Água da Semasa será levada do bairro Espinheiros até o município vizinho

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A estiagem vem castigando toda a região do Vale do Itajaí / FOTO LUIZ EDUARDO SCHRAMM

A Semasa, de Itajaí, poderá socorrer o município de Ilhota na solução do problema da água salinizada. Na manhã desta segunda-feira (1º), diretores da empresa de águas Itajaiense estiveram reunidos com representantes da prefeitura de Ilhota e da Águas de Ilhota, empresa responsável pela captação, tratamento e distribuição no município vizinho. Segundo Diego Antônio da Silva, diretor-geral da Semasa, em entrevista ao radialista Osmar Teixeira, da rádio 106,7FM/Itajaí, a ideia é abastecer Ilhota com água tratada por meio de uma rede existente no bairro Espinheiro. A capacidade de vazão é de aproximadamente 5 mil litros por segundo. "Estamos realizando estudos para passar esse rede por baixo de uma ponte que tem próximo, para que possamos abastecer o município de Ilhota", acrescentou o diretor. De acordo com Diego, essa rede pode ser ligada em um curto espaço de tempo: 15 dias e a um custo bastante baixo já que a rede já existe. Ele afirmou ainda que a água será paga pelo município de Ilhota, como se fosse uma prestação de serviço. O diretor explicou ainda porque dois municípios tão próximos e apenas Ilhota está enfrentando o problema da cunha salina. "É impossível fazer barragem de cunha salina no Itajaí-Açu porque o rio é navegável, já no Itajaí-Mirim, que é de onde captamos a água da Semasa, não é navegável e fizemos essa obra na administração do prefeito Volnei Morastoni". A obra é tão importante que outros municípios estão pedindo para que Iatjaí forneça a água. Diego garantiu que o fornecimento de água para Ilhota não irá comprometer o abastecimento em Itajaí, isto porque o volume a ser destinado é pequeno.

Entenda o problema

Há 60 dias, parte da população de Ilhota convive com uma água turva e de elevado teor de salinidade. Nos últimos dias, a situação se agravou e o município, que já está em estado de emergência, pode decretar estado de calamidade pública, segundo informou a assessoria de imprensa da Águas de Ilhota. De acordo com a autarquia essa é a pior estiagem dos últimos 14 anos no Estado. A seca fez aumentar nos últimos dias a salinidade do Rio Itajaí-Açu, afetando ainda mais a qualidade da água. O índice aumentou mais de 40 vezes no ponto de captação, estando fora de todos os padrões de qualidade exigidos pelo Ministério da Saúde. A orientação é para que o consumo humano - para beber e cozinhar, por exemplo -, seja realizado através da água fornecida na caixas de água, instaladas nos bairros mais afetados pelo problema. A autarquia também pede à população que economize ao máximo o líquido.

O município possui dois sistemas independentes de abastecimento de água: o primeiro, no bairro Pedra de Amolar, na margem esquerda, que atende as demandas dos bairros Pedra de Amolar, Barranco Alto e Núcleo de Almeida, este último pertencente a Navegantes, que tem a captação de água na Lagoa Usati. Este sistema não sofre influência das marés e apresenta baixos impactos por causa da seca. Já o Sistema Central, que atende os bairros Centro (Vila Nova), Barra de Luiz Alves, Tabuleiro, Ilhotinha, Missões e Minas, com captação de cerca de 95m³ de água/hora, sofre diretamente a dinâmica das marés, por estar localizado próximo à foz do Rio Itajaí-Açu.

A explicação para o problema é a falta de chuvas que provocou o avanço da cunha salina. Esse fenômeno decorre do nível baixo dos afluentes do rio e outras variáveis, como picos de maré. Os sais dissolvidos na água deveriam ser de, no máximo, 250mg por litro, mas já ultrapassaram os 5.000mg por litro, daí porque a água escura e salgada. A Águas de Ilhota informou que trabalha há mais de um mês em estratégias para minimizar os impactos na distribuição. Em abril, realizou a captação de água de fontes auxiliares, que no entanto chegaram a níveis críticos, inviabilizando a continuidade.

Em maio, realizou verificações com equipes de geólogos para obtenção de poços tubulares. Contudo, os resultados não foram os esperados, sem a garantia de um volume mínimo de extração de água. Neste momento, avalia a situação do rio Luiz Alves, para mudança do ponto de captação. Os projetos são de curto a médio prazo.

Enquanto a Águas de Ilhota busca solução, os moradores seguem insatisfeitos. Um grupo já foi reclamar pessoalmente ao prefeito, Érico de Oliveira, o Dida, Como solução paliativa, a prefeitura instalou quatro reservatórios de água, com capacidade individual para 20 mil litros de água nas regiões mais afetadas. Esses reservatórios passaram a ser abastecidos com caminhões-pipa, que trazem a água do ribeirão do Baú Central. A solução, no entanto, não acalmou a população. Os moradores dizem que a água dos reservatórios é imprópria para consumo. A Águas de Ilhota garante que é água potável e vem sendo monitorada constantemente, com análise dos parâmetros físico-químicos. Em meio ao bate-boca, a seca segue. Já são 120 dias sem chuvas regulares e mais de 220 municípios em situação de emergência, segundo a Defesa Civil do Estado.