Máscara deixa de ser obrigatória em ambiente fechados e eventos com grandes públicos
11/03/2022 09:59
Decreto do Governo do Estado de SC passa a valer a partir deste sábado (12)
A partir deste sábado, dia 12, o uso da máscara protetora contra a Covid-19 deixa de ser obrigatória em locais fechados e eventos com aglomeração de pessoas em todo o Estado de Santa Catarina. A medida será oficializada em decreto publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado, mas já desde quinta-feira o governador do estado, Carlos Moisés, havia anunciada, em vídeo na sua rede social, que a máscara deixaria de ser obrigatória no Estado. "Está chegando o grande dia de nós transformarmos as normas e obrigações em recomendações, incluindo o uso de máscara que não será mais obrigatório", disse Moisés (assista vídeo abaixo).
A proteção, que desde abril de 2020, passou a fazer parte da indumentária dos brasileiros, agora é facultativa, ou seja, usar ou não a máscara é opção de cada um. Desde a semana passada, diversos municípios catarinenses já vinham editando decretos flexibilizando o uso das máscaras em ambientes fechados, já que no final do ano passado o uso em locais abertos passou a ser opcional. Nas escolas de ensino fundamental, o Governo do Estado também tornou o da máscara uso não-obrigatório no começo deste mês, depois de muita polêmica. Portanto, faltava apenas uma medida mais ampla de flexibilização, que vai acontecer a partir deste sábado. A decisão do governo do estado está baseado em dois indicadores: o de casos de Covid-19 e o índice de vacinados.
Embora, a medida tenha sido recebido com entusiasmo pela maioria da população, a comunidade científica ainda vê com preocupação a desobrigatoriedade do uso da máscara. Em artigo publico no último dia 10, na página do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (NECAT/UFSC), o professor Titular do Departamento de Economia e Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em Administração, ambos da UFSC, Lauro Mattei, vê a medida adotada pelo governo do estado com preocupação. Ele alerta para o surgimento de um nova variante, que vem sendo chamada de Deltacron, já circulando na Europa (França, Holanda e Dinamarca), por ser uma combinação da variante Delta com a variante Ômicron. "Esse fato foi comprovado cientificamente pelo Instituto Pasteur (França), entidade científica responsável pelo sequenciamento genômico enviado à OMS", explica o professor Mattei. Ele explica que esse era um fato já esperado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) porque a variante Delta ainda estava em circulação quando surgiu, ainda ao final de 2021, a variante Ômicron que, no caso do Brasil, teve uma grande explosão nos meses de janeiro e fevereiro de 2022. "Tal cenário causou forte recrudescimento da pandemia em todas as regiões do país, inclusive com elevação expressiva do número de casos e de óbitos. Tais fatos indicam claramente que a pandemia ainda persiste, sendo necessário manter as principais medidas preventivas até que o percentual da população vacinada atinja um patamar capaz de frear a contínua propagação do novo coronavírus, inclusive das novas variantes que estão se disseminando pelo mundo", alerta o professor.
Ele também considera alarmante, no caso particular de Santa Catarina, um número muito grande de pessoas acima de 50 anos que deixaram de tomar a dose de reforço e, por outro, a vacinação das crianças continua num ritmo extremamente lento. "A meu ver seriam esses assuntos que deveriam estar na pauta de prioridades das autoridades governamentais e nas discussões do conjunto da população catarinense", argumenta. Diante deste cenário, Mattei recomenda, deixando claro que ainda não é hora de relaxar com as medidas preventivas essenciais, especialmente a flexibilização do uso de máscaras em qualquer ambiente. "Como dissemos ainda em novembro de 2021, o processo de controle da pandemia está sendo bastante penoso para todos, porém não se pode perder tudo o que foi conquistado até o momento pela simples pressa de se abandonar medidas preventivas comprovadamente eficazes", concluiu.
