Fala do promotor Bruno Vieira, responsável pela acusação, arrancou choro dos presentes no Tribunal
A emoção e as lágrimas tomaram conta do Tribunal do Júri, que nesta manhã retomou o julgamento do acusado de um dos crimes mais bárbaros cometidos em Santa Catarina neste século. O réu está sendo julgado pela morte de três crianças e duas professoras na creche Aquarela, localizada na cidade de Saudades, no Oeste do Estado, além de 14 tentativas de homicídio. O julgamento iniciou na manhã de quarta-feira, na Comarca de Pinhalzinho, e pode se estender até amanhã, sexta-feira (10).
O promotor de justiça, Bruno Poerschke Vieira, arrancou choro dos familiares, amigos e demais presentes ao expor seus argumentos pela condenação do acusado. Servidores, policiais, socorristas e outros envolvidos profissionalmente no julgamento também não conseguiram conter as lágrimas. O réu exerceu o direito jurídico de não estar em plenário durante a fala da acusação.
Vieira apresentou relatório gerado a partir do que foi encontrado no computador do réu. São 98 páginas detalhando as pesquisas que ele realizou antes de cometer os crimes. As buscas eram sobre fabricação de bombas, acusados de ataques em escolas, compra de arma de fogo e assuntos que demonstravam ódio por crianças e mulheres. Houve o relato do crime e dos ferimentos causados. A apresentação foi encerrada com um emocionante vídeo feito com fotos das vítimas fatais reluzindo felicidade em suas curtas vidas. “Quando a esposa perde o marido, ela se torna viúva. Quando alguém perde o pai ou a mãe, se torna órfão. Mas quando se perde um filho, ficam apenas saudades”, disse o promotor, fazendo referência ao município onde aconteceu o crime.
De acordo com a acusação, a dificuldade de adquirir arma de fogo fez o réu mudar o alvo dois meses antes do crime. O acusado entrou na escola com um livro para disfarçar a intenção. Os quatro promotores que trabalham no caso fizeram questão de participar do julgamento, embora apenas Vieira faça uso da palavra, já que é o titular do caso. “A denúncia apontou cinco homicídios consumados e 14 tentativas considerando apenas as pessoas que tiveram real risco de morte, como as professoras que seguraram a porta para impedir a entrada do acusado”, explicou o promotor.
A sessão foi suspensa para o almoço pouco antes das 13h, assim que o advogado de defesa encerrou sua apresentação acompanhado, então, pelo acusado. Ele manteve o argumento de que o réu foi manipulado por amigos da internet e tem doenças psiquiátricas. A sessão é presidida pelo juiz da Vara Única da comarca de Pinhalzinho, Caio Lemgruber Taborda.
O agressor foi denunciado por 19 crimes de homicídio entre consumados e tentados. Na manhã do dia 4 de maio de 2021, ele entrou na creche Aquarela, no município de Saudades e, com uma adaga - espécie de espada -, golpeou fatalmente duas indefesas professoras e três bebês. Outra criança, também com menos de dois anos, foi socorrida a tempo de se recuperar. O processo tramita em segredo de justiça na comarca de Pinhalzinho, por isso o nome do réu não pode ser divulgado.
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