para atuação neste tipo de atividade. Muitas corporações nos solicitam treinamentos, ou enviam profissionais para capacitação com a nossa instituição", revela
"Essas FTs foram criadas a partir do desastre natural do Morro do Baú, que aconteceu em 2008 e nos mostrou a necessidade de especialização dos nossos bombeiros militares, nestes fenômenos climáticos. O CBMSC desenvolveu técnicas e ferramentas para atuação neste tipo de atividade. Muitas corporações nos solicitam treinamentos, ou enviam profissionais, para capacitação com a nossa instituição", explica o subcomandante-geral, coronel Ricardo José Steil.
As FTs são estruturadas com oito profissionais para cada atuação, com viaturas tracionadas, embarcações e ferramentas específicas para atuação nas mais diversas situações. Além disso, os grupos também possuem caminhões de ajuda humanitária, trabalho também feito pelos Bombeiros de SC.
Embora sejam oito profissionais por equipe, os batalhões podem ter mais bombeiros capacitados, como no 5º Batalhão, em Lages, que possui 36 bombeiros militares capacitados para desempenho nas FTs. Destes profissionais, 11 têm o curso de Busca e Resgate em Inundações e Enxurradas.
Na próxima semana, o Centro de Referência em Desastres Urbanos, em Xanxerê, recebe mais uma turma do Curso de Intervenção em Áreas Deslizadas, preparando mais profissionais das FTs para atuação nessa área.
Forças-Tarefas são referência em atendimento em situações extremas em SC / FOTO: Divulgação / CMBSC
Autonomia
As FTs são autossuficientes. Possuem equipamentos, alimentação, alojamento e recursos próprios, permitindo que a logística e o deslocamento sejam mais rápidos, quando uma equipe é acionada. Cada FT possui um comandante e um subcomandante, que obrigatoriamente são oficiais militares e responsáveis pelo gerenciamento da equipe.
"As nossas equipes são uma referência nacional para atendimentos em casos extremos, já que Santa Catarina tem uma característica climática que exige treinamento diferenciado. Outras corporações acionam as nossas FTs por saberem dessa capacidade catarinense, como foi o caso mais recente de Brumadinho, em que ficamos por mais de 50 dias", conta o comandante-geral do CBMSC, coronel Charles Alexandre Vieira.
Além da estrutura própria, as FTs são combinadas com outras áreas da corporação, garantindo que a atuação seja completa. Geralmente a parceria acontece com as áreas de Cinotecnia, os chamados binômios - dupla entre bombeiro militar e cão de busca; com as aeronaves do Batalhão de Operações Aéreas; e também com a área de aeronaves não tripuladas, os drones.
O chamado
As FTs são chamadas quando a capacidade de atendimento de um local é atingida. Também é comum que a Força-Tarefa de uma região se desloque para outra, caso exista a necessidade de reforço. "Embora quando se fale em situações extremas as pessoas logo pensem em chuvas e deslizamento de terra, as FTs também atuam em situações de salvamento em altura, incêndios florestais, ou de grandes proporções, desabamento de estruturas, como prédios, entre outras situações. As Forças-Tarefa são um grande reforço da corporação", complementa o subcomandante.
Para que as respostas sejam rápidas e se tenha mais precisão nas ocorrências, o CBMSC mantém uma rotina de treinamentos, simulando situações reais. Com isso, além de garantir o ritmo das equipes, traz a possibilidade de avaliação dos profissionais e métodos, verificando os pontos que podem ser aprimorados. Assim, o Subcomando Geral tem controle de quais são as equipes ideais para serem empregadas em cada situação. Isso tudo garante que possa ser treinado também o trabalho em equipe, a parte de logística e o comando das operações, fazendo com que todos estejam sempre prontos para atuar.
As equipes passam por simulados / FOTO: Divulgação / CMBSC
O último exercício simulado, envolvendo todas as FTs, foi realizado nos dias 17 e 18 de junho, em Criciúma e foi voltado para o treinamento de intervenção em áreas deslizadas. Para as equipes, o teste começou desde a saída das cidades de origem, a chamada mobilização, passando pela ação, que durou a madrugada toda, até o retorno, o chamado desmobilização. Tudo isso faz parte da avaliação.
Foi montada uma estrutura completa, de deslizamento de terra, criando um cenário de uma noite de chuva. Ainda foi estruturado o sistema de comando de operações (SCO) e também funcionou o Autoposto de Comando (APC), que é uma unidade móvel e permite o acompanhamento da operação e gerenciamento da situação com a tecnologia necessária.
Deixe seu comentário