Prefeito fez um balanço dos seis primeiros meses de governo, citando as dificuldades iniciais com a chuva, falta de maquinário e dinheiro e garantiu que tem quase fechada uma solução para o hospital

Completando seis meses à frente da Prefeitura de Gaspar, Paulo Norberto Koerich (PL) reconhece que o início do mandato foi desafiador. Segundo ele, a administração enfrentou entraves como a burocracia excessiva, dívidas herdadas, escassez de recursos e prejuízos causados pelas fortes chuvas de janeiro. Um combo perfeito para atrasar o planejamento e o programa de governo.

Apesar das dificuldades, Koerich destaca, nesta entrevista exclusiva ao Jornal Metas, os avanços conquistados nos primeiros seis meses e garante que há muito ainda por se fazer. “Estamos trabalhando por todo o município. Temos ações sendo realizadas, projetos em desenvolvimento e, no momento certo, vamos entregar resultados concretos para a cidade”, afirmou. A seguir, um resumo da entrevista, que pode ser conferida, na íntegra:

Primeiros meses mais difíceis que o esperado

Jornal Metas: Os primeiros seis meses de governo foram mais difíceis do que o senhor imaginava?

Paulo Koerich: Com certeza. Por mais que você se prepare, no dia a dia surgem situações inesperadas e desafios constantes. Isso exige mais esforço, energia e trabalho. Gaspar tem um enorme potencial, mas também grandes problemas a serem enfrentados.

Chuva, estrutura precária e a resposta da Defesa Civil

JM: Logo no início do ano, o senhor precisou lidar com os estragos causados pelas chuvas, a falta de máquinas e de serviços básicos como varrição e roçagem. Agora, parece que esses problemas foram contornados.

A situação crítica, segundo o prefeito, foi amenizada pela reativação imediata da Defesa Civil, com equipe técnica e equipamentos adequados. Porém, a galeria na Estrada Geral do Bairro Lagoa ainda o incomoda, porque a obra não foi executada. “Estamos finalizando o projeto para lançar a licitação, agora que os recursos do Estado chegaram”, justificou.

Investimentos históricos e obras prioritárias

Koerich foi questionado sobre o aporte de R$ 30 milhões do Governo do Estado como o maior já recebido por Gaspar. Ele explicou que R$ 10 milhões serão destinados à infraestrutura, especialmente à pavimentação de vias estratégicas para o desenvolvimento turístico e econômico da cidade.

Além disso, o Estado autorizou estudos para a construção de diques nos bairros Bela Vista, Sertão Verde e Sete de Setembro - uma demanda antiga da população atingida frequentemente por alagamentos.
Outros investimentos estão concentrados no Samae, e incluem a ampliação da ETA-2, novos reservatórios de água e a expansão do sistema de abastecimento. “Estamos também trabalhando para a construção de outro reservatório de água, também de 2,5 milhões de metros cúbicos, para abastecimento do Centro e de outros bairros da cidade

Na educação, o prefeito citou a ampliação do número de salas de aula. “Nós recebemos recursos que serão empregados para ampliação do número de salas de aula não só para absorver novos alunos, mas para a progressão escolar”. Koerich destacou ainda o credenciamento para 600 vagas em creches da cidade, além de alterações no horário de funcionamento de algumas unidades para melhor atender às famílias no período do recesso escolar.

Saúde e a busca por solução para o hospital

Jornal Metas: A questão da saúde é muito importante. O nosso hospital consome um grande volume de recursos que poderiam até ser canalizados para outras prioridades na saúde. Mas, o hospital continua sendo o calcanhar de Aquiles das administrações muncipais. O que o senhor pode nos trazer de novidade com relação ao hospital?

PK: Eu tenho conversado com pessoas que tem conhecimento de causa, que tem autoridade para tratar e para falar sobre gestão hospitalar, assim como também com instituições. Nós queremos dar um destino ao Hospital de Gaspar para que ele se torne também referência, para que possa bem atender as nossas demandas, às pessoas que lá recorrem. Para isso, ele tem que ter condições de operacionalidade, de funcionamento, de gestão e financeiro, porque o hospital também, quer queiram ou não, tem que caminhar com suas próprias pernas. Eu espero que em 90 dias, ter essa solução definitiva e que nós já possamos anunciar para a população.

