Intimação deve ser entregue nesta terça-feira (19)

Letícia Rodrigues, a mãe doente e seus quatro filhos não devem permanecer na área invadida,há cerca de 15 dias, no loteamento Novo Horizonte, no bairro Gaspar Mirim. No final da semana passada, a justiça acatou a ação do poder público e determinou que a família desocupe o terreno, que é considerado área verde. A intimação só não foi cumprida nesta segunda-feira (18) por questão burocrática, segundo informou o chefe de gabinete da Prefeitura, Pedro Bornhausen. O documento não teria chegado a tempo ao oficial de justiça, porém, a entrega deve acontecer nesta terça-feira (19).

Na semana passada, com material doado pela comunidade - telhas, tijolos e pisos - e a mão de obra de vizinhos Letícia iniciou a construção de uma outra casa, pois a primeira não oferecia as mínimas condições de moradia. No entanto, ela recebeu a visita do secretário Municipal de Planejamento, Alexandre Gevaerd, acompanhado da Polícia Militar, que exigiu que a construção da casa fosse suspensa imediatamente. Letícia acatou a determinação, pois foi acordado que até quarta-feira (13) um outro funcionário da prefeitura iria conversar com ela, porém, ninguém apareceu. A jovem, de 25 anos, procurou então a Câmara de Vereadores em busca de ajuda, mas foi de pessoas desconhecidas da comunidade que veio o apoio maior. Desde que o Jornal Metas noticiou o drama vivido pela família Rodrigues, diversos moradores de Gaspar passaram a doar roupas, cobertores e alimentos à família. Um grupo chegou a vir de Jaraguá do Sul trazendo doações, depois de ler a reportagem publicada no site do Jornal Metas. "Me surpreendi com a solidariedade da comunidade. Recebi doação de alimentos, roupas e cobertores", contou Letícia na edição do último sábado (16) do JM.

Segundo informações da prefeitura, ela e os quatro filhos, de nove, seis, cinco e dois anos, mais a avó das crianças, Maria Rodrigues, de 65, são acompanhados pela equipe de Assistência Social desde 2014. O chefe de gabinete, Pedro Bornhausen, lamenta a situação, mas explica que o poder público não pode permitir que a família permaneça na área. "Existe uma fila grande de pessoas esperando moradia em Gaspar, seria injusto eu passar essa família na frente das outras", justifica. Todavia, Bornhausen garante que não será usado nenhum tipo de violência para a retirada da família. "É preciso respeitar a parte legal, mas não vamos descuidar do lado social". Ele revelou que a prefeitura está negociando com a família a desocupação do terreno, porém Letícia tem se mantido irredutível, pois afirma não ter para onde ir. "É uma situação complicada, mas é preciso acatar a decisão judicial. Nós já conversamos com ela e estamos nos propondo a fazer a mudança para onde ela indicar", explica. Bornhausen revelou que Letícia possui uma renda mensal - aposentadoria da mãe e auxílio reclusão pago aos filhos - suficiente para pagar o aluguel de uma casa. Sobre a possibilidade da prefeitura usar o aluguel social por um período, Bornhausen disse que a atual administração não fez uso desse recurso e não pretende usá-lo para este caso. "O aluguel social é dado para famílias de baixa renda que perdem a moradia num incêndio ou numa enchente, por exemplo", finaliza o chefe de gabinete.