Wan-Dall, em Gaspar, e Dida, em Ilhota, vão herdar 'velhos' problemas num cenário de extremo aperto financeiro
Quando assumir o comando da prefeitura em primeiro de janeiro de 2017, Kleber Wan-Dall será o terceiro prefeito eleito pelo PMDB nos últimos 20 anos. Antes dele vieram os peemedebistas Adilson Schimdt, eleito em 2004, e Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, eleito em 1996 e cassado no segundo ano de mandato. Se levarmos em consideração que, intercalando entre os mandatos dos peemedebistas, Gaspar teve três governos do petista Celso Zuchi, a política gasparense pode ser resumida administrativamente a apenas dois partidos: PMDB e PT. Se a alternância no poder é necessária e benéfica, Wan-Dall terá que demonstrar que também poderá fazer a renovação política que todos aguardam.
Kleber Wan-Dall herdará uma prefeitura com problemas econômicos, principalmente em relação aos repasses federais e estaduais, e com diversas obras em andamento. Logo de inicio, Kleber terá que lidar com um orçamento menor em relação a anos anteriores, motivada, entre outras coisas, pela queda nos convênios. A busca pelo desenvolvimento econômico e pelo fortalecimento das finanças do município deve pautar os primeiros anos de governo peemedebista. A abertura de novas empresas no município será incentivada como uma forma de contornar a diminuição nos repasses e para dinamizar a economia gasparense. Entre as propostas para o setor está a criação de uma praça do empreendedor onde haverá a liberação de alvarás e outros serviços, tudo para agilizar o processo.
Outra questão que necessitará de atenção é o transporte coletivo urbano. Ao longo dos últimos anos, os gasparenses conviveram com as incertezas e transtornos causados pela da falta de horários e pelo cancelamento de itinerários. Com o fim da concessão a Viação do Vale, uma contratação emergencial teve que ser feita às pressas para que o serviço não fosse interrompido. Para o próximo ano será necessário realizar a contratação definitiva por meio de um novo edital de licitação. Ainda no tema, a integração do transporte coletivo com Blumenau deve voltar à pauta. A proposta vem sendo discutida há muito tempo e, com os dois municípios em processo de licitação de uma nova concessão para o transporte coletivo, a ideia ganha mais força. Com muitos gasparenses indo trabalhar e estudar no município vizinho, a integração iria beneficiar uma grande parcela da população, além de melhorar a mobilidade urbana em Gaspar com a diminuição do número de automóveis nas ruas.
Mesmo com a vinda de um novo delegado e outros agentes para a polícia civil, o baixo número de efetivo policial é considerado o principal motivo para o problema da segurança pública em Gaspar. Com a previsão da formação de novos agentes para o próximo ano, caberá ao próximo prefeito cobrar junto ao governador o aumento do número de policiais para o município. Como o partido do próximo prefeito é o mesmo do vice-governador, Kleber não poderá alegar problemas de trânsito junto ao governo estadual para a negativa da demanda da cidade.
Obras em andamento
Se por um lado Kleber Wan-Dall terá que lidar com problemas profundos, por outro lado receberá do atual governo diversas obras concluídas ou em vias de conclusão. A principal delas, a Ponte do Vale trouxe uma nova dinâmica para o trânsito gasparese, beneficiando a logística e a mobilidade. Com a ponte em funcionamento, o tempo de deslocamento entre os municípios da região diminuiu, trazendo mais agilidade para o escoamento da produção das indústrias e dos comércios.
Além disso, a ponte também aliviou os transtorno nas vias centrais da cidade, desafogando o trânsito e deslocando o tráfego de veículos pesados para longe da região central. Entre as obras que Wan-Dall receberá para a conclusão já no próximo ano, estão a Escola Olímpio Moretto e a pavimentação da Rua Madre Paulina.
Ilhota
Érico de Oliveira (PMDB), o Dida, prefeito eleito de Ilhota para os próximos quatro anos, terá pela frente o desafio de unir a cidade em torno do seu plano de desenvolvimento para o município. A missão não será fácil, o atual prefeito, Daniel Bosi (PSD), que o diga. Bosi sofreu com o racha político que divide a cidade e se reflete na Câmara de Vereadores, e viu sua base de apoio se desmanchar no decorrer do mandato, e até sofreu uma tentativa de impeachment, quando foi afastado temporariamente do comando da prefeitura.
Dida, eleito com 61% dos votos válidos, assim como seu antecessor, inicia seu mandato confiando no apoio da maioria da Câmara de Vereadores. Ainda assim, o futuro prefeito terá que usar o apoio popular a seu favor para tentar resolver os problemas que herdará quando assumir a prefeitura. Ilhota sofre hoje com problemas administrativos sérios, agravados ainda mais pela crise econômica que afeta o país, atingindo os serviços básicos do município, gerando falta de medicamento nos postos de saúde e a suspensão da coleta de lixo, além de outros problemas.
A recém-inaugurada Ponte de Ilhota poderá servir de exemplo na empreitada de Dida. A primeira ponte a unir as duas margens do Itajaí-Açu em Ilhota, trará consigo um mundo novo de oportunidade para o desenvolvimento de Ilhota. Dida já adiantou que vai aproveitar o novo corredor comercial que se abriu com a ponte para o centro do município e ampliar a área para as lojas se instalarem. Ilhota também precisará seguir novos caminhos na política e passar por cima da sua divisão em beneficio da cidade se quiser continuar se desenvolvendo.
Ilhota deverá ter, logo no primeiro ano do novo governo, mudanças importantes no cotidiano da administração municipal. O prefeito eleito fará uma reforma administrativa para reduzir o número de cargos comissionados e também o número de secretarias, buscando reduzir os gastos com pessoal. Apesar de ser divulgada somente em 1º de janeiro, Dida já adiantou que, ao menos, 90% das pastas serão comandadas por servidores efetivos da própria prefeitura. Além disso, o vice-prefeito, Joel Soares (PMDB), deverá acumular ao menos três Secretarias. A palavra de ordem no novo governo é economizar onde for possível.
As mudanças, porém, não deverão se limitar apenas à quantidade de pastas. As Secretarias municipais irão deixar os imóveis locados e ocupar o mesmo o prédio da atual prefeitura. A ideia é cortar gastos com aluguel e enxugar os custos da máquina pública para investir em áreas mais necessitadas, como a saúde e a educação.
E as mudanças não param por ai, se por um lado o novo governo busca o equilíbrio financeiro das contas públicas, por outro vai investir no crescimento e fortalecimento do comércio e da indústria. Para isso, Ilhota deverá passar por uma revitalização do centro da cidade, a ideia é buscar recursos federais e estaduais através de um projeto de captação, além de contar com a ajuda dos empresários locais para melhorar a infraestrutura do seu principal núcleo comercial. A revitalização do centro de Ilhota também contará com o auxílio do governo do Estado que fará a revitalização da Rodovia Jorge Lacerda, que corta a região. Além da revitalização do centro comercial, Ilhota deverá retomar eventos na área da moda, como o Fashion Week. Todas as ações que visam reaquecer comércio e aumentar a arrecadação do município serão tão importantes quanto o equilíbrio fiscal das contas públicas para que Ilhota retome o seu protagonismo empreendedor na região e deixe para trás as manchetes negativas.
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