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Antônio Marcos segue foragido; Dalva (no detalhe) foi sepultada nesta terça-feira, em Gaspar (Fotos: DIVULGAÇÃO)
Antônio Marcos, de 56 anos, pode ainda estar escondido na mata próxima ao local do crime
As polícias Civil e Militar de Gaspar e região continuam as buscas a Antônio Marcos da Silva, de 56 anos. Ele é o principal suspeito pelo feminicídio de Dalva Paterno, de 56 anos, sua ex-mulher, ocorrido no começo da tarde desta segunda-feira, dia 4, na residência de número 438, da Rua Olga Bohn, no Bairro Figueira, em Gaspar, onde Dalva morava.
Depois de cometer o crime, Antônio Marcos fugiu de bicicleta para o final da rua, onde entrou no mato e desapareceu. Câmeras de vigilância flagraram o momento em que o suspeito entrou na mata (veja vídeo).
A bicicleta foi localizada pela polícia a cerca de 100 metros mata adentro, porém, o suspeito até o momento segue foragido. A reportagem conversou com um familiar da vítima na tarde desta terça-feira, que contou que é possível que Antônio Marcos ainda esteja escondido na mata, já que ele conhecia bem o local. O suspeito era também consumidor de drogas e frequentemente utilizava aquela área para consumir entorpecentes.
O crime
Dalva e Antônio Marcos estavam separados havia algum tempo. Ela tomou essa decisão depois de conviver num relacionamento abusivo por muitos anos. Os três filhos a convenceram a se separar de Antônio Marcos. Porém, o ex-marido nunca se conformou com a decisão de Dalva e tentou reatar o relacionamento. Ela, no entanto, se negava a voltar a viver com o homem que por anos a humilhou e a agrediu.
Dalva chegou a comprar um terreno para ex-marido, para que ele construísse uma casa e a deixasse em paz, mas ele continuou a perseguindo e a ameaçando. Dalva registrou várias boletins de ocorrência contra o ex-marido. No final do ano passado, ela o expulsou de casa, registrou um novo boletim de ocorrência e solicitou à justiça medida protetiva. Porém, o ex-marido não cumpriu a decisão judicial e voltou a se aproximar e ameaçar Dalva. A mulher chamou a polícia várias vezes, mas o homem sempre conseguia escapar para a mata até que acabou preso por descumprir a medida protetiva. Solto meses depois, Antônio Marcos voltou a se aproximar de Dalva, sempre a ameaçando de morte. “Ele repetiu várias que um dia iria matá-la onde ela estivesse, infelizmente ele cumpriu o que prometeu”, lamenta o familiar.
Dalva voltou a registrar um boletim de ocorrência na semana passada e pedir proteção à Justiça. O pedido foi expedido pelo juiz na sexta-feira, dia 1º, e, no sábado, dia 2, entregue a Dalva ainda pela manhã. Segundo o familiar, como ela trabalhava das 22 às 5 horas da manhã, era comum ela chegar em casa e encontrar o ex-marido no interior da residência. Antônio Marcos ficou sabendo da nova medida protetiva e foi até a casa de Dalva tirar satisfação.
No momento, ela estava com uma de suas netas, de 8 anos. Antônio Marcos e Dalva discutiram e mais uma vez ela pediu que ele a deixasse em paz. Durante a discussão, ele chegou a tentar enforcar a ex-mulher usando as duas mãos. Isso foi presenciado pela neta. Antônio Marcos disse para a menina que era uma brincadeira entre eles e ela voltou a brincar no pátio.
Antônio Marcos seguiu discutindo e ameaçando Dalva até que, num momento de fúria, ele bateu com um utensílio doméstico (provavelmente uma sanduicheira) no rosto da mulher. Ela então caiu com a cabeça já ferida. Foi quando, ele pegou uma faca e golpeou Dalva nas costas. Em seguida, Antônio Marcos fugiu deixando a ex-mulher morta e a neta na residência. Algum tempo depois, chegou outra neta, de 15 anos, que encontrou o corpo da avó e ligou para a mãe desesperada, que chamou a polícia. A faca e o objeto que Antônio Marcos usou para agredir e matar a ex-mulher foram recolhidos pela polícia científica.
A reportagem do Jornal Metas entrou em contato com o delegado Felipe Martins, da Comarca de Gaspar, que está no comando das investigações, que informou que a equipe está na rua em busca do suspeito, mas até o momento ele não foi localizado.
Dalva foi sepultada na tarde desta terça-feira, no Cemitério Municipal do Bairro Santa Terezinha. Ela era funcionária, há 20 anos, da Círculo S.A, e nas horas de folga trabalhava como diarista para reforçar a renda. Dalva deixou três filhos – duas mulheres e um homem, seis netos e muitos amigos, já que era uma pessoa muito querida por todos que viviam à sua volta.
O Jornal Metas, por meio de sua diretoria e equipe de colaboradores, lamenta a tragédia e se solidariza com familiares e amigos de Dalva Paterno.
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- Feminicídio
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