Viúva é suspeita de encomendar a morte de empresário de Brusque
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Edinei foi morto no dia 22 de fevereiro (Fotos: ARQUIVO PESSOAL)
Quase quatro meses depois, o corpo de Edinei da Maia foi localizado e a trama toda desvendada pela polícia
Policiais civis e do PPT (Pelotão de Patrulhamento Tático) de Brusque, juntamente com policiais civis de Indaial, Blumenau, da DFRV/DEIC e de militares rodoviários de Florianópolis conseguiram desvendar um mistério que durava quase quatro meses: o desaparecimento do empresário Edinei da Maia, 30 anos, proprietário da Marmoraria Maia, em Brusque. Há cerca de dez dias, o corpo foi localizado em uma área de mata, no município de Canelinha. Na sexta-feira, dia 21, o delegado Alex Bonfim Reis, que comanda as investigações, deu detalhes do crime e como se chegou aos autores e à esposa da vítima, suspeita de ser a mandante.
Edinei da Maia desapareceu no dia 22 de fevereiro, depois de sair de Brusque em direção a Vidal Ramos, onde iria atender a um suposto cliente. O veículo da vítima foi localizado em Palhoça e foi fundamental para que toda a trama fosse desvendada. De acordo com o delegado Bonfim, a Polícia Científica realizou perícias no veículo e a policiais civis fizeram diligências e colheram depoimentos para rastrear pessoas que estiveram na posse do veículo. Dessa primeira etapa da investigação, duas pessoas foram presas temporariamente em São José e em Indaial, além de cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, em Palhoça, São José, Indaial e Blumenau. "Chegamos então as primeiras duas pessoas que tiveram acesso a este veículo, praticamente no dia em que foi relatado o desaparecimento do Edinei", conta o delegado.
Com o decorrer da investigação, mais duas pessoas foram presas de forma temporária em Blumenau e Angelina e foram cumpridos mais dois mandados de busca e apreensão em Botuverá. Na ocasião, foi apreendido um revólver com um dos investigados, culminando ainda em sua prisão em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
Alex Bonfim contou que a polícia conseguiu reunir provas substanciais da participação da esposa de Edinei no crime. Ela teria contratado um matador de aluguel, a quem ela já conhecia, para efetivar o crime e, este, teria contratado uma segunda pessoa para auxiliá-lo. A localização do corpo, no dia 15 de junho, levou ao pedido de prisão temporária dos demais envolvidos e novas diligências realizadas na manhã da última sexta-feira (21). Cinco pessoas foram presas, sendo uma delas a própria viúva, e foi dado cumprimento a sete mandados de busca e apreensão em Brusque e Gaspar. Uma espingarda foi apreendida com um dos investigados, o que levou a sua prisão em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
Em depoimento, a esposa teria dito que contratou o matador de aluguel porque o marido estaria cometendo violência doméstica contra ela e ainda abusando sexualmente de crianças, argumentos que, de acordo com Alex Bonfim, já foram descartados, embora a polícia tivesse localizado um boletim de ocorrência de violência doméstica datado de 2012.
A motivação mais provável do crime, de acordo com o delegado, é a questão financeira. “Eu não posso afirmar de maneira categórica, mas tudo indica que é a questão financeira, ela estava insatisfeita com o relacionamento, mas não queria separar e optou por uma forma criminosa de encerrar o relacionamento a assim permanecer com os bens da vítima”, sustenta o delegado. Ele revelou, ainda, que em mensagens trocadas com o matador antes da execução do crime, a mulher explicava como iria fingir o luto, o que falaria e com iria se comportar. O delegado também disse que chamou a atenção dos policiais, no primeiro depoimento da esposa, a pouco importância que ela deu para o desaparecimento do marido.
Plano e execução
O plano era que havia uma suposta pessoa necessitando de um orçamento para um serviço em Vidal Ramos, para que Edinei se deslocasse para a cidade logo pela manhã. Ao chegar no local marcado, ele foi rendido pelos criminosos, amarrado e colocado dentro do próprio veículo que seguiu para o Morro do Moura, que fica na divisa entre os municípios de Brusque, Camboriú e Canelinha, onde havia outras pessoas aguardando. Os criminosos obrigaram então a vítima a seguir por uma trilha na mata até o local onde foi executada com um instrumento contundente, mas que a polícia ainda não conseguiu identificar. Em seguida, os criminosos enterraram o corpo em uma cova. De acordo com o delegado, o plano foi minuciosamente traçado, inclusive, com a cova sendo aberta alguns dias antes da execução. Os criminosos teriam feito um churrasco no local enquanto realizavam o trabalho. O valor que cada um recebeu pela participação no crime, a polícia ainda está tentando apurar.
A operação, batizada de “Viúva Negra”, já identificou nove suspeitos e cumpriu treze mandados de busca e apreensão. Alguns dos presos já tinham passagem policial. Ao final do inquérito, os envolvidos devem ser denunciados pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, furto e receptação de veículo roubado e porte ilegal de arma de fogo.
De acordo com a 17ª Região Policial Civil de Brusque, as investigações vão continuar com as oitivas das pessoas identificadas e presas, com a finalidade de determinar a participação e a responsabilização exata de cada uma delas na trama criminosa.
Edinei foi sepultado no dia 18 de junho, no Cemitério Municipal Parque da Saudade, em Brusque. Ele era pai de duas crianças.
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