Entidade, que nasceu da união de um grupo de pais, hoje atende a mais de 120 alunos e se prepara para ampliar esse com a nova sede ainda em 2023
Uma data para lá de especial que marca uma trajetória de muitas lutas e dificuldades, mas também de amor, acolhimento e educação. Nesta terça-feira, dia 30, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Ilhota completou 20 anos. A entidade foi fundada em 2003 por um grupo de pais que entendeu que já hora de a cidade ter a própria instituição, pois muito antes disso, os filhos eram atendidos na Apae de Gaspar. A união e força desses pais fez nascer no município uma instituição que hoje atende 127 pessoas e tem demanda para mais.
A diretora pedagógica da instituição, Raquel Santos, conta que a iniciativa de criar a Apae Ilhota foi dos próprios pais, que foram até a Fundação Catarinense de Educação Especial, que é o órgão que rege o serviço da Apae, em Florianópolis, e conseguiram a autorização para dar início aos trabalhos na cidade. “Formou-se uma diretoria, fizeram toda a parte burocrática e iniciou-se os trabalhos no ano de 2003. De lá para cá, o número de estudantes atendidos cresceu bastante”, relembra a diretora, que começou a trabalhar na Apae em 2015 com 55 alunos. “Hoje, nós temos 127 alunos. São mais de 50 crianças na idade da estimulação precoce, de 0 a 5 anos e 11 meses e temos também duas turmas de idosos, que na diretriz da pessoa com deficiência já são considerados a partir dos 40 anos”, explica Raquel.
Nova sede
O grande presente que os estudantes, profissionais e a comunidade vão ganhar neste ano de aniversário é a sede própria, uma reivindicação antiga da entidade e que este ano vai sair do papel. Isso porque o prédio atual, que é da Prefeitura de Ilhota e possui cerca de 300 metros quadrados, já não comporta mais a quantidade de estudantes. A associação tem um contrato de comodato com a prefeitura, ou seja, não precisam pagar aluguel para utilizar a edificação, mas são responsáveis pela manutenção da estrutura.
“Essa nova sede é uma grande vitória, porque quem conhece a nossa Apae sabe da nossa luta diária. O nosso espaço ficou muito pequeno para a quantidade de alunos que nós temos. Para podermos atender melhor a parte clínica, a gente precisa de um espaço maior. A nova sede vai ter mil metros quadrados, vai ser uma sede bem ampla, que é o que a gente precisa, porque hoje nós atendemos 127 alunos, mas nós já temos fila de espera. Nós precisamos ampliar para conseguir atender toda a comunidade”, afirma a presidente da Apae, Marla Schramm.
A caminhada para a nova sede iniciou em 2018, quando a Prefeitura fez a doação de um terreno para entidade. Logo após, a associação conseguiu enviar um projeto de construção para o governo do Estado, por meio da Fundação Catarinense de Educação Especial, que aprovou o projeto e fez o repasse de aproximadamente R$4 milhões para a obra. Os trabalhos iniciaram em janeiro deste ano e tem o prazo de conclusão de 240 dias.
A diretora pedagógica destaca que com o novo espaço, será possível qualificar o trabalho oferecido. “Existem salas que têm a necessidade de serem temáticas para a realização de atividades de vida diária. Exige-se também estimulação sensorial, são salas específicas para cada tipo de atendimento e aqui nós não temos condições, os profissionais precisam dividir as salas. São cinco serviços pedagógicos e mais seis especialidades clínicas, isso exige bastante espaço e o prédio aqui não está mais dando conta”, reforça.
Rotina permite deixar o aluno livre para desenvolver suas habilidades

O dia a dia na Apae de Ilhota é sempre de muitas surpresas, avanços e conquistas para alunos, pais e professores. Cada estudante tem uma atividade preferida e as professoras e professores fazem questão de estimulá-los a praticarem o que mais gostam. A Maria, que faz parte da turma dos idosos, gosta das aulas de música. Para a equipe do Jornal Metas, a simpática senhora tocou no teclado duas músicas, uma delas “Parabéns pra Você”, homenagem à escola que ela tanto gosta.
O Josiano orgulha-se de ser atleta e ter participado das Olimpíadas das Apaes de Santa Catarina na modalidade bocha. Eduardo, que está na turma de iniciação ao mercado de trabalho, gosta de escrever o próprio nome sem ajuda de ninguém. Alisson prefere dizer que gosta de tudo. “Eu gosto de tudo. Da aula de música, educação física, do lanche...”. O Tales, que é bastante comunicativo, revela que um dos seus momentos preferidos é o jogo de futebol. “Eu gosto de fazer educação física com o Bruno, a gente vai na grama bate uma bolinha, brinca de bola e a gente se diverte”, conta o entusiasmado estudante.
A diretora pedagógica, Raquel Santos, explica que as crianças da estimulação precoce, que têm idade entre 0 e 5 anos e 11 meses, frequentam duas vezes por semana a Apae. Elas recebem atendimentos clínicos de 30 minutos em cada especialidade: pedagógico, psicomotricidade, terapia ocupacional, fonoaudiologia e fisioterapia.
Mercado de trabalho
Após a idade escolar, os alunos retornam à Apae para o serviço de iniciação para o mercado de trabalho, uma parte importante para que eles possam efetivamente se sentirem incluídos na sociedade na idade adulta.
Eles permanecem por um período completo de quatro horas. As atividades pedagógicas são voltadas para a necessidade da turma. “O pessoal do mercado de trabalho vem aqui participar e, quando estão prontos para ingressar, a Apae intervém junto às empresas da região para entrevistas e uma possível colocação. Nós já temos alguns alunos incluídos”, orgulha-se a diretora.
Já as turmas de idosos, aproximadamente 12 alunos, são voltadas para a convivência, atividades que necessitam de mais apoio e de mais treinamento para a execução. “Diferente de uma criança, o adulto passou já a vida inteira aqui na instituição, então quando chega por volta dos 40 anos, eles já estão um pouco saturados de tudo que passaram, porque ninguém fica 40 anos na escola, por isso que o trabalho com eles é voltado para outra atividades”, argumenta a diretora.

Doações fazem a diferença
Atualmente, a associação, que é uma organização não governamental, se mantém por meio de convênios com o governo do Estado, a Prefeitura de Ilhota, o projeto Mesa Brasil e com o dinheiro arrecadado por meio do tradicional pedágio da Apae e das pasteladas.
Marla explica que as lojas da cidade associadas à Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) também contribuem. “A gente tem o nosso tradicional pedágio da Apae e sempre na época do pedágio nós temos os envelopes, que nós levamos nas lojas associadas ao CDL, que também nos ajudam muito. Nós somos muito gratos pela ajuda de todos, porque sem essa ajuda nós não seriamos nada. Temos também o pastel, que nós fazemos duas vezes por ano. São essas ações que ajudam a nos manter”, destaca Marla.
A presidente da Apae faz um desabafo. “Às vezes, as pessoas quando não conhecem a Apae, pensam que nós ganhamos dinheiro de sobra da prefeitura, do governo, de outros eventos, mas quando a pessoa vem e conhece, percebe que não é essa a realidade, a gente não tem dinheiro sobrando, nós temos uma casa com 127 pessoas, mais os funcionários, que são 31, são muitas despesas mensais, é difícil manter”, finaliza a presidente.
Como ajudar
Quem quiser ajudar a Apae de Ilhota, as doações podem ser feitas pelo PIX. A chave é o e-mail: [email protected]. Qualquer contribuição é bem-vinda e ajuda a associação a manter o trabalho de excelência.
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