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17/01/2025 23:35
CHUVAS EM GASPAR

Defesa Civil do Estado não conseguiu prever altos volumes de chuva e população foi pega de surpresa

Por Alexandre Melo

 Publicado 17/01/2025 22:54  – Atualizado 17/01/2025 23:35

  • Mapa mostra o alerta de risco mudando o alerta para estado de atenção (Fotos: DIVULGAÇÃO EPAGRI/DEFESA CIVIL DE SC)

O aviso de alerta vermelho foi disparado para os celulares da população quando a maioria das cidades já estava alagada

Assim como as cidades do Litoral de Santa Catarina, Gaspar e Ilhota não receberam da Defesa Civil do Estado o alerta prévio de chuva intensa e a população das duas cidades foram pegas de surpresa com o volume de chuva que caiu em 12 horas. A primeira informação da Defesa Civil de Gaspar, na quinta-feira, dia 16, não trouxe nenhum alerta para grandes volumes de chuva, apenas informava a população para os volumes registrados até aquele momento e orientava a população a ficar atenta. Leia, abaixo

O primeiro aviso emitido pela Superintendência da Defesa Civil de Gaspar
  • O primeiro aviso emitido pela Superintendência da Defesa Civil de Gaspar (Fotos: REPRODUÇÃO REDE SOCIAL)


Boletim emitido pela Superintendência da Defesa Civil de Gaspar
  • Boletim emitido pela Superintendência da Defesa Civil de Gaspar (Fotos: REPRODUÇÃO)

A chuva diminuiu no Litoral e quando parecia que tudo iria se normalizar, ela veio forte para o Vale do Itajaí, atingindo principalmente Gaspar e Ilhota, num volume poucas vezes visto: 220mm, segundo informou a Defesa Civil de Gaspar na manhã desta sexta-feira, dia 17.

A cronologia dos fatos

Às 20h de quarta-feira (15), a previsão da Defesa Civil do Estado era de “condição para chuvas nas regiões litorâneas, sobretudo entre a Grande Florianópolis e o Litoral Norte”, onde o risco para “alagamentos e enxurradas pontuais” estava classificado como “moderado” (observação) – com alerta amarelo e intensificação das chuvas somente após o meio-dia. A chuva forte veio praticamente 12 horas antes dessa previsão.

Às 9h de quinta-feira (16), já com diversas cidades enfrentando alagamentos, a Defesa Civil apenas estendeu a área de observação do alerta amarelo para o Vale do Itajaí e o Litoral Sul e somente às 13h30min, as regiões da Grande Florianópolis e do Litoral Norte foram colocadas sob alerta vermelho, indicando “risco muito alto” para “altos acúmulos” de chuva, “deslizamentos e, principalmente, fluxo de detritos que acompanham as enxurradas”, e apenas às 14h55min o aviso do sistema ‘Defesa Civil Alerta’ chegou aos celulares da população.

O aviso chegou à população quando as cidades já estavam cobertas pela água
  • O aviso chegou à população quando as cidades já estavam cobertas pela água (Fotos: REPRODUÇÃO INTERNET)


Nas redes sociais da Defesa Civil, a falta de previsibilidade para o volume das chuvas em Santa Catarina e a demora para atualizar o alerta foram criticadas pelos seguidores. “Muita gente podia ter evitado perder carro e não sair de casa se fossem alertado com antecedência”, comentou uma internauta. “É revoltante perceber o verdadeiro descaso na gestão de alertas à população em relação às fortes chuvas recentes. Não faz sentido que os avisos só sejam emitidos quando a cidade já está alagada, com moradores enfrentando perdas e situações de perigo”, disparou outro internauta.

Explicação

O Meteorologista Chefe da Defesa Civil do Estado, Felipe Theodorovitz, gravou um vídeo ainda na tarde de quinta-feira onde afirma que “os modelos de previsão do tempo tem dificuldade em estimar os volumes de chuva previstos por conta da geografia do litoral.
Diante da polêmica que se criou nas redes sociais, a Secretaria da Proteção e Defesa Civil e EPAGRI se manifestaram na tarde desta sexta-feira, dia 17. “As ferramentas e modelos de previsão disponíveis apontavam uma condição de chuva em torno de 50 a 70mm para a região entre a Grande Florianópolis e Litoral Norte catarinense, conforme divulgado à população. Porém, nenhuma dessas ferramentas indicava, até o dia anterior, quarta-feira (15), os valores extremos que ocorreram entre os dias 16 e 17/01”, afirmaram.
A nota segue explicando que, para elaborar as previsões, são utilizados modelos globais rodados por centros americanos e europeus, além de modelos regionais rodados pelo INPE, INMET, EPAGRI, SDC-SC, Simepar, além de outros modelos rodados por empresas privadas que temos acesso. “Nenhum desses modelos apontavam para chuvas da magnitude que ocorreu. Muito pelo contrário, pela experiência dos meteorologistas da SDC, o aviso meteorológico foi emitido ao analisar condições potencialmente perigosas da circulação marítima que nenhum modelo indicava. Mesmo assim, os meteorologistas foram surpreendidos pela magnitude do evento”, justificaram.

Equipes de socorristas tiveram muito trabalho nos últimos dias
  • Equipes de socorristas tiveram muito trabalho nos últimos dias (Fotos: SECOM/SC)

Situação da emergência
No último boletim atualizado pela Secretaria de Proteção e Defesa Civil do estado, 13 municípios decretaram estado de emergência, entre eles Gaspar e Ilhota. Os outros 11 são: Camboriú, Governador Celso Ramos, Tijucas, Biguaçu, Florianópolis, Porto Belo, Balneário Camboriú, São José, Palhoça, Itapema e São Pedro de Alcântara.
A Defesa Civil de Gaspar também atualizou o número de ocorrências registradas durante as chuvas. No total, foram 121 atendimentos, sendo mais da metade alagamentos. Confira os números, abaixo.

Imagem aérea mostra área inundada em Gaspar
  • Imagem aérea mostra área inundada em Gaspar (Fotos: Prefeitura de Gaspar)

66 alagamentos: Incidentes em propriedades privadas e vias públicas.
9 quedas de árvores: afetando várias áreas da cidade.
36 deslizamentos: Ocorridos tanto em propriedades privadas quanto em vias públicas.
2 quedas de muro: Resultando em danos estruturais.
4 avaliações de engenharia: Para verificar a segurança e a integridade de edificações e áreas afetadas.
1 queda de poste: Comprometendo o fornecimento de energia elétrica em algumas regiões.
3 entregas de lona: Para proteção temporária das áreas danificadas.

Na manhã deste sábado, dia 18,o GRAC - Grupo de Ações Coordenadas, volta a se reunir sob o comando do prefeito Paulo Koerich para alinhamento de ações para o atendimento da população do município afetada pelas chuvas e manutenção dos serviços essenciais.

  • O primeiro aviso emitido pela Superintendência da Defesa Civil de Gaspar (REPRODUÇÃO REDE SOCIAL)

  • O aviso chegou à população quando as cidades já estavam cobertas pela água (REPRODUÇÃO INTERNET)

  • Equipes de socorristas tiveram muito trabalho nos últimos dias (SECOM/SC)

  • Imagem aérea mostra área inundada em Gaspar (Prefeitura de Gaspar)

  • Boletim emitido pela Superintendência da Defesa Civil de Gaspar (REPRODUÇÃO)

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