A ideia é estender o aprendizado de Libras entre todos os alunos, inclusive os ouvintes

A professora Juliana de Freitas Bernardes, 25 anos, participa de um projeto inédito na rede municipal de ensino de Gaspar: "Libras para Educação Bilíngue".  Formada em Matemática e Física EAD pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), do Rio Grande do Sul, ela também é formada em Letras Libras. Em 2021 foi aprovada em concurso na Prefeitura de Gaspar e passou a dar aulas no CDI Vovó Lica, no bairro Margem Esquerda, no ano passado. Um detalhe: Juliana é surda. E foi a partir desta deficiência que a professora passou a integrar o projeto. A turma-piloto tem dois alunos surdos e o restante de ouvintes. O projeto promove a interação e aprendizado entre surdos e não surdos, daí porque é bilíngue. "Os alunos surdos convivem com os ouvintes, que podem também aprender libras", explica Juliana. Ela reforça que o projeto ainda está na fase embrionária, e que precisa da aprovação do secretário municipal da Educação.
Ela conta que há necessidade de professores com formação em Libras em Santa Catarina. Juliana relata que, na cidade, as crianças surdas e ouvintes ainda estão juntas nas salas de aula, o que ainda ocasiona uma certa dificuldade aos que não ouvem. Por isso, o projeto-piloto pretende reunir todos os alunos surdos numa única turma. "Atendo alunos surdos em sala de aula e individualmente em Libras. Presto assistência aos professores, quando necessário, em salas de aula que tenham alunos surdos. Também estimulo o aprendizado de Libras para alunos e professores", conta Juliana sobre a rotina de atividades na escola. Ela conta que usa aparelho auditivo desde dois anos de idade, foi assim que aprendeu a falar, além de fazer leitura labial, o que melhora a comunicação com alunos, pais, professores e demais servidores, porém, a professora quer mesmo é incentivar a língua de sinais (Libras) em toda a rede municipal de ensino de Gaspar. Em 2019 e 2020, Juliana atuou como professora na Escola Especial Ulbra Concórdia, em Porto Alegre/RS, cidade onde nasceu. "Decidi fazer o concurso e me mudar para Santa Catarina para estimular e trabalhar com educação especial de Libras, porque aqui faltam profissionais", contextualiza, acrescentando: "Sou uma professora surda e acho muito importante transmitir conhecimento, divulgar e compartilhar a necessidade de cada vez mais estimular surdos e ouvintes sobre a importância de aprender Libras e da inclusão de surdos na sociedade", finaliza Juliana.