Celebração religiosa na Igreja Matriz São Pedro marcou mais um aniversário do Coro Misto Santa Cecília

O Coro Misto Santa Cecília celebrou 124 anos de fundação na noite desta terça-feira (22), Dia de Santa Cecília, em missa realizada na Igreja Matriz São Pedro Apóstolo. O Coro é uma das instituições de canto mais antigas em atividade no Brasil. Foi criado em 1898, por iniciativa do Frei Pedro Sinzig, sacerdote franciscano e célebre músico alemão, autor de inúmeras obras sacras. Frei Pedro esteve à frente da Paróquia São Pedro Apóstolo de 1898 a fevereiro de 1901. A ideia era multiplicar o canto litúrgico na região.
Em 1920 chegou a Gaspar o músico Luiz Franzói, que assumiu a regência do Coro. Foram 35 anos dedicados à instituição. Franzoi faleceu em 1955, sendo substituído por Ildefonso Koser e Egon Bohn.
Em 1958, Egon assumiu a regência, permanecendo até a sua morte em 1988. Neste período, o Coro Santa Cecília passou a cantar um vasto repertório, visitando diversos períodos da história da música em múltiplos idiomas.
O Coro jamais perdeu seu encanto e vínculo com a música voltada para o ritual religioso, porém ampliou bastante o seu leque sonoro, visitando outras culturas por meio do canto coral. O legado de Egon foi herdado por sua filha, Celine Bohn Gaertner, que assumiu o coro, permanecendo na regência até até 2002. Ela foi substituída por Dayro Bornhausen, que ampliou ainda mais o repertório, revisitando a cena dos musicais americanos, além de realizar a gravação do primeiro CD, em 2016, com canções tradicionais de Natal. Entre 2012 e 2013, o Coro esteve sob a regência de Louise Clemente, que focou no repertório da MPB, mas sempre mantendo o sacro. Em 2014, Dayro retornou para a regência.
O atual presidente do Coro Santa Cecília é André Bohn e o vice-presidente Felipe Bohn Santos. Felipe é filho de Cecília Bohn Santos, que se dedicou à instituição por 62 anos. Hoje, aos 84 anos, Cecília precisou se afastar. Mesmo assim, quando pode comparece às apresentações. Felipe seguiu os passos da família e participa do Coro há 41 anos.
Ele se diz um apaixonado por música e pelo Coro. O coralista conta que a pandemia afastou alguns componentes, que acabaram não retornando. Hoje são cerca de 20 integrantes. As apresentações também diminuíram bastante na pandemia. “Neste ano, nos apresentamos somente em Indaial, mas o Coro já esteve em várias cidades: Itajaí, Florianópolis, Curitiba, São Paulo e até na Argentina”, cita. O vice-presidente conta que o Coro está prestes a lançar um livro, contando a trajetória de mais de 100 anos. A obra está sendo escrita por Celine Bohn Gaertner e o filho Leandro, porém, faltam recursos para finalizar o projeto. O Coro, admite Felipe, vive de doações e dos recursos cobrados para apresentações em eventos particulares como casamentos e bodas de ouro. Recentemente a instituição recebeu recursos por meio de um projeto de incentivo à cultura, conseguindo dessa forma reformar o telhado da sede, que fica anexo ao Salão Cristo Rei. 

Patrimônio
Em 25 de março de 2019 a Prefeitura de Gaspar declarou o Coro “Patrimônio Imaterial”, o que tornou a instituição uma das representantes cidade da memória e da cultura gasparense.


TRADIÇÃO FAMILIAR

A família Bohn carrega no DNA a vocação para a música. Felipe conta que existe uma tradição na qual todo o membro ao completar 11 anos entra para o Coro. Foi assim com ele. Os mais antigos membros do Coro são Claudete Bohn, viúva do maestro e regente Egon Bohn, que há 68 anos participa das atividades; Daisy Bohn tem 64 anos de atuação no Coro, Maria Antônia Schmitz e Cibele Bohn, ambas com 42 anos, e Tereza Zimmermann com 41 anos de Coro. Felipe admite que o Coro precisa de mais integrantes de ambos os sexos. “A pessoa só precisa ter vontade, disposição de assumir o compromisso e se dedicar”, reforça. Os ensaios ocorrem todas as terças-feiras, a partir das 19 horas, na sede que fica anexo ao Salão Cristo Rei.