Alyne Serafim, que ingresssou na Polícia Civil numa época em que a corporação era dominada pelos homens e a empresária Kieri Silva, que trocou o bom emprego em uma multinacional no exterior para constituir família e ser dona do seu próprio negócio em terr
Mulheres fortes com histórias inspiradoras. É assim que a reportagem do Jornal Metas define Alyne e Kieri, as entrevistadas para este especial que homenageia as mulheres da nossa cidade. Em Gaspar, de acordo com o último Censo do IBGE, 55% da população é formada por mulheres. Nós conversamos com duas mulheres gasparenses que se destacam nas suas áreas de atuação no mercado de trabalho.
Alyne Karla Serafim Nicoletti é agente da Polícia Civil de Santa Catarina e trabalha há mais de 25 anos na delegacia de Gaspar. Casada com Renato Nicoletti e mãe do João, Sofia e Malu e vovó do pequeno João Vicente, ela conta que passou no concurso público para policial civil, aos 19 anos, em uma época onde a profissão era totalmente masculinizada.
A policial finalizou a faculdade de Direito após o nascimento da segunda filha. Seu marido sempre a apoiou na profissão, assim como os colegas, já que na época os plantões eram de 24h. “Quando comecei trabalhar em Gaspar havia apenas uma escrivã mulher, apesar de todo o respeito dos meus colegas, sempre rotulavam a gente como sexo frágil. Por isso, sempre me propus a sair na frente e desempenhar as mesmas funções e desafios como os homens, sem medo”, relembra Alyne.
A policial conta que com o passar do tempo mais mulheres se inscreveram e passaram em concursos públicos para a polícia e avanços como a Lei Maria da Penha deixaram a profissão e ambiente de trabalho mais humanizado e equilibrado, mostrando que a profissão de policial é para todos. “Desde o primeiro dia de trabalho tive que adotar uma postura diferente, uma postura séria para que eu fosse respeitada pelos meus colegas. Hoje, muita coisa mudou para melhor”, explica.
Alyne diz ter orgulho da sua trajetória. Hoje, ela trabalha ao lado de quatro policiais e algumas estagiárias mulheres e que o trabalho é mais acolhedor, principalmente em casos de violência doméstica. “Aqui em Gaspar temos um acolhimento diferente, conversamos e damos todas as orientações para que esse ciclo de violência tenha fim. Ouvimos muito em denúncia, mas ninguém fala da vida após o registro do boletim de ocorrência e a medida protetiva. A grande maioria destas mulheres não possuem suporte familiar e acabam voltando para seus companheiros. Explicamos os detalhes, pois normalmente a medida protetiva demora 24h; é neste tempo que elas precisam organizar a nova rotina “, explica.
Ao relembrar um dos seus maiores desafios da carreira, Alyne cita com tristeza a tragédia de 2008 “Era muito triste aquela situação toda, aqui na delegacia enfrentamos duas cheias, precisávamos ser fortes e ainda dar apoio e amparo para nossa gente, mas até a equipe estava fragilizada”, se emociona a policial.
Kiera Silva, de 40 anos, é empresária, casada, mãe e atual vice-presidente da Associação Empresarial de Gaspar (Acig). Aos 31 anos, ela abriu as portas do seu próprio negócio: a Mundi Import & Export. É formada em Comércio Exterior e pós-graduada em Economia Internacional em Lisboa, Portugal. Kiera conta que descobriu a paixão pela profissão aos 17 anos em uma viagem para Curitiba, ao visitar a irmã de uma amiga que atuava na área.
Aos 18, trancou a faculdade e decidiu fazer o intercâmbio Au Pair nos Estados Unidos, onde além de ser babá, trabalhou como garçonete nas horas vagas. Neste período cursou inglês para negócios na Harvard Business School, em Boston. Essa experiência abriu horizontes para o mundo.
Ao retornar do intercâmbio, ingressou na multinacional Bunge. Ela conta como foi a experiência. “Quando entrei no Trading da Bunge, que é o coração da empresa no que tange às exportações de grãos para mundo inteiro, enxerguei no fato de todos da equipe serem homens à exceção de mim, uma excelente oportunidade de somar justamente pelas minhas diferenças, pela vantagem que é ter uma equipe diversa em gênero”, recorda.
Rapidamente, ela se destacou e tendo participado ativamente das exportações de milho brasileiro para o Irã, passou dez dias no país asiático. Lá, em uma agenda com diversas reuniões e visitas, pode sentir o atraso no desenvolvimento da mulher em uma sociedade majoritariamente masculina. Mesmo assim, Kiera teve total apoio de seus superiores, que sempre a incentivaram a seguir superando essas barreiras.
Exterior X família
Esse destaque profissional fez Kieri ser transferida e trabalhar pela Bunge em países como Espanha e Portugal. Em Lisboa ela gerenciou por três anos a equipe comercial de grãos, que era composta apenas por homens portugueses. Com uma carreira em ascensão, ela escolheu retornar para o Brasil para constituir sua família. “Era muito tentador ocupar um cargo como o meu em uma multinacional em outro país, porém eu queria construir uma família com raízes na minha terra, e esse desejo não necessariamente implicaria em abandonar a minha carreira, já que poderia iniciar meu próprio negócio no Brasil. Aliás, nesta altura enxerguei uma grande oportunidade em desenvolver atividades de comércio exterior para empresas de Gaspar e região”, conta.
