O Governo do Estado do Rio Grande do Sul já confirmou seis óbitos.
O risco alto de ocorrências associadas às intensas rajadas de vento se confirmou nesta segunda-feira, 4, após alerta da Defesa Civil de Santa Catarina. O temporal levou a destelhamentos, quedas de árvores e postes e danos na rede elétrica, a maior parte concentrada em municípios da região Oeste do estado. As rajadas de vento ultrapassaram 100km/h em alguns municípios catarinenses. Em Gaspar, a Defesa Civil não registrou nenhuma ocorrência relacionado à chuva, porém, alguns bairros da cidade ficaram sem energia elétrica.
Uma pessoa morreu na cidade de Jupiá, no Oeste do estado, depois que uma árvore caiu sobre um veículo. A tempestade atingiu fortemente o norte do Rio Grande do Sul, provocando a morte de seis pessoas até agora. Por causa da tempestade, várias regiões do norte gaúcho estão às escuras. O acesso a algumas localidades, como a da cidade de Muçum, somente é feito por barco ou helicóptero, pois 80% da cidade está debaixo d´água.
Segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, a Região Sul do país está sob influência de uma frente fria e de sistemas de baixa pressão, que se desloca em direção ao mar. Toda essa instabilidade ainda é reforçada pelo fluxo de calor e umidade da região amazônica.
A chuva e os temporais começaram pelo Grande Oeste no final da tarde de sexta-feira (1º) e se estenderam para as demais regiões do estado no sábado (2), domingo (3) e segunda-feira (4).
Um destes temporais atingiu, no último domingo (3), a cidade de Ituporanga, no Alto Vale. A impressionante sequência de raios “riscando o céu” e também uma nuvem popularmente conhecida por “prateleira” foram registrados pelo fotógrafo Franciel, da Franciel Imagens Aéreas.
De acordo com o meteorologista Piter Scheuer esse tipo de nuvem é chamada de Shelf Cloud. O fenômeno aparece justamente no período que antecede uma tempestade, favorecendo a incidência de fortes rajadas de vento e até granizo. “É uma poderosa corrente de ar quente que está subindo e que ao encontrar aquela camada mais gelada na baixa atmosfera e o ar em movimento, causa a aparência mais assustadora. É o movimento acelerado das nuvens de prateleira, em alguns casos, pode provocar tempo severo, enquanto outras somente trazem mudanças na temperatura e depois chuva”. A Defesa Civil reitera a necessidade de acompanhar diariamente os avisos e boletins de previsão do tempo.
Rio Grande do Sul
O governo do Estado do Rio Grande do Sul está mobilizado no suporte aos municípios afetados pelos temporais que ocorreram nos últimos dias. Helicópteros e embarcações do Executivo estadual estão atuando no socorro aos moradores das cidades atingidas.
A Polícia Rodoviária Federal e o Exército Brasileiro também cederam aeronaves e embarcações para as ações de salvamento. O atendimento será reforçado na região do Vale do Taquari, uma das áreas mais afetadas. Os helicópteros estão salvando pessoas avistadas sobre árvores e telhados, além de pacientes ilhados em hospitais – como ocorreu na cidade de Roca Sales, onde dez pessoas foram resgatadas e levadas para o hospital de Estrela.
Os números acerca dos danos causados são atualizados em tempo real e alterados a todo instante. Até o início da tarde desta terça-feira (5/9), a Defesa Civil registrou 62 municípios afetados. Seis óbitos foram confirmados: um em Mato Castelhano, um em Passo Fundo, dois em Ibiraiaras, um em Estrela e um sobre o Rio Taquari. A Defesa Civil e Corpo de Bombeiros acreditam que possam existir mais pessoas desaparecidas em áreas onde as equipes de resgate ainda não conseguiram chegar. Um homem morreu eletrocutado em casa ao ser atingido por uma descarga elétrica em Passo Fundo. Ele chegou ser levado ao hospital, mas não resistiu. A descarga foi provavelmente provocada por um raio. Também na parte da manhã, o Corpo de Bombeiros localizou no Rio Piraçuce, em Mato Castelhano, o corpo de Cristiano Schuslei, de 41 anos. O rio transbordou e o motorista não conseguiu controlar o veículo, que foi arrastado para dentro do rio. Um passageiro que estava no veículo conseguiu se salvar.