JM: Essa solução passa pela pelo Hospital Santo Antônio, que esteve fazendo recentemente um trabalho de consultoria para o Hospital de Gaspar.

PK: Nós estamos conversando, nós estamos construindo essa solução, estamos tendo suporte do Governo do Estado e, em breve, eu podereir anunciar.

Terrenos da FURB e Arena Multiuso: o que fazer com eles?

Questionado sobre o terreno da FURB, adquirido pela administração anterior ao custo de R$ 14 milhões, Koerich lembrou que, com os juros, a dívida chega a quase R$ 22 milhões e deverá ser paga durante o seu governo. O prefeito explicou que a intenção é dar uso estratégico para a área, garantindo retorno financeiro para o município e citou ainda o imbróglio jurídico que persiste com relação à Arena Multiuso, uma área de 500 mil m². Koerich pretende incorporar essa área ao patrimônio do município, porém, enfatizou que não basta apenas ser o dono dessa e de outras áreas, é preciso saber o que fazer com elas. “Queremos ouvir a comunidade e definir, com responsabilidade, o melhor uso”, enfatizou.

Mudanças no secretariado

A Prefeitura também teve alterações importantes no primeiro escalão da equipe, como na Secretaria de Planejamento Territorial com as saídas do diretor e do secretário e na de Obras que segue sem titular desde o começo deste mês. Contudo, o prefeito considera essas saídas normais, pois ocorreram por motivos pessoais ou profissionais. Questionado especificamente sobre a pasta do Planejamento Territorial, que tem a importante missão de dar andamento à revisão do Plano Diretor, o prefeito lembrou que o Plano Diretor está sem revisão há 20 anos e será reformulado com apoio de instituições especializadas.

O objetivo é destravar o desenvolvimento urbano de forma sustentável e alinhada à realidade local. “Eu tenho a consciência do quão difícil é aprovar uma obra no município de Gaspar. Mas por que isso? Por causa da legislação que está em vigor. E não adianta a gente fazer uma colcha de retalhos”, argumentou.

Intervenção em obra federal e críticas

Recentemente, a Prefeitura interveio em uma obra de responsabilidade do DNIT, no acesso à Rua Albertina Maba, no Margem Esquerda, o que gerou críticas de setores da sociedade. Para Koerich, a ação foi necessária diante do descaso federal. Em reunião com o DNIT, em Florianópolis, o prefeito foi informado que a via não será pavimentada por falta de projeto e de recursos financeiros, e que o órgão não dispõe de equipe para a manutenção. Dessa forma, Koerich solicitou autorização formal para que a Prefeitura executasse serviços primários no acesso. “Eu lhe pergunto: É justo deixar aquelas pessoas sem a devida assistência? Não, né?” Koerich também solicitou a reabertura do acesso original e a construção de uma passarela, que agora está sendo tratada como prioridade pelo DNIT, porém, admitiu que o processo é lento e demorado.

Lições, arrependimentos e o compromisso com a cidade

Questionado se tem algo que nesses seis meses fez e não gostaria de ter feito ou algo que gostaria de ter começado de outra forma, o prefeito respondeu que, se pudesse, teria evitado perder tanto tempo com a burocracia. “Não gostaria disso, mas faz parte do processo administrativo. Por exemplo, na Secretaria de Saúde nós temos filas e trabalhamos para diminuir essas filas. Só esse ano, nós fizemos mutirões e atendemos mais de 4 mil pessoas nas especialidades cardíaca, neurológica e odontológica. Isso faz a diferença”. Respondendo às críticas de que tem aparecido muito em festas de igreja e de escolas, Koerich explicou que não o faz como cidadão comum, mas como representante do poder público. “Se eu fosse a festas, eu sentaria e ficaria lá, mas eu tenho às vezes que estar em três, quatro, cinco lugares no mesmo dia e às vezes até no mesmo horário. O que eu estou fazendo é levar a presença do Governo de Gaspar naquele ato”, rebateu.

Ao encerrar a entrevista, o prefeito Paulo Koerich garantiu que os próximos três anos e meio serão de entregas e de responsabilidade com o dinheiro público. “O nosso caixa é curtíssimo. O município não tem dinheiro, o recurso que tem será muito bem empregado em respeito à cidade e a todos nós gasparenses”.