Desta forma, Kieri retornou ao Brasil e, em 2014, abriu a Mundi em Gaspar. Hoje, a empresa atua em importações e exportações para clientes de diversos segmentos, dentre eles o têxtil, alimentício, metal mecânico, elétrico, farmacêutico e químico. Além de coordenar todo o processo desde a porta do fornecedor na origem do produto até sua entrega no destino final, a Mundi realiza missões empresariais internacionais coordenadas pela própria Kieri em viagens de pesquisa de mercado em países de interesse comercial para seus clientes.
Além de suas atividades como mãe e empresária, Kieri também é vice-presidente da Acig, onde atua fortemente em programas de educação, associativismo e empreendedorismo. Além de ser voz ativa junto ao Poder Público nos pleitos dos associados da entidade, tais como: diagnóstico das ações relacionadas ao Título de Capital da Moda Infantil, reforma tributária, infraestrutura, entre outras.

Sala da Procuradoria da Mulher vai passar a se chamar Marli Aparecida de Lima

Boas histórias inspiram, mas também existe um histórico de violência contra as mulheres que não pode ser varrido para debaixo do tapete. Por isso, a Câmara Municipal de Gaspar decidiu homenagear e relembrar mulheres que foram vítimas de violência doméstica em Gaspar. Nesta semana, o plenário da Casa de Leis aprovou o PL que nomeia a Sala da Procuradoria Especial da Mulher com o nome de Marli Aparecida de Lima. A indicação é da bancada feminina da Câmara e aprovada por unanimidade.
De acordo com a justificativa, Marli Aparecida de Lima nasceu em 22 de maio de 1973, na cidade de Xanxerê (SC) e residia em Gaspar, no bairro Coloninha, desde 1992. Ela trabalhava como diarista e se mudou para o município para a cidade em busca de melhores oportunidades. Entretanto, sua vida terminou tragicamente após ter sido mais uma vítima de feminicídio. Marli foi friamente assassinada por seu ex-namorado que não aceitava o fim do relacionamento entre os dois. O crime aconteceu em 28 de agosto de 2014, na casa do assassino, no bairro Gaspar Grande. Após matá-la, o ex-companheiro a decapitou e jogou as partes de seu corpo no rio Itajaí-Açu. Somente a cabeça foi localizada, em Navegantes. A vítima era mãe de Vivian e Gabriel, que na época tinham 20 e 11 anos, respectivamente. Joaquim de Souza, na época com 53 anos, foi preso, confessou o crime e julgado acabou setenciado, em 2016, a 22 anos e quatro meses de prisão.
A presidente da Procuradoria, vereadora Mara Lúcia, destacou que a escolha do nome é uma forma de homenagear todas as mulheres que são vítimas de violência em suas diversas formas. “Chegamos a um consenso entre as integrantes da procuradoria para escolher o nome da sala e lembrar que é preciso que toda a sociedade não esqueça os crimes contra as mulheres, e que todos têm o dever de combate-los”, disse.
O presidente da Casa, vereador José Hilário Melato, disse que a Procuradoria tem um papel fundamental no apoio às mulheres gasparenses. “Nossas parlamentares empenham todo o esforço para buscar apoiar as mulheres e incentivar políticas públicas que são importantes para promover a dignidade feminina”, ressaltou. A inauguração foi marcada para o dia 26 de março às 16h, no Espaço Cultural da Câmara.
Números
Segundo o Observatório da Violência Contra a Mulher em Santa Catarina, e conforme dados da Secretaria de Segurança Pública, em 2023 ocorreram 56 feminicídios no Estado e foram requeridas 28.167 medidas protetivas conforme levantamento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Em 2024, no mês de janeiro, já foram registrados cinco feminicídios e requeridas 3.018 medidas protetivas. Somente na primeira semana de março, quatro mulheres foram assassinadas em SC: uma em Blumenau, duas em Joinville e uma em Gaspar.
Números em Gaspar
Segundo dados da Polícia Civil, foram registrados em 2023, 817 casos de violência doméstica em Gaspar, destes 366 casos foram declarados como ameaça e 151 por lesão corporal. O dia com mais registro é sábado com 21,68% e 28,31% das vítimas tinham de 35 a 44 anos. Além disso, duas mulheres morreram vítimas de feminicídio, os autores permanecem presos.
Eventos e ações na cidade
A Procuradoria da Mulher da Câmara Municipal de Gaspar vai realizar nesta quinta-feira, dia 7, a partir das 18h30 no Plenário da Câmara, às 18h30, uma palestra com as policiais militares Mileny Barros Cardoso Miguel e Gabriela Fernandez Vidal Sales que vão falar sobre o “Combate e enfrentamento da violência contra a mulher”.
Em sintonia com essa causa, a Prefeitura de Gaspar, por meio da secretaria de Saúde, lança uma série de ações voltadas para a promoção da saúde da mulher, que ocorrem entre os dias 9 e 23 de março. Entre as iniciativas destacadas está um mutirão dedicado à inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU) e consultas com médicos especialistas nas unidades de saúde do município
Barbieri Shows e Eventos promove na nesta sexta-feira, dia 8, mais um super evento no Restaurante Questão de Gosto no Poço Grande. O Show Gourmet, é uma festa pensada para comemorar em grande estilo o Dia Internacional da Mulher. Além de um delicioso jantar com frutos do mar, os convidados vão curtir os shows dos cantores Israel Lucero e Bia Barros e apresentação especial Dj Gilson Machado. O evento terá início às 20h e as reservas podem ser adquiridas através do WhatsApp wa.me/5547999402538 ou no site.
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