Fita verde com girassóis serve para identificar pessoas com deficiência oculta

Você pode estar sentado ao lado de uma pessoa e não perceber que ela possui uma deficiência. Muitas vezes, a situação permanece embaraçosa até que você perceba que a pessoa sofre de algum problema, que pode ser físico ou cognitivo. Chama-se a isso de deficiência oculta. Na sessão legislativa do último dia 13, a Câmara Municipal de Gaspar abriu espaço, na Tribuna Livre (um direito de todo o cidadão), para que a pedagoga e terapeuta ocupacional, Ana Paula Ghilardi Junkes Ehrhardt, levasse um pouco mais de informação sobre o “cordão de girassol”, assim denominada a fita de identificação de pessoas que possuem alguma deficiência imperceptível. Ana Paula compartilhou a sua própria história de 26 anos quando, ainda muito jovem, teve o quadril deslocado por um tombo e desenvolveu artrose. Desde então, ela sofre com dores, tratamentos, limitações e preconceitos.
A terapeuta e pedagogana explica que a identificação por meio do cordão de girassol pode auxiliar, já que a deficiência não é visível, para que as pessoas tenham seus direitos respeitados e possam ter preferência nos atendimentos, por exemplo, nas filas de banco, supermercados e etc. “Sinais visíveis são necessários, porque há pessoas que realmente necessitam, principalmente quando chegam numa fila preferencial e não se pode saber o que elas têm”, citou Ana Paula.
Aos vereadores e demais presentes à sessão legislativa, ela contou onde e como surgiu o cordão de girassol e ressaltou ainda que é bastante comum o uso do acessório em aeroportos pela pessoa com deficiência oculta.
O cordão de girassol é uma faixa estreita de tecido verde com desenhos de girassóis. Foi criado há aproximadamente sete anos, em Londres, na Inglaterra. O símbolo serve para identificar uma pessoa com deficiência não visível ou doença rara e para sinalizar a preferência de atendimento e suporte diferenciado.
Doenças ou transtornos ocultos são de maior dificuldade de reconhecimento à primeira vista porque a pessoa não apresenta deficiência aparente. Alguns exemplos desses transtornos são a surdez, autismo, TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), transtornos ligados à demência, Doença de Crohn, colite ulcerosa, fobias extremas entre outras.
Vários países e alguns municípios brasileiros já adotam o símbolo. Em Gaspar, um projeto de lei de autoria dos vereadores Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos e José Hilário Melato, ambos do PP, tramita na Câmara Municipal para instituir o uso do acessório como instrumento auxiliar de orientação para identificação de pessoas com deficiência oculta no município.
Todavia, o Congresso Nacional acaba de instituir a fita com desenhos de girassóis como símbolo nacional. Na última quinta-feira, dia 15, o Senado Federal aprovou o projeto de lei (5.486/2020), de autoria do deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM), que agora segue para sanção presidencial.
Na justificativa do projeto, o parlamentar argumenta que pessoas com deficiências ocultas são hostilizadas quando procuram exercer direitos, como o atendimento prioritário. Ainda segundo Capitão Alberto, essas pessoas podem ficar desassistidas em situações de emergência.
Segundo o PL 5.486/2020, o uso do símbolo será opcional, e o exercício dos direitos da pessoa com deficiência não estará condicionado ao acessório. Da mesma forma, o cordão de girassol não substitui a apresentação de documento comprobatório de deficiência quando solicitado.
O senador Flávio Arns, relator do PL na Comissão de Direitos Humanos, apresentou uma emenda de redação para esclarecer que a solicitação de documento comprobatório pode ser feita por atendentes ou autoridades competentes. “O cordão de girassol previne mal-entendidos, dando mais tranquilidade e segurança aos usuários e aos atendentes”, acentua o parlamentar.



 Sinais visíveis são necessários, porque há pessoas que realmente necessitam, principalmente quando chegam numa fila preferencial e não se pode saber o que elas têm”,

Ana Paula Ghilardi Junkes Ehrhardt
pedagoga e terapeuta.