O Infectologista e diretor Clínico do Hospital de Gaspar, médico Ricardo Alexandre Freitas, vê a decisão do governo do estado como acertada diante de um cenário onde mais da metade da população simplesmente já abandonou o uso da máscara há muito tempo. Ele explica que o mundo passou por duas pandemias bastante distintas. A primeira pela Sars-COV2 original, que começou em maio de 2020 no Vale do Itajaí, finalizando em novembro de 2021. "O que tivemos recentemente foi um surto da Ômicron, que é um vírus semelhante a Sars-COV2, com gravidade bastante pequena e transmissibilidade muito alta, o que assustou as pessoas foi o histórico da Sars-Cov2 com a perspectiva de vivenciarmos o que aconteceu em 2020 e 2021. "Felizmente, a Ômicron mostrou o exatamente aquilo que ela havia relatado quando dos primeiros casos na África do Sul, que o pico dela sobe muito rápido, mas também desce muito rápido e com grau de gravidade muito baixa". Freitas lembra que desde o final de 2021 já havia uma situação do uso de máscaras, principalmente em restaurantes e praias lotadas, e niguém estava preocupado a ponto de novembro do ano passado não termos mais nenhum caso da Sars-COV2, e veio a variante Ômicron, que é menos grave. Segundo o médico, não existe nenhuma variante preocupante neste momento no mundo, alguns países praticamente não tem mais registro de casos e estão flexibilizando as mediaas de biossegurança; Em teoria, se eu tenho um número muito grande de pessoas indo a restaurantes e praias, como no caso de Santa Catarina, sem usar máscara, pessoas sem máscara na rua, com o número cada vez menor de casos de UTI e leitos de clínica médica praticamente zerando no estado é mais seguro você liberar a máscara. "Além disso, o percentual de vacinados é bastante alta no estado. "A máscara é um equipamento de proteção individual, se ela é um EPI quem tem de usar a máscara sempre é o doente, o saudável não precisava usar. O saudável usava porque não se sabia quem estava infectada e se os infectados estavam usando a máscara, por isso todo mundo precisava usar máscara para evitar a transmissão. A máscara de pano foi liberada porque todo mundo estava usando máscara. "Agora se você tem metade da população usando máscara de pano e a outra sem usar máscara, a máscara de pano não tem utilidade nenhuma, só para quem está doente. Ela serve apenas para evitar que você transmita o vírus para o outro. Se a pessoa que não está infectaa quiser continuar usando a máscara tudo bem, mas, neste momento, ela é recomendada apenas para quem está doente ou com sintomas de infecção respiratória. Não tem justificativa técnica plausível num momento em que as pessoas estão retirando a máscara, é melhor flexibilizar e reforçar a necessidade das pessoas doentes usarem a máscara, porém, existe um fator complicador cultural que é consicentizar as pessoas doentes e usar a proteção.
"Acho que está na hora de tirar e sabe por quê? A Máscara, em uma aglomeração, eu ainda acho que se deve usá-la, mas livremente deve aboli-la porque a gente acaba respirando o ar carbônico, que prejudica muito mais o pulmão. Essa é a minha opinião e isso é dito pelos médicos, que a máscara ao ar livre prejudica mais do que ela beneficia. No meio do público pode ter não a Covid, mas pode ter outras doenças que você pode contrair. O bom senso indica que a gente deve usá-la. Ao ar livre ou dentro do automóvel estando o motorista sozinho, não é necessário". - Benvindo Miglioli (proprietário da Rádio Sentinela)
"Olha, eu acho importante usar a máscara já que o vírus ainda tá aí, mas se o governador acha que está liberado e que depende da vontade das pessoas de usar ou não, eu acho que está ok. Eu vou continuar usando em alguns lugares, os mais aglomerados" - Helena Sabel Garcia (vai trabalhar na prefeitura)
O casal Celina e Ildo Acre dizem que "Eu acho que tem que tirar essa máscara. Às vezes a gente esquece e tem que ir correndo em uma farmácia comprar uma para poder entrar nos lugares. Pra gente que usa óculos, fica todo suado, só incomoda. Isso aí, se der, é só uma gripezinha e vai passar. Gripe normal que sempre teve. Eu sou a favor de não usar mais a máscara" - Celina Acre
"Já teve muita aglomeração e a gente nunca pegou nada e pessoas que estavam isoladas de repente disseram que estava com essa doença" - Ildo Acre
"Eu acho que é um direito de cada um a partir de agora, né. Acredito que as pessoas que já estão vacinadas ou pessoas que já pegaram a Covid, como eu, acho que agora deu. É claro, eles recomendam em um ambiente fechado onde tenha várias pessoas a gente utilizar, mas vai de cada um. Acredito que quem não tomou a vacina, quem não pegou o vírus, deveria se cuidar um pouquinho mais, mas no meu caso, que peguei a doença e já tomei as vacinas, eu acho que deu de máscara. No meu taxi a opção é do passageiro, é um direito dele. É óbvio que se o passageiro quiser que eu use, a minha máscara está ali, eu utilizo sem problema nenhum, eu sou um prestador de serviço e tenho que atender a exigência do passageiro" - Marcos Gediel da Silva (taxista)
"Eu posso ser sincera? Quando começou essa pandemia foi aquela loucura: tem que usar máscara, usar aquilo e aquele outro. Eu até perdi meu esposo pra Covid-19, mas a gente se cuidava, a gente usava máscara e mesmo assim ele pegou. Agora passou na televisão que não vai mais ser pandemia, vai ser endemia, porque é um pouco abaixo. Mas se todo dia está surgindo casos, porque é um pouco abaixo agora? Usa máscara quem quer, eu não uso. Eu acho que se você se cuidar, se você tomar as vacinas, está vacinado, está ótimo. Eu não uso e acho que não tem mais que ficar usando máscara. Eu só acho que a pessoa que não se vacinou precisa ter consciência e se vacinar. Se saiu a vacina pra isso, precisa fazer". - Roseli Farias Brun da Silva (marido morreu de Covid antes de ter vacina e ela tomou as vacinas)
"Eu não concordo com o decreto, porque querendo ou não, ainda está rolando a doença por aí. Eu acho que precisaria continuar usando a máscara, principalmente em lugares aglomerados. Eu vou continuar usando". Julia Macena.