Antes do retorno, a Prefeitura d capital prestou assistência social e contatou as famílias dessas pessoas
Nos últimos 12 meses, Florianópolis recolheu e destinou mais de 670 passagens de retorno para pessoas que estavam em situação de rua na cidade. Antes de embarcarem para a viagem de retorno, a Prefeitura deu assistência a essas pessoas e contatou a família ou serviço social da cidade de origem. A abordagem é individual e depende da pessoa aceitar ou não. Esse cuidado da Prefeitura da Capital é para evitar situações, como ocorrido em Balneário Camboriú no ano passado, quando Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) denunciou que moradores de rua estavam sendo forçados a retornarem para a cidade de origem, inclusive com uso de algemas, para "acolhimento" e avaliação no período noturno/madrugada na chamada "Clínica Social".
A Maria, com seu filho ainda bebê, é uma das 100 pessoas, apenas em 2024, que Florianópolis reintegrou a sua cidade natal. Ela veio de Porto Alegre depois de uma discussão familiar e estava vivendo nas ruas. Há algumas semanas, depois de abordada por equipes de assistência social, mãe e filho foram para um hotel da prefeitura até serem convencidos a retornar. Eles embarcaram em um ônibus, na última quinta-feira (15), acompanhados pelo prefeito Topázio Neto.

"Muita gente acha que estamos enxugando gelo, porque a medida que reintegramos essas pessoas de volta, chegam novas. Mas, na verdade, estamos evitando um Iceberg. Imaginem se não tivéssemos feito essas mais de 670 reintegrações", destacou o prefeito Topázio Neto. Ele deixa claro que o trabalho não é "desovar" pessoas de volta, mas fazer um contato para um acolhimento no destino: "sempre que mandamos alguém de volta, é por sua vontade própria, e terá um serviço lhe esperando no destino. Para que não se torne um ciclo interminável".
SC tem um morador de rua para cada mil habitantes
Florianópolis não é a única cidade catarinense que vê o número de moradores de rua aumentar significativamente. Segundo dados do CadÚnico, até abril de 2023, mais de 8.200 pessoas viviam nas ruas das cidades catarinenses, 90% eram homens e apenas 10% mulheres. Ainda segundo o cadastro, 93% têm idade entre 18 e 59 anos. Outro dado importante é que 43% dos moradores de rua não conseguiu sequer completar o Ensino Fundamental.
Ampliando estes números para o Brasil, o número de moradores de rua chega a 209.527, mas segundo a gerente de Políticas para Igualdade Racial e Imigrantes da SAS, Regina Suenes, em seminário realizado em Florianópolis no ano passado, o número pode ser ainda maior já que um dos desafios é garantir que elas sejam cadastradas no CadÚnico. “Hoje nem todos os municípios possuem uma estrutura para atendimento dessas pessoas, como por exemplo, os Centro Pop. Em muitas cidades é um grande desafio também pela falta de profissionais para fazer o cadastro desse público”, disse
Regina ainda chamou a atenção para o fato de que muitas cidades catarinenses não promovem ações efetivas para os moradores em situação de rua e, em alguns casos, o recurso das prefeituras para utilização com esse público acaba não sendo usado.
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