PA do Hospital de Gaspar registrou mais de 1.500 atendimentos somente nos primeiros oito dias de abril

Enquanto a Prefeitura estuda uma solução para desafogar o atendimento no Pronto Socorro do Hospital de Gaspar, a população segue enfrentando longas filas. A semana começou com muita espera no PA do hospital. O motivo continua sendo a epidemia de dengue que avança rapidamente em todas as regiões do estado. Desde o começo do ano, o número de casos aumentou e as medidas preventivas adotadas até aqui não estão surtindo o efeito esperado. Já são mais de 40 mil casos de dengue e chikungunya, de acordo com o Painel de Monitoramento disponibilizado no site da Secretaria de Estado da Saúde. E as notícias não são boas, pois a previsão é que a epidemia faça um número ainda maior de vítimas nos próximos dois meses. No final da tarde desta quarta-feira, dia 9, o Prefeito Kleber Wan-Dall decretou Estado de Emergência em Gaspar por conta da infestação pelo mosquito Aedes aegypti.

Aguardar atendimento médico por até quatro horas, em média, numa unidade de saúde não é nada agradável. Mas esse é o tempo que as pessoas com suspeita de dengue têm permanecido dentro das unidades de saúde do município. E não é por falta de profissionais, embora alguns estejam afastados por dengue. O motivo é o aumento diário do número de pessoas que procuram atendimento. Para se ter uma ideia, nos oito primeiros dias de fevereiro deste ano, o P.A do Hospital de Gaspar atendeu 983 pessoas. Já nos oito primeiros dias de março, esse número saltou para 1.297 e, agora, de 1º de abril até segunda-feira, dia 8, 1.597 pessoas já haviam passado pelo atendimento de emergência do hospital gasparense. O atendimento a um paciente com suspeita de dengue leva mais tempo, por exemplo, que o de um com sintoma leve de Covid-19. Por isso, as filas de espera.

A Prefeitura de Gaspar abriu uma Central de Hidratação e deve ampliar para uma Central de Atendimento Dengue (CAD) ainda essa semana, também para diagnóstico da doença, a exemplo do que já acontece em outras cidades da região. A dificuldade é a falta de profissionais, já que todas as equipes da Secretaria de Saúde e do Hospital de Gaspar estão trabalhando com carga horária máxima. “A secretaria de saúde está avaliando diversas opções com relação ao atendimento de pessoas com sintomas de dengue. Estamos encaminhando contratação de profissionais, verificando a viabilidade de espaços para ampliação do atendimento, entre outras opções”, informou a Diretoria de Comunicação da Prefeitura, lembrando que a principal medida ainda é a prevenção. “Precisamos reforçar que a população tem que fazer a parte dela na eliminação dos focos e criadouros, utilizar repelente, e atender ao chamado da secretaria de deixar portas abertas nos dias de fumacê”.

Em Blumenau, onde a situação é considerada muito grave, com mais de 22 mil casos confirmados da doença e 8 óbitos somente este ano, a Prefeitura decidiu manter a CAD aberta 24 horas, todos os dias da semana, incluindo feriados. A ampliação do horário busca reduzir o tempo de espera dos pacientes e garantir o acesso à medicação.

Em Gaspar, o atendimento a um paciente com sintomas mais graves de dengue chega a 8 horas, desde o momento em que ele chega à unidade de saúde até a sua liberação ou internação. Pacientes com febre, vômito, diarreia, manchas no corpo e sangramento requerem maior atenção e exames, como o hemograma que verifica a quantidade de plaquetas por microlitro de sangue. 

O exame leva cerca de 2 horas para o diagnóstico. Se o resultado for abaixo de 150 mil plaquetas, o paciente precisa ser monitorado, pois aumenta bastante o risco de hemorragia. Em alguns casos, o paciente acaba internado. Já os casos considerados leves, onde os sintomas são dor no corpo e dor de cabeça, por exemplo, o médico pode decidir em não encaminhar o paciente para a reidratação e orientá-lo a realizar o tratamento em casa.

Central

A Central de Hidratação Dengue de Gaspar fica junto à Policlínica Municipal, no bairro Sete de Setembro, porém, somente são atendidos pacientes encaminhados pelas unidades de saúde já com diagnóstico de dengue confirmado. Porém, a informação é que as unidades de saúde dos bairros distribuem dez senhas pela manhã e outras dez no período da tarde, o que é insuficiente para atender a alta demanda de pessoas com sintomas de dengue e, por isso, o hospital é para onde a maioria das pessoas está se dirigindo. A Diretoria de Comunicação da Prefeitura, porém, esclarece que esse número de 20 consultas/dia por unidade de saúde é variável. “Varia muito conforme o que já tem de agendamento e os atendimentos prioritários”. Ainda de acordo coma a Prefeitura, o médico da ESF (Estratégia da Saúde Família) atende, em média, 26 pacientes por dia. A Prefeitura de Gaspar segue oficialmente sem Secretário de Saúde, porém, nesta terça-feira, dia 9, o vereador José Carvalho Junior, o Dr. Junior, anunciou que irá assumir a pasta.