No município de Ibiraiaras, um casal morreu ao tentar atravessar de carro uma ponte na localidade de Santa Clara. De acordo com a Defesa Civil, o carro foi arrastado pela correnteza. Uma idosa morreu durante uma tentativa de socorro sobre o rio Taquari, em Lajeado. De acordo com informações iniciais, o cabo que era utilizado para resgatá-la até um helicóptero se rompeu. O policial socorrista que atuava no resgate está gravemente ferido.
O governador Eduardo Leite lamentou cada uma das mortes e afirmou que a prioridade, neste momento, é evitar outras perdas humanas. “Os esforços estão concentrados em salvar vidas, no resgate e na proteção das pessoas. Desde as 7h da manhã, assim que houve condições de voo, os helicópteros do governo do Estado se mobilizaram para fazer os resgates nas comunidades mais afetadas, especialmente na região do Vale do Taquari”, destacou.
Leite disse que está em constante contato com a Defesa Civil e com os prefeitos das cidades afetadas e que, assim que for possível, se deslocará até as áreas atingidas a fim de acompanhar os trabalhos e garantir todo o suporte necessário às famílias e aos municípios nas ações de reconstrução.
Estima-se que mais de 25 mil pessoas foram afetadas em todo o Rio Grande do Sul. No momento, não há desaparecidos nem desabrigados. O número de desalojados caiu de 2.649 para 215. A Defesa Civil contabilizou também 309 casas destelhadas e três destruídas.
O Estado registrou queda de granizo, ventos fortes e tempestades, com transtornos associados (como enxurradas e inundações). Os estragos ocorreram, principalmente, na região dos Vales, no Norte e na Serra gaúcha. O rio Taquari chegou a atingir a cota de inundação em Muçum, Roca Sales, Lajeado, Estrela, Arroio do Meio, Encantado e Colinas. Em quase todos esses municípios, houve a retirada de famílias de forma preventiva.
A Defesa Civil está monitorando continuamente a situação das bacias hidrográficas. No momento, o Taquari segue acima da cota de inundação nas estações Muçum, Encantado e Estrela. Já o rio Caí ultrapassou esse nível em São Sebastião do Caí e Montenegro.
Além do atendimento à população, o governo está trabalhando para desobstruir acessos bloqueados. Em alguns municípios, há pontes submersas ou interditadas. As enxurradas provocaram também a ruptura da ponte que liga Farroupilha a Nova Roma, com a queda de uma das cabeceiras.
Segundo a Defesa Civil, a previsão é de que as chuvas deem uma trégua nesta terça, retornando na quarta-feira com temporais e elevados acumulados pela região de fronteira com a Argentina e Campanha gaúcha. Na quinta, as chuvas continuarão atuando na metade Sul do Estado, com condições para transtornos devido aos elevados volumes de chuva. A tendência é de que, na sexta, as instabilidades avancem sobre as demais regiões do Estado com chuvas pontualmente fortes.
Estradas bloqueadas
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informou que o grande volume de chuva que atingiu o norte do Rio Grande do Sul provocou alterações no tráfego da região. Dezenas de estradas estão bloqueadas. O Daer está monitorando a situação das rodovias para que o tráfego seja restabelecido o mais breve possível, dentro das condições de segurança necessárias para os usuários.
Doações
A população pode ajudar as famílias atingidas fazendo doações, especialmente de gêneros alimentícios não perecíveis, produtos de higiene e limpeza, agasalhos, roupas de cama e colchões. Esses itens podem ser entregues em todos os pontos de coleta da Campanha do Agasalho. No caso específico da doação de colchões, a entrega deve ser feita na Central de Doações da Defesa Civil, no Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), em Porto Alegre.
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