Prisões e autuações aumentam a cada fim de semana
style="width: 100%;" data-filename="retriever">
As autoridades policiais intensificaram a fiscalização por meio do uso do bafômetro / FOTO ARQUIVO JORNAL METAS
Beber e dirigir não é problemas para 8.271 motoristas. Esse é o número de condutores de veículos cujo teste de alcoolemia deu positivo somente este ano em Santa Catarina. A quantidade de bêbados ao volante, porém, é bem maior, afinal trata-se apenas de motoristas flagrados nas rodovias federais. Outros milhares são autuados, tem a CNH apreendida e outros presos diariamente em rodovias estaduais pela Polícia Militar Rodoviária Estadual, Guardas Municipais de Trânsito e a própria Polícia Militar.
Diante de um número tão alarmante, o que se concluiu é que a Lei Seca não inibiu os motoristas de continuarem dirigindo sob efeito de álcool. Arriscam suas vidas e de centenas de outras pessoas inocentes. Vale lembrar que o Estado de Santa Catarina detém um dos mais altos índices de violência no trânsito do país. A cada fim de semana, a lista de mortos e feridos no trânsito é enorme, e muitos desses acidentes são provocados por motoristas embriagados.
Só para se ter uma ideia, neste último final de semana (1ª a 3/11), que teve feriado de Finados no meio, foram 122 motoristas flagrados dirigindo sob efeito de álcool nas rodovias federais do estado. O indicativo de embriaguez ao volante continua alto, mesmo depois de uma sequência de fiscalizações nas Festas de Outubro no Vale do Itajaí que identificou 529 motoristas no último final de semana de folia germânica. Somente na BR-470, num período de dez horas de fiscalização, 42 motoristas foram autuados ou presos por dirigirem embriagados. A imprensa divulga apenas os números da PRF porque é a única das polícias que disponibiliza semanalmente o relatório. No mês de outubro, de acordo com a PRF, 1.908 motoristas não passaram no teste do bafômetro.
Neste último final de semana, chamou a atenção da PRF os flagrantes ocorridos na região de Rio do Sul, no sábado (2). No primeiro deles, por volta das 8 horas da manhã, um motorista perdeu o controle do veículo e caiu numa ribanceira de 15 metros. Haviam 6 pessoas no veículo. O motorista fez o teste do bafômetro e o resultado foi 0,85 mg de álcool por litro de ar. Em outra ocorrência, um motorista tentou fugir dos policiais, mas acabou detido. O teste do bafômetro apontou 0,43mg por litro de ar. Para o ex-policial rodoviário e hoje especialista em trânsito, Emerson Andrade, o grande número de motoristas flagrados dirigindo sob efeito de álcool é resultado da intensificação da fiscalização das polícias e das guardas municipais de trânsito. Todavia, ele também afirma que a sensação de impunidade é que leva tantos motoristas a se arriscarem, mesmo a imprensa divulgando semanalmente o número de CNHs apreendidas, autuações e motoristas presos. "Ainda não há uma mudança de comportamento como a gente quer, porém, de maneira geral já se percebe um movimento neste sentido, pois nunca se falou tanto em motorista de aplicativo como hoje, porém, ainda tem aqueles teimosos", observa.
Andrade também defende não apenas a fiscalização, mas a prevenção e aí aponta um erro do estado em não desenvolver a educação do trânsito nas escolas, mesmo sendo essa uma obrigatoriedade prevista no Código Brasileiro de Trânsito (CBT). "O motorista é flagrado na blitz, mas e depois? O que devemos fazer para evitar que esse motorista volte a dirigir sob efeito de álcool. Isso não se discute hoje na nossa sociedade", lamenta o ex-policial.
Ele também alerta que a infraestrutura muitos vezes colabora para a gravidade dos acidentes. "Evidente que não se deve dirigir sob efeito de álcool, mas se já tivéssemos, por exemplo, a BR-470 duplicada muitos desses acidentes seriam minimizados, ou seja, não haveria mais a batida frontal". Por fim, o especialista em trânsito afirma que o estado, que tem o poder de punir, deveria ser mais rápido nas suas decisões.
Deixe seu comentário