De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), apenas 4% do lixo produzido no país é reciclado

Essa situação é comum para muitas pessoas: você vai ao mercado, compra alguns itens que estão faltando em casa, como, por exemplo, creme dental, iogurte, frutas, sabão em pó, queijo, presunto e pão. No caixa do supermercado, os produtos são colocados dentro de duas ou três sacolas plásticas. Quando chega em casa, você guarda as mercadorias que comprou. Muitas pessoas tiram o ceme dental da caixinha para ocupar menos espaço. As frutas são tiradas do plástico, lavadas e guardadas na fruteira ou na geladeira. O sabão em pó é colocado em refratário próprio. O queijo e o presunto são tirados das embalagens e acondicionados em potes próprios para geladeira. O pão você coloca no cesto em cima da mesa ou da bancada da cozinha e o iogurte você tomou enquanto fazia todo esse trabalho.
Apenas nesse processo simples e comum a todo mundo, ao menos sete embalagens foram parar no lixo. E, mesmo que não seja o costume tirar todos os produtos das embalagens originais ao chegar do mercado, essas embalagens plásticas e de papel se tornarão lixo em algum momento.
Mas, o que tudo isso quer dizer? De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), durante o ano de 2022, o Brasil produziu 81,8 milhões de toneladas de lixo, o que corresponde a 224 mil toneladas diárias. Isso significa dizer que cada brasileiro produziu mais de um quilo de resíduos por dia e 381 kg de lixo por ano.
Entre as regiões que mais produzem lixo, o a região Sudeste aparece em primeiro lugar, produzindo 49,7% de todo o lixo do país e a região Nordeste, com 24,7% na segunda posição. O Sul aparece em terceiro lugar, com 10,6%. Empatados em último lugar estão o Norte e o Centro-Oeste, sendo que cada um produz 7,5% de todo o lixo do Brasil. O elevado volume de lixo é preocupante frente ao baixíssimo número de lixo que é reciclado no Brasil, apenas 4%, segundo a Abrelpe.
No Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2022, a Associação afirma que em 2021, o número de municípios brasileiros que apresentaram alguma iniciativa de coleta seletiva foi de 4.183, representando 75,1% do total de municípios. Porém o documento salienta que em muitos municípios, as atividades de coleta seletiva ainda não abrangem a totalidade da população, configurando-se em iniciativas pontuais. As regiões Sul e Sudeste são as que apresentam os maiores percentuais de cidades com algum tipo de iniciativa de coleta seletiva. Na região Sul, por exemplo, 91,4% dos municípios têm iniciativas de reciclagem.
Para onde vai o lixo?
No Brasil, a maior parte dos resíduos sólidos urbanos coletados, 61%, continua sendo enca-minhada para aterros sanitários, com 46,4 milhões de toneladas enviadas para destinação am-bientalmente adequada em 2022. Por outro lado, áreas de disposição inadequada, incluindo lixões e aterros controlados, ainda seguem em operação em todas as regiões do país e receberam 39% do total de resíduos coletados, alcançando um total de 29,7 milhões de toneladas com destinação inadequada.
Em 2022, de acordo com a Abrelpe, o país registrou um total de 76,1 milhões de toneladas de lixo coletados, levando a uma cobertura de coleta de 93%, ou seja, dos 381kg de lixo que uma pessoa produz por dia, 354 kg foram coletados.

Gaspar faz reciclagem

Em Gaspar, boa parte do lixo produzido no município é reciclado. Esse material é entregue a uma empresa especializada em destinação de resíduos que faz, entre outras coisas, o reaproveitamento dos materiais.
Porém, o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), responsável pela coleta de lixo no município, pede que a população tenha mais atenção em relação ao armazenamento do lixo reciclado.
O diretor-presidente da autarquia, Cleverton Batista, explica que a má separação do lixo inviabiliza a coleta seletiva e pode provocar insalubridade no local de trabalho dos coletores. “O poder público disponibiliza a coleta seletiva para a cidade e, esperamos que a comunidade faça a sua parte. A coleta procura diminuir o impacto ambiental, o que vai reverter em bem estar futuramente, já que esse material deixa de ser enterrado”, afirma.
Para o recolhimento, realizado semanalmente, é necessário que a comunidade armazene os resíduos reciclados em sacos plásticos de até 100 litros fechados, e dispostos em local apropriado para a coleta, evitando que se espalhem em via pública. A medida é necessária para auxiliar os coletores de residuais, que fazem o trabalho manualmente.
Para a separação correta, a população deve colocar em um saco de lixo todo o material reciclável seco, como papel, vidro, plástico e metal. Profissionais relatam que rotineiramente os lixos reciclados estão fora de sacos plásticos e, dessa forma, a coleta não é realizada, uma vez que os caminhões são do tipo baú. É importante também não exceder o limite de peso da sacola, para facilitar o manuseio e evitar que ela arrebente.
A autarquia também pede que as pessoas coloquem o reciclado na rua apenas nos dias de coleta do material. Para saber o dia em que a coleta convencional e a coleta seletiva pas-sam pela sua residência, basta acessar o site do Samae, em www.samaegaspar.com.br. Lá há uma lista com os dias e períodos em que o caminhão do lixo passa por cada bairro da cidade.
Além da coleta seletiva, o município tem outras iniciativas que tentam diminuir os impactos ambientais do lixo na cidade, como o recolhimento de óleo de cozinha. Apenas em 2022, mais de 96 mil litros de óleo de cozinha foram recolhidos pela autarquia.
Outro projeto em prol da conscientização da população, sobre a importância da separação e descarte adequado de resíduos é a Coleta de Pilha e Baterias também executado no ano passado. Os materiais são recolhidos pelo Samae e encaminhados para uma empresa que faz a destinação final das peças de forma totalmente sustentável. São seis pontos de coletas espalhados pelo município.
O Samae também segue com a construção do Ecoponto, uma estrutura localizada no bairro Santa Terezinha, anexo à Secretaria de Obras, onde a população poderá fazer o descarte de resíduos sólidos que não são recolhidos semanalmente nas coletas orgânicas. Objetos como móveis, pilhas, eletrônicos, lâmpadas, pneus e óleos.
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