
De Gaspar para a vice-reitoria: Ana Paula da Silveira se despede do IFSC local rumo a novos desafios em Florianópolis

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Dra. Ana Paula: "o mercado inovação e qualificação" (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
À frente do campus de Gaspar há mais de uma década, professora assume em agosto a vice-reitoria do IFSC, levando consigo a experiência de quem ajudou a transformar a unidade em referência estadual
Professora do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) há 15 anos, sendo 11 deles em funções de coordenação e direção, a professora de Letras (Português/Inglês), mestre e doutora em Linguística, Ana Paula Kuczmynda da Silveira, se prepara para deixar o campus Gaspar. Em agosto, ela assume a vice-reitoria do IFSC, em Florianópolis, ao lado do professor Zizimo Moreira Filho, eleito reitor.
Hoje o IFSC conta com 22 campus em Santa Catarina – o 23º está em construção – e quase 45 mil alunos. Ana Paula afirma que a experiência de mais de uma década à frente do IFSC Gaspar será fundamental para o novo desafio. Antes da despedida, ela conversou com a equipe do Jornal Metas, em entrevista concedida ao jornalista Alexandre Melo, que pode ser assistida na íntegra em nossos canais digitais, através do QR Code ao final deste texto.
Jornal Metas: Quando a senhora assumiu, o IFSC Gaspar tinha 800 alunos. Hoje são 2.500. Eram quatro cursos, hoje são quase 15. Que legado fica?
Ana Paula: Na época, tínhamos apenas cursos de qualificação profissional. Em 2011, vieram os primeiros cursos técnicos e, depois, os técnicos integrados, que atraem muitos estudantes. Hoje temos os Integrados em Química e em Informática, já consolidados como referência. Os cursos superiores vieram na sequência: Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Design de Moda e Processos Gerenciais. Em breve teremos o curso de Gestão Pública. Também implantamos especializações como Pesquisa e Prática Pedagógica e outra, a distância, com a Defesa Civil do Estado. Diversificamos bastante a formação continuada de professores, com ações em Gaspar, Blumenau, Pomerode e Navegantes. Desde 2014, somos referência também em cursos de línguas, todos gratuitos.
JM: E a senhora nunca deixou a sala de aula, mesmo como diretora, certo?
Ana Paula: Nunca deixei. Continuei atuando na formação de professores e em projetos de pesquisa e extensão na área de línguas. Em Blumenau, inclusive, nós temos uma iniciativa muito bacana de educação bilíngue nas escolas. Eu sempre estive trabalhando junto com a Secretaria Municipal de Educação de Blumenau na implantação desse projeto. A gente está na direção do campus, mas a gente não deixa de dar aulas.
JM: Os cursos do IFSC são voltados para o mercado de trabalho. Mas há falta de mão de obra qualificada e, ao mesmo tempo, sobram vagas em alguns cursos. A procura poderia ser maior?
Ana Paula: Os nossos cursos são todos afinados aos arranjos produtivos locais. Hoje o curso que nós temos com mais procura são os da área de informática. O superior de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e o Técnico Integrado em Informática. E tem um motivo. A absorção pelo mercado é muito ágil. Muitos dos nossos estudantes estão fazendo estágio nas empresas da região na área de gestão e negócios. Hoje nós somos muito conhecidos na região, mas essa é uma área em que nós temos mais oferta de cursos, não é somente o IFSC que oferece. Nós acreditamos que poderíamos ter mais procura pelos nossos cursos. Mudamos um pouco a maneira de ofertar esses cursos, aumentando um pouco a carga horária do EAD, já que é o que nós encontramos também nas outras instituições de ensino do nosso entorno. A área de vestuário também tem grande atratividade e não só os cursos tem grande atratividade, mas também os nossos profissionais, eles são muito bem acolhidos pelo mercado. Então entendemos hoje que temos bastante procura, mas acredito que isso poderia ser ampliado. Então o que a gente vem observando, sobretudo nos cursos superiores e nos cursos pós-médio, que são os subsequentes, é que depois da pandemia houve uma redução na procura, que também se refletiu nos índices do Enem, talvez numa percepção de que o ensino superior ou ensino pós-médio, não são mais tão importantes. E o que a gente observa agora é novamente uma elevação nessa procura. Exatamente porque a gente percebe que o mundo do trabalho, o mercado quer inovação e um profissional qualificado, ou seja, não somente a pessoa que tem um diploma, mas uma formação de qualidade.
JM: O crescimento do EAD impacta a procura pelo IFSC? Há o preconceito de que curso gratuito tem menos qualidade?
Ana Paula: O problema não é ser gratuito, mas o excesso de EAD de baixa qualidade. Há EADs excelentes no país; nós mesmos oferecemos o Técnico em Meio Ambiente com 80% EAD e 20% presencial. Mas, infelizmente, há muitas ofertas com baixa exigência, o que atrai estudantes que buscam um diploma rápido, sem tanta formação.
JM: Agora, como vice-reitora, o desafio será ainda maior. Está preparada?
Ana Paula: Vamos trabalhar para todo o estado. Somos uma rede com 22 campus implantados. O professor Zizimo, com 38 anos de carreira, dirigiu o maior campus do país, o de Florianópolis. Reitoria e campus precisam caminhar juntos. Queremos levar a experiência de Gaspar e de outros campus para todo o estado. Vamos fazer acontecer.
JM: A senhora está saindo de Gaspar, mas Gaspar não vai sair da senhora. Uma mensagem final.
Ana Paula: Primeiro, agradecer a maneira como Gaspar me acolheu, primeiro como chefe de departamento de ensino e depois como diretora. Hoje a gente fica muito feliz de ter um trânsito muito grande em todos os espaços. Isso é fundamental. Lembrar sempre a todos que estão nos lendo da importância dos institutos federais para o desenvolvimento do país e para o desenvolvimento da nossa região. Nós recebemos hoje muitos estudantes do Brasil inteiro que vêm fazer cursos conosco. Mas, nós gostaríamos sempre de mais estudantes de Gaspar. Mas, eu desejo que a professora Gláucia, que assume no meu lugar, e toda a equipe que estará com ela na gestão tenha um período de tanto sucesso quanto nós tivemos e peço que ela seja tão bem recebida quanto eu sempre fui em todos os meios. Seja na outros campuses administração municipal, seja aqui no Jornal Metas. Tivemos o prazer também de ter os meninos da Júlia e do Beto estudando conosco. Então, que a gente continue com esse diálogo, que essas portas estejam sempre muito abertas e a gente continue impactando aqui a região.
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