Daniel Zuchi: Estrada, família e perseverança

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09/10/2025 15:39
HISTÓRIA DE VIDA

Daniel Zuchi: Estrada, família e perseverança

Por Alexandre Melo

 Publicado 09/10/2025 15:31  – Atualizado 09/10/2025 15:39

Na parede de casa, Daniel guarda lembranças de cinco gerações da família
  • Na parede de casa, Daniel guarda lembranças de cinco gerações da família (Fotos: Alexandre Melo/Jornal Metas)

A história de um dos mais conhecidos caminhoneiros da cidade de Gaspar, que completou 80 anos

No último dia 4, o gasparense Daniel Zuchi reuniu a família e os amigos para celebrar 80 anos de vida. O palco da festa foi o sítio de um dos filhos, no Bairro Barracão, local que testemunhou a construção de boa parte de sua trajetória. É uma história de vida notável, tecida com os fios fortes do trabalho incansável e o caloroso suporte do amor familiar.

Nascido no Gaspar Mirim, Daniel é o segundo de dez filhos de Santo e Olívia Zuchi, e carrega no sangue a determinação dos bisavós italianos que, no início do século 20, migraram para o Brasil. Olhando para trás, Daniel diz que cada passo valeu a pena. “Hoje eu tenho a vida que nunca pensei que iria ter na velhice, mas tudo foi conquistado com muito esforço, trabalho e economia”, revela. Ele e a esposa, Enedir Graciola Zuchi, vivem hoje confortavelmente em uma residência na Rua Itajaí, Bairro Sete de Setembro.
O começo de tudo, no entanto, foi na roça, onde a subsistência era uma batalha diária. Ajudando o pai a plantar arroz e cana-de-açúcar, Daniel via o sustento da família ser tirado de um pequeno pedaço de terra. “Sobrava muito pouco, não mais do que 100 sacas de arroz por safra”, recorda.

O estudo, vital, foi o necessário para a alfabetização na Escola Aninha Pamplona. Depois, a vida impôs a rotina de trabalho. Aos 17 anos, Daniel chegava a cortar uma tonelada de cana por dia, transportando os feixes em carroça por estradas de chão batido até a Usina São Pedro, no centro da cidade, onde o produto era vendido. Essa luta diária de sobrevivência e resiliência moldou o caráter que o guiaria pelos seus 80 anos de vida.
Depois da baixa do Exército, Daniel teve uma breve passagem pela Círculo S.A, mas esse nunca foi o “seu chão”. A paixão sempre foi pelas estradas. Antes de se tornar motorista profissional, Daniel deu o passo mais importante da sua vida. Aos 22 anos pediu em casamento Enedir Graciola, uma jovem nascida no Alto Gasparinho e também criada na roça. Juntos, eles construíram uma união sólida, baseada no amor, respeito e cumplicidade, que perdura há 57 anos. Dessa união nasceram três filhos: Alcione, Almir (Mirinho) e Daniela, que já deram ao casal dez netos e um bisneto.

Olaria e Barracão

O início da vida do casal foi marcado por desafios. Primeiro, no trabalho árduo e desgastante em uma olaria, no Bairro Barracão, onde também construíram uma casa e passaram a morar. Em sociedade com o cunhado, Daniel fabricou tijolos por quatro anos. “Trabalhávamos da madrugada ao anoitecer”, relembra.
O trabalho sempre foi prioridade na vida desse simpático gasparense e torcedor do Fluminense: “Eu pensava: quero ser alguém na vida, por isso preciso trabalhar muito”, conta Daniel. A olaria, porém, não foi a melhor escolha e ele precisou recomeçar do zero. A saída foi se tornar motorista de táxi. Daniel foi o primeiro taxista do Barracão, o embrião da profissão que ele exerceria até se aposentar em definitivo, em 2015.

Depois do táxi, arrumou emprego como motorista de caminhão de uma empresa de Minas Gerias que atuava no setor de recuperação de estradas. Daniel viajou para diversos lugares do Brasil, mas acabou deixando a empresa depois de um acidente de trânsito. Voltou a boléia do caminhão meses depois como transportador de milho em Gaspar e região. Trabalhou como empregado por alguns anos até comprar seu primeiro caminhão em sociedade com o próprio patrão. A partir daí, a vida deu uma guinada.
Cada quilômetro percorrido, cada frete realizado, tinha um único propósito: a família.

“Eu entregava todo o salário para a minha mulher”, admite. Daniel trabalhou incansavelmente para dar o melhor à esposa e filhos. Economizou para adquirir alguns terrenos e comprar seu próprio caminhão. Ensinou, desde cedo, os filhos o senso de responsabilidade. Antes de se tornarem adultos, Alcione e Almir já limpavam valas e roçavam terrenos em Gaspar. “Eu sempre dizia: o pai dá o estudo, mas não pode dar roupa nem calçados para vocês. Vocês vão ter que trabalhar”.

Com a vida financeira mais tranquila, Daniel pode se desfazer de um terreno e um carro para comprar uma banca de feira em Blumenau. Assim, os dois filhos passaram a ter o próprio negócio A semente plantada rendeu frutos e os filhos avançaram para o ramo funerário. Daniel diz, com orgulho, que seus filhos construíram um bom patrimônio. Daniel só parou de trabalhar quando a esposa também se aposentou. No mesmo dia, ele vendeu o caminhão. Hoje, o casal desfruta de uma vida tranquila e merecida. A rotina de Daniel é acordar cedo e preparar o café para o casal; depois faz a sua caminhada matinal onde sempre para para conversar com um primo que tem um comércio na Rua Itajaí. Com a convicção de que “o trabalho não mata”, Daniel fez da sua vida uma jornada de sacrifício, sucesso e, acima de tudo, amor.

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  • Festa de 80 anos (Arquivo Pesssoal)

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  • Os pais Santo e Olívia Zuchi com filhos, irmãos e sobrinhos (Arquivo Pesssoal)

  • Servindo ao Exército, aos 18 anos (Arquivo Pesssoal)

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  • Na parede de casa, Daniel guarda lembrança de cinco gerações da família (Alexandre Melo/Jornal Metas)

  • Celebração de 50 anos de casados (Arquivo Pessoal)

  • Aniversário de 80 anos (Alexandre Melo/Jornal Metas)

  • A família Zuchi: Almir, Alcione, (Alexandre Melo/Jornal Metas)

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