Coordenador de redação do JM, jornalista Alexandre Melo, falou sobre o tema aos alunos da Vitório Anacleto

A Secretaria Municipal de Educação escolheu um tema bastante atual para a primeira e segunda etapas da 3ª edição do Concurso de Oratória nas Escolas de Gaspar: “Fake News” ou notícias falsas. “Eu tudo posso, então eu crio e compartilho” e “Eu sou dependente, por isso consumo”. Essas reações são comuns, como forma de autoafirmação entre jovens que se preparam para ingressar na idade adulta. Por isso, o tema é provocativo e tem mobilizado professores e estudantes, do 8 e 9º anos, a debaterem as fake news em sala de aula.
Finalista na primeira e vencedora da segunda edição do concurso, com a aluna Yasmin Ventura Ortiz, a escola Vitório Anacleto Cardoso quer manter a fama de bons oradores. Para isso, uma comissão de professores está empenhada em despertar nos estudantes o talento para a oratória. Afinal, como diz o professor Renato Zimmermann, muitos deles tem o dom, porém, ainda não descobriram. “O concurso é para que os nossos alunos despertem para a oratória”, acrescenta Zimmermann.
O professor de Língua Portuguesa Timóteo Antônio Lemos, explica que, na primeira etapa, serão selecionados os representantes de cada turma que, posteriormente, vão para a seletiva que irá eleger o orador que representará a Vitório Anacleto na etapa municipal, prevista para acontecer no final do ano, quando então um novo tema será apresentado. “Precisamos manter o bom nível de oradores em nossa escola”, reforça Timóteo.
E para que os estudantes entendam mais sobre o tema, a comissão, que tem ainda a professora de Língua Portuguesa, Mara Lúcia Lima Minosso, e a diretora da escola Sirlei Silva Miranda, convidou a palestrar sobre fake news o coordenador do Jornal Metas, impresso e online, jornalista Alexandre Melo, com 35 anos de profissão.
Foram duas palestras, matinal e vespertino, com cerca de 1h30min de duração cada, onde o jornalista fez uma explanação sobre a evolução das notícias falsas até a massificação na era digital, trazendo dados que revelam o crescimento assustador e perigoso para a sociedade das fake news. Melo falou ainda sobre o dia a dia de uma redação de jornal e deu dicas de alguns mecanismos usados para identificar notícias falsas.

Desinformação
A comunicação, segundo ele, mudou a partir do advento das plataformas digitais. “Trouxe, sem dúvida, grandes benefícios para a massificação e velocidade da informação, mas também contribuiu para o surgimento de aspectos negativos, como as fake news”, opinou. O jornalista revelou ao público que uma notícia falsa circula 70% mais rápido do que uma notícia verdadeira, e isso ocorre justamente porque as fake news trazem sempre um conteúdo sensacionalista, a começar pela manchete, justamente para prender a atenção dos leitores. “Quatro a cada dez pessoas já compartilharam, no mínimo, uma notícia falsa”, afirmou o palestrante.
Durante a palestra, os alunos puderam esclarecer dúvidas e comentar sobre suas próprias experiências com fake news. A diretora da escola, Sirlei Miranda, alertou que as fake news tem um poder enorme de destruição emocional das pessoas, que tem suas reputações abaladas com inverdades e comentários acessíveis a todas as pessoas por meio das mídias digitais. “Imagine o sofrimento de uma vítima de fake news. Uma simples brincadeirinha publicada nas redes sociais pode se tornar algo muito sério, pois algumas pessoas não conseguem lidar emocionalmente com este tipo de ataque e partem para atos extremos, como o suicídio, que já ocorreu por causa de notícias falsas”.
O professor Timóteo também lembrou que o compartilhamento de fake news parte da crença que as pessoas tem sobre determinado tema. “Embora a verdade esteja diante dos olhos, elas continuam acreditando que a notícia é verdadeira”, enfatiza o professor.
O jornalista Alexandre Melo agradeceu o convite da escola, pois foi uma grande oportunidade de falar ao público jovem sobre a preocupante disseminação de conteúdo falso na internet. “Estamos vivenciando um momento difícil na comunicação, de descrédito nos órgãos de imprensa, pois existem interesses em jogo e as fake news vêm servindo como arma de desinformação e dominação de massa”, concluiu Melo.