Irineu e Gertrudes renovam o matrimônio numa história repleta de bons exemplos e lembranças

Sob a benção de Frei Pedro da Silva, Irineu, 95 anos, e Gertrudes Claudina de Souza, 89 anos, renovaram seus votos de matrimônio na manhã da última segunda-feira, dia 26, ao completarem “Bodas de Mercúrio”. Foi nessa data, há 69 anos, que o casal subiu ao altar da Igreja Matriz São Pedro Apóstolo para oficializar, diante de Deus, uma relação de amor iniciada dois anos antes, quando Irineu, na época com 25 anos, se “enamorou” pela jovem Gerturdes, de apenas 18 anos. Isso aconteceu numa festa de casamento. “A minha família havia sido convidada e a mãe do Irineu era uma das cozinheiras da festa. Ali, nos conhecemos”, recorda dona Gertrudes. Durante o dia, nos festejos, Irineu não perdeu a oportunidade de se aproximar para conhecer a jovem pretendente. Ali mesmo começaram a namorar e não se largaram mais.

Depois de casados, eles foram morar numa casinha humilde nas terras do pai de Irineu, às margens da Rodovia Ivo Silveira, no Bairro Bateias, bem próxima de onde fica a atual residência. O casal foi sempre de muito trabalho. Irineu fez de tudo um pouco, plantou arroz, trabalhou em olarias e depois que adquiriu seu próprio caminhão passou a ser autônomo. Foi quando conseguiu comprar uma pedreira no Bateias que fornecia paralelepípedos para a construção civil e calçamento de ruas. Já dona Gertrudes foi sempre envolvida nos afazeres domésticos e na criação de dez filhos: nove homens e uma mulher.

Maria Mercedes admite, que por ser a única menina da casa, seu pai lhe dispensava mais carinho, porém, o tratamento era igual quanto o assunto era educação. Mercedes tem muitas lembranças dos momentos vividos em família e hoje agradece por toda a luta dos seus pais para que os filhos crescessem com honestidade. Hoje, eles retribuem essa dedicação com carinho e atenção. “Nós nunca ficamos sozinhos, eles (filhos) estão sempre por aqui”, revela dona Gertrudes.

A vida a dois só deu certo porque Irineu e Gertrudes têm muitas coisas em comum, principalmente a religiosidade. A família tinha por hábito frequentar as missas dominicais da Igreja São Pedro Apóstolo e na igrejinha Santa Luzia, construída nas terras dos Souza. Quando questionada sobre quantos filhos tem, Gertrudes responde de bate-pronto: “Só 10”. E logo se vê amor que tem pela linda família que ela e Irineu construíram. Os filhos deram ao casal 24 netos e, até o final deste ano, serão 20 bisnetos.
Cláudio de Souza diz que ver seus pais chegarem aos 69 anos de casamento é um orgulho. “Todo o casal quer ter uma longa vida a dois, mas poucos conseguem, nós temos o privilégio de ver o amor que une nossos pais há 69 anos”. Ele lembra das dificuldades que seus pais tiveram para criar os filhos. “Nossa família era muito humilde, meu pai era agricultor, mas nunca deixou faltar nada em casa”. O primogênito,

Mário de Souza, considera a data muito importante. “Não seis nem nove anos, são 69 anos de vida conjugal, poucos casais chegam nesta idade. Recebemos uma educação deles que não tem fim, que vamos levar para o resto das nossas vidas. Eles souberam nos educar muito bem”. Se pudesse voltar no tempo, Mário diz que gostaria de ver todos os filhos vivendo junto com os pais, como era até a década de 1970. “É uma lembrança forte”, acrescenta. Até bem pouco tempo, Irineu ainda cuidava da horta de casa e dirigia seu próprio carro, hoje não é mais possível. O importante é um dia após o outro, com saúde e todos unidos, é o que realmente faz sentido na vida.