Junior Hostins criticou situações em que um professor da educação especial atende a duas turmas.
Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Gaspar desta terça-feira, dia 20, o vereador Francisco Hostins Junior (MDB) usou a tribuna para falar de um assunto importante, que já causou transtornos ao município em 2023: a falta de professores na rede municipal de ensino de Gaspar, em especial professores da educação especial.
O vereador informou que está sendo procurado por diversos pais e servidores da educação para relatar o problema. “Os relatos são que um número expressivo de crianças com deficiência e também com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e com outros transtornos, estão sendo desassistidas pela falta de profissionais e de auxiliares de educação. Nós temos como exemplos salas com cinco, seis crianças com laudo e apenas um profissional e ainda essa profissional, que deveria atender em período integral em uma sala de aula, acaba tendo que se dividir em duas salas em educandários aqui da cidade, o que deixa, por algum período, essas crianças desassistidas”. Para o vereador, já é pouco uma profissional para cinco ou seis crianças com TEA ou outro déficit, seja físico ou intelectual, e também não dá para dizer que de manhã precisa e de tarde não. “As crianças precisam ter esse acompanhamento em período integral”, defende o vereador.
Hotins ainda mencionou outros relatos que recebeu durante a semana. “Algumas das situações que chegaram para nós: CDIs com apenas uma professora de educação especial fazendo atendimento para todos os alunos com laudos, CDI com mais de 25 crianças com laudos e apenas três profissionais se dividindo entre as crianças, três auxiliares com seis salas de aulas ou até mais, falta de formação também foi uma questão solicitada para unificar as condutas de trabalho nos educandários, não há atendimento adequado com a estimulação dos alunos e a gente sabe o quanto é importante desde a tenra idade, principalmente nos CDIs, para que a questão cognitiva das crianças se desenvolvam”, assinalou Hostins. Ele ainda lembrou que um professor da educação especial pode atender, no máximo, três alunos.
Além disso, durante sua fala na tribuna, o vereador destacou uma situação que classificou como incrédula. “Um relato que me deixa muito estarrecido, eu quero acreditar que isso não esteja acontecendo, mas há relatos de que a orientação da secretaria de Educação é para que os alunos que tenham laudo sejam colocados na mesma sala para que apenas um profissional consiga atender todas as crianças”, denunciou o parlamentar.
Providência
Visando uma forma de solucionar o problema, o vereador informou que está fazendo um requerimento solicitando à secretaria de Educação informações sobre o número de profissionais e alunos no ano letivo de 2024.
O que diz a secretaria de Educação de Gaspar?
A reportagem do Jornal Metas entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura de Gaspar pedindo um posicionamento sobre a situação, bem como dados sobre o números de professores na rede municipal, número de professores da educação especial e número de estudantes com laudos que necessitam de auxiliares, mas até o fechamento desta edição não recebeu retorno.
No início do ano letivo, o Jornal ouviu o secretário de Educação do município, Emerson Antunes, e uma dos questionamentos ao secretário foi sobre a dificuldade que a pasta teve no ano anterior para preencher as vagas de professores, com várias chamadas e processos seletivos sendo feitos até quase o final do ano.
A resposta do secretário foi a seguinte: “Não se trata de dificuldade de preencher vagas e sim substituição de vagas que abrem. Cada vez que um professor pede demissão e vai para outra rede a gente tem necessidade de chamar um novo, por isso que são feitas várias chamadas públicas. Qualquer empresa na cidade de Gaspar quando um funcionário pede demissão, ela contrata outro. Não é diferente na rede pública, porque nós não temos garantia de que a pessoa que assinou um contrato no início do ano vai permanecer os 200 dias letivos. Sempre que houver necessidade de substituir a gente vai fazer, isso em um tempo muito rápido. Claro que neste momento o município trabalha pela efetivação de novos professores, que fizeram o concurso. Isso diminui a rotatividade e a gente acredita que o caminho iniciado no final do ano passado com concurso público, efetivação agora no início do ano, vá dar, a longo prazo, resultado de maior permanência do número de profissionais na rede.”
Emerson argumentou ainda: “É preciso salientar que nós tivemos dois anos de pandemia, onde os municípios não fizeram concurso e depois nós tivemos questões econômicas que nos impediram de fazer concursos, mas agora está normalizado. Nós tivemos muito professor que se aposentou nesse período, então também abriram mais vagas para efetivação, o que está sendo feito nesse momento de forma natural”.
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