Piloto de outra aeronave revela ter escutado diálogo entre a torre e o piloto da Lamia
Falta de combustível. Essa pode ser a causa mais provável da queda do avião que matou 71 pessoas, entre elas 19 jogadores da Chapecoense, na madrugada de terça-feira (29). Segundo informações da agência RCN, um diálogo dramático entre o piloto da aeronave, Ovar Gytia, e a torre de controle aéreo do aeroporto José Maria Córdova, em Medellin, pouco antes do desastre, reforça a tese de que o avião estava no limite de combustível. Segundo o piloto de outra aeronave, da Avianca, que voava próximo, o piloto da Lamia teria pedido prioridade para aterrisar, pois teria problema de combustível. A torre respondeu: - Temos um problema. Um avião está aterrissando de emergência. Procedente de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, o piloto repetiu: - Temos problemas de combustível! De acordo com o depoimento do tripulante da Avianca, foi possível avistar as luzes do avião que levava a delegação da Chapecoense, que começava a baixar. O piloto da Lamia declarou estado de emergência, usando o código internacional para descrever situações de extremo perigo: - Mayday! Mayday! Em seguida, ele teria reportado uma pane elétrica na aeronave: - Agora temos falha elétrica total, temos falha elétrica total. Orientações para proceder à pista! - respondeu o piloto da Lamia. - Ajuda! - gritou ele já em estado de desespero.
A tese da falta de combustível ganha ainda mais força porque ao tocar o solo o avião não explodiu, o que seria o mais provável se o tanque estivesse cheio. Além disso, o modelo do avião que levava os 68 passageiros e nove tripulantes é um BA/AVRO RJ-85, que, segundo especialistas, tem autonomia de voo para 3 mil quilômetros, ou seja, quase a distância entre Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, de onde partiu o voo, e Medellin, na Colômbia, destino final. Ou seja, ao optar por um voo sem escala para reabastecimento, o piloto da Lamia assumiu um grande risco.
Corpos
Enquanto as autoridades aéreas da Colômbia tentam desvendar a causa ou causas da queda do avião que levava a delegação da Chapecoense, jornalistas e convidados, a diretoria do clube, médicos e autoridades diplomáticas brasileiras tentam a liberação dos corpos. A identificação começou na manhã desta quarta-feira (30). De acordo com o diretor do IML colombiano, Carlos Eduardo Valdés, em entrevista ao site UOL, 12 equipes trabalham no processo.
A ida de parentes dos familiares para Medellin, em voo da FAB - Força Aérea Brasileira, que estava previsto para acontecer no início da tarde desta quarta-feira (30) foi cancelada. De acordo com o diretor da CBF, Walter Feldmann, em entrevista à Rádio Gaúcha, não existe essa necessidade já que não houve mutilação dos corpos em função do avião não ter explodido. Assim, a identificação fica facilitada.
Em Medellin, o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon e médicos chegaram no início da noite de terça-feira para ajudar na identificação dos corpos. O prefeito disse que todos os passaportes dos jogadores foram preservados e resgatados pelos bombeiros. O fato está ajudando para que o processo de identificação ocorra mais rápido que o normal. O governo da Colômbia também tenta acelerar o processo. Segundo Buligon, a princípio os corpos das vítimas brasileiras do acidente devem começar a ser liberados no final da tarde de quinta-feira ou no mais tardar na manhã de sexta-feira. Ele, no entanto, disse que o trabalho está mais rápido que o esperado, podendo a liberação ocorrer até antes deste prazo. Um avião da FAB de grande porte está de prontidão no aeroporto de Manaus-AM, aguardando ordem para partir em direção a Medellin. Em Chapecó, a direção do clube sugere uma grande homenagem às vítimas da tragédia. Inicialmente está previsto um velório coletivo no campo da Arena Condá, em seguida os corpos serão liberados para que os familiares possam realizar o sepultamento nas cidades de origem das vítimas.No entanto, o velório coletivo somente ocorrerá se assim for o desejo dos familiares.
Na noite desta quarta-feira, mais precisamente no horário em que Atlético Nacional e Chapecoense estariam entrando em campo para a disputa do primeiro jogo da grande final da Copa Sul-Americana, homenagens vão acontecer nos dois estádios, o do Nacional, em Medellin, e na Arena Condá, em Chapecó. Uma celebração religiosa está prevista, além de outras homenagens.
Mortos
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