Em Gaspar, os três bloqueios permanecem ativados
Mesmo depois do presidente Michel Temer anunciar cinco medidas favoráveis aos caminhoneiros, a paralisação segue em todo o país na manhã desta segunda-feira (28). As próprias lideranças que representam os caminhoneiros não se entendem e, na medida que as horas passam, o desabastecimento se agrava. Enquanto algumas entidades, como a Associação Brasileira do Caminhoneiros (ABCAM), orientam para o retorno ao trabalho, outras, como a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e o Sindicato Interestadual dos Caminhoneiros Autônomos (SICA) não consideram o movimento como encerrado.
Pelas redes sociais, caminhoneiros pedem para que a categoria permaneça de braços cruzados. Muitos entendem que a redução em R$ 0,46 no litro do óleo diesel não é real. Já na manhã desta segunda-feira, o governo editou as três medidas provisórias anunciadas pelo presidente Temer na noite de domingo. Elas foram encaminhadas ao Congresso Nacional, onde serão analisadas pelas comissões, para somente depois seguirem a plenário para votação. O governo quer que tudo seja feito o mais rápido possível. Os deputados foram convocados para a sessão deliberativa desta segunda-feira (28).
Bloqueios seguem
No oitavo dia de paralisação, os bloqueios parciais são mantidos em mais de 140 pontos de Santa Catarina. Em Gaspar, na BR-470, próximo à entrada do bairro Belchior Central, local onde existe a maior concentração de caminhoneiros no município, a informação é que um grupo segue bloqueando parcialmente a rodovia. Outro grupo teria se deslocado até a rua Vidal Flávio Dias, que dá acesso ao bairro Belchior Baixo. Outro bloqueio acontece no bairro Bela Vista, próximo à loja Havan, e um terceiro se mantém na rodovia Ivo Silveira, no bairro Barracão, próximo ao posto de combustíveis Barracão. Em Ilhota, agricultores seguem concentrados na cabeceira da Ponte Padre Cláudio Jeremias Cadorim, na margem direta, e na entrada do Baú Baixo, na BR-470. Segundo informações, uma manifestação vai ocorrer às 15 horas desta segunda-feira, na entrada do Baú Baixo. No entroncamento da rodovia Jorge Lacerda com a BR-101, em Itajaí, também existem dezenas de caminhões parados e os caminhoneiros dão indicativo de que não pretendem deixar o local. Nesta manhã, eles receberam o reforço dos agricultores de Luis Alves, que trouxeram suas máquinas até o Posto Santa Rosa, na BR-101. Em todos os bloqueios na região, veículos com cargas que não sejam perecíveis e para serviços de urgência são retidos pelos manifestantes. Caminhões com combustíveis para a manutenção dos serviços básicos, como abastecer o a frota de carros oficiais (polícias, ambulâncias, bombeiros e defesa civil) somente circulam com escolta policial.
As cinco medidas
Em pronunciamento na noite de domingo (27), o presidente Michel Temer anunciou que o governo iria atender a cinco reivindicações dos caminhoneiros para tentar por fim à greve. A primeira delas é a redução de R$ 0,46 do preço do óleo diesel nas bombas. Segundo o presidente, essa reivindicação somente poderá ser atendida com a redução do PIS/Confins e da Cide, que é o imposto exclusivo cobrado sobre os combustíveis.
A segunda medida é a manutenção do preço do óleo diesel por 60 dias - na proposta anterior, o governo insistia em manter o preço congelado por apenas 15 dias. Após esse período, os reajustes passarão a ser mensais e dentro da chamada previsibilidade, para que caminhoneiros autônomos e donos de transportadoras possam programar seus custos e o valor do frete. O presidente afirmou que essas duas medidas não terão impacto nas contas da Petrobras, ou seja, a equipe econômica terá que encontrar outros caminhos para compensar essa renúncia de receita.
Outras três mudanças anunciadas na noite de domingo serão feitas por intermédio de medida provisória. A primeira delas é o fim da cobrança do pedágio, em rodovias federais, do eixo suspenso dos caminhões quando estes estiveram circulando sem carga. O presidente disse ainda que irá pedir aos governadores dos estados que adotem a mesma medida nas rodovias estaduais.
Outra medida provisória vai garantir aos caminhoneiros autônomos 30% do transporte de produtos da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). A terceira e última medida provisória vai estabelecer um valor mínimo do frete. Temer afirmou ainda que todas as medidas negociadas anteriormente continuarão valendo, entre elas a que deixa fora o setor rodoviário da chamada reoneração, que é o aumento do desconto sobre a folha de pagamento.
O presidente manifestou a sua preocupação com cada brasileiro e citou a situação do setor agropecuário. Ele disse ter recebido informação da Associação de Proteína Animal dando conta de que milhões e milhões de animais irão perecer nos próximos dias se a ração não chegar até os criadores. O presidente também manifestou preocupação com o setor da saúde, pois muitas pessoas dependem que os medicamentos cheguem aos hospitais. Finalizando o seu pronunciamento, o Temer acentuou que o governo cedeu e fez a sua parte, atendendo a praticamente todas as reivindicações que foram solicitadas pelos caminhoneiros e que nunca abandonou o diálogo. "Esperamos que agora, caminhoneiros e caminhoneiras se sensibilizem", finalizou.
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