Relembre a sua trajetória política e comunitária
ATUALIZADA ÀS 14H50MIN
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Seu Evaristo e sua inseparável boina, uma marca registrada do ex-prefeito que proporcionou muitos avanços à cidade de Gaspar / ARQUIVO JORNAL METAS
Morreu no final da manhã desta segunda-feira (1º), o ex-prefeito de Gaspar Evaristo Francisco Spengler, de 91 anos. Ele estava internado no hospital da Unimed em Balneário Camboriú desde a madrugada de sexta-feira (29), depois de apresentar problemas de saúde. Evaristo Spengler era o ex-prefeito de Gaspar mais idoso ainda vivo. Ele governou a cidade de 1966 a 1970. O velório vai acontecer na Câmara de Vereadores de Gaspar das 18 às 20h nesta segunda-feira (1º), e das 6h às 8h30min de terça-feira (20), seguido de missa de corpo presente às 9h, na Igreja Matriz São Pedro Apóstolo. O sepultamento acontece a partir das 11 horas. Em função da pandemia da COVID-19, a família pede que as pessoas sigam os protocolos de segurança utilizando máscaras e evitando aglomerações.
Primogênito do casal Bernardo Leônidas Spengler e Maria Evelina Spengler, Evaristo nasceu no inverno de 1929 - quatro anos e meio antes de Gaspar se tornar município. Seu pai era dono de terras no Poço Grande - onde hoje se situa a unidade da Bunge Brasil. Ali, no engenho de cachaça o menino Evaristo teve o primeiro contato com o trabalho antes mesmo de entrar na adolescência. Ele acordava cedo para ajudar o pai no engenho de cachaça. O mesmo faziam seus oito irmãos. Evaristo estudou na Escola do Poço Grande, no Colégio das Irmãs e foi um dos primeiros alunos da Escola Estadual Professor Honório Miranda, a mais antiga de Gaspar, onde cursou até a 6ª série do ensino complementar. Aos 14 anos arrumou o primeiro emprego no extinto Banco da Indústria e Comércio (Inco). Evaristo foi bancário por 40 anos, com dois intervalos, quando foi servidor da prefeitura de Ilhota e para assumir a Prefeitura de Gaspar.
Mas, seu trabalho junto à comunidade gasparense não se limitou à Prefeitura de Gaspar. Ele foi também um dos fundadores do Clube Musical São Pedro e do Lions Clube de Gaspar. Ao lado da esposa, Dica Spengler, 88 anos, construiu uma das mais tradicionais e respeitadas famílias gasparenses. São 12 netos - um falecido - e 14 bisnetos, frutos dos casamentos das quatro filhas do casal: Maristela, Marisa, Marialva e Maria Clarice.
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Com dona Dica Spengler e as quatro filhas, Evaristo Spengler formou uma das mais sólidas e respeitadas famílias gasparenses / FOTO ARQUIVO JORNAL METAS
"Foi um pai com "P" maiúsculo, uma grande pessoa, maravilhoso como chefe de família e homem público", resume a filha Marise Heining. Ela conta que no momento da partida, toda a família estava em Balneário Camboriú, onde, há mais de 50 anos, seu Evaristo e Dona Dica costumavam passar os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. "Todas as filhas e os 12 netos puderam se despedir dele", revela a filha emocionada. Ela conta que no ano passado, o pai teve um enfarto e depois uma queda com fratura de bacia e fêmur. "Ele se recuperou, mas não totalmente pois ficou enfraquecido fisicamente. Mesmo assim, ele estava bem nos últimos dias, conversamos bastante no começo da semana passada", recorda a filha.
A vida pública
A política entrou na vida de Evaristo Spengler por causa da simpatia que tinha pelo político Irineu Bornhausen, que governou o Estado de 1951-1956. "Eu era uma espécie de voluntário do partido (UDN)", recordou Evaristo em entrevista ao Jornal Metas em 2019. Em 1955, ele ingressou de vez na política por influência do tio Vitório Muller que o queria concorrendo a vereador. Evaristo acabou como primeiro suplente, porém, assumiu em 1956 por ocasião da morte do vereador Carlos Barbosa Fontes. Daí em diante foram mais dois mandatos consecutivos e, por seis vezes, a presidência da Câmara de Vereadores.
Em 1965, veio o convite do partido para se candidatar a prefeito. Evaristo, que nesta altura já havia incorporado a política à sua vida, não pensou duas vezes. Ele se elegeu com 2.929 (280 a mais que o seu adversário, Valmor Beduschi). Aos 36 anos, Evaristo tornou-se o sexto prefeito (1966-1970) na história de Gaspar. na época, a cidade tinha apenas 13 mil habitantes. Entre as principais realizações estão as seis novas escolas municipais, o início do processo de instalação da rede de abastecimento de água tratada - até então a água consumida vinha de poços artesianos - e a inauguração da Rodovia Ivo Silveira. Evaristo tentou novamente ser prefeito nas eleições de 1972, mas perdeu para Osvaldo Schneider (MDB), o Paca. Essa foi sua última eleição, mas a política jamais saiu de sua vida. Evaristo sempre dizia, com orgulho, que nunca trocou de partido. "O partido é que trocou de sigla, UDN, Arena, PDS... hoje é PP", brincava. Ele foi também um dos fundadores da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (AMMVI). Em 2019, por ocasião dos 50 anos da entidade, Evaristo foi um dos principais homenageados. Ele também foi homenageado pela Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), em sessão solene realizada em Blumenau.
Vida comunitária
Fora da política, Evaristo e Dona Dica, cujo casamento completaria 68 anos em 2021, além de quatro de namoro, sempre tiveram uma forte atuação na comunidade. Evaristo é fundador do Lions Club de Gaspar, com atuação de quase 60 anos. Nos eventos comunitários, o casal voluntário sempre marcava presença, embora nos últimos anos por força da idade já não fosse mais possível participar com tanta frequência. Evaristo foi também um dos fundadores da Banda Musical São Pedro, que vai lhe prestar também homenagens nos atos de sepultamento. Até antes da pandemia, ele e sua inseparável clarineta ainda podiam ser ouvidos nos ensaios e apresentações da banda. Sobre a vida, ele costumava dizer que foi sempre muito boa. "Sempre trabalhei com orgulho e satisfação, me dediquei muito à família e me preocupei em fazer o bem". De fato, o legado que o ex-prefeito deixa é de um amor por Gaspar que nunca escondeu. A cidade que ele tanto amou agora lhe prestará as últimas homenagens.
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