A natureza parece começar a cobrar da humanidade séculos de agressão

O tema meio ambiente é sempre muito atual, mas nos últimos anos se tornou ainda mais evidente diante das mudanças climáticas que vêm ocorrendo no planeta e seus efeitos para a humanidade. O Brasil, particularmente, vem sendo impactado pelas mudanças climáticas. Recentemente, o Rio Grande Sul viveu e ainda vive uma devastadora enchente - a maior da história do estado vizinho.
E não são apenas as mudanças climáticas que têm provocado o desequilíbrio do planeta. A ação do homem é também destruidora. A emissão de gases na atmosfera, o chamado efeito estufa, e o desmatamento desenfreado trazem como consequência o aquecimento global. Áreas e até regiões do planeta que, em décadas passadas, eram cobertas de vegetação se transformaram em verdeiros desertos (Leia matéria abaixo produzida pela Agência Brasil).

áreas desertificadas precisam ser restauradas sob pena de comprometer a vida humana

áreas desertificadas precisam ser restauradas sob pena de comprometer a vida humana
FOTO: ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL

Além de preservar as florestas que já existem, árvores precisam ser plantadas em todos os espaços possíveis do planeta que não são ocupados nem por zonas urbanas, nem destinados a agropecuária a fim de reduzir drasticamente o excesso de dióxido de carbono na atmosfera e conter o aquecimento global. Segundo estudo publicado pela revista Science, existem no planeta hoje cerca de 3 trilhões de árvores, número considerado insuficiente para conter o aquecimento global. Para buscar o equilíbrio, o homem precisaria plantar 1,2 trilhão de novas mudas de árvores, um número quatro vezes maior do que a totalidade de árvores existentes na floresta amazônica, por exemplo.

Florestas
“Seguramente podemos afirmar que o reflorestamento é a solução mais poderosa se quisermos alcançar o limite de 1,5 grau [de aquecimento global]”, disse à BBC News Brasil o cientista britânico e ecólogo Thomas Crowther, professor do departamento de Ciências do Meio Ambiente do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, e um dos autores do trabalho acadêmico publicado na Science.Por isso, o “mês verde”, que tem na data de 5 de Junho o Dia Mundial do Meio Ambiente, se veste de um significado relevante na conscientização para a preservação das reservas naturais do planeta, embora a recuperação da qualidade do nosso meio ambiente dependa de grandes decisões no âmbito governamental. Todavia, é fundamental que a sociedade entenda que os problemas climáticos terão ainda efeitos muito mais nocivos do que presenciamos hoje, ameçando de forma aterrorizante todo o tipo de vida do planeta, inclusive a humana.

Bilhões de terras estão degradadas, afirma a ONU

Há mais de 40 anos, o ambientalista Nereu Rios dedica sua vida em tempo integral a coletar sementes por onde passa, gerar mudas e, finalmente, contemplar as árvores que fornecerão mais matéria-prima para que o ciclo recomece. Mas nos últimos anos, essa rotina tem mudado desde que o pesquisador de campo percebeu que multiplicar algumas espécies começou a ficar mais difícil.
“No Mato Grosso do Sul, há uns dez anos tenho coletado amostras de pau-ferro [Libidibia ferrea] que dá a vagem, mas não dá a semente”, diz. Nascido em Dourados (MS) e atualmente vivendo em Campo Grande (MS), Nereu se divide entre as mudas do viveiro em que trabalha e os caminhos que percorre por todo o Cerrado para acompanhar de perto a diversidade fruto de seu trabalho. Junto com a mudança das plantas, ele também percebe a mudança no cenário.
“Passando por Olhos D´Água, próximo de Alexânia (GO), eu estava mostrando para o meu filho uns ipês-roxos [Handroanthus impetiginosus] que a gente coletava há uns oito anos e que agora eles estão morrendo, porque virou monocultura margeando a estrada e quando eles pulverizam o milharal sai matando tudo”, destaca.
O pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), André Andrade, explica que para produzir semente, a planta precisa de muita energia, que adquire pela fotossíntese e exige muita água e luz solar, mas com a mudança climática, o ciclo natural sofre um distúrbio.
“O que acontece com a mudança climática é que quando a gente tem períodos de estiagem muito grande, combinado com um ano de El Niño, como no final de 2023, tem muito sol, mas falta água, então, a planta para a fotossíntese que precisa, senão ela morre rápido, e como isso não consegue produzir a energia para gerar sementes”, explica.

A advertência também foi reforçada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que trouxe como tema para este 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o enfrentamento à desertificação e o desenvolvimento da resiliência à seca, alinhados com a declarada Década da Restauração de Ecossistemas. No centro da campanha está a frase: “Não podemos retroceder no tempo, mas podemos restaurar florestas, restabelecer os recursos hídricos e trazer o solo de volta. Nós somos a geração que pode fazer as pazes com a terra”.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), bilhões de hectares de terra estão degradados em todo o planeta, o que causa desertificação e mais seca. A organização alerta ainda que isso já afeta metade da população mundial, especialmente comunidades rurais e pequenos agricultores, o que põe em risco metade do Produto Interno Bruto (PIB) global e pode gerar insegurança alimentar em todo o planeta.
Andrade explica que a restauração de ecossistemas é tão importante porque tem se mostrado a solução mais rápida e efetiva para equilibrar tanto o ciclo da água, quanto o ciclo do carbono e evitar que o planeta aqueça ainda mais e que piorem as consequências, como secas e chuvas extremas.
“A restauração de grandes áreas é uma estratégia que a gente consegue fazer agora, em 20, 30 anos é possível investir pesado nisso, para que no futuro a gente alcance a transição de energia, porque existe um limite para o carbono que as florestas conseguem armazenar, existe um limite que a gente vai conseguir segurar essas mudanças a partir da vegetação nativa”, conclui. (FONTE: AGÊNCIA BRASIL)

  Mais de 1,2 trilhão de árvores precisam ser plantadas

Mais de 1,2 trilhão de árvores precisam ser plantadas
Divulgação

Gaspar adere ao Junho Verde
As ações em prol da preservação ambiental em Gaspar tiveram início no sábado (1º), durante o evento Comunidade em Ação, realizado na Área de Lazer do Bairro Bela Vista. A abertura oficial do Junho Verde, mês dedicado à conscientização ambiental, foi marcada pela distribuição de mudas de árvores nativas e exposição de animais taxidermizados.
A programação da semana segue com palestras sobre crimes ambientais e reciclagem em escolas e Centros de Desenvolvimento Infantil. Na quarta-feira (5), os fiscais ambientais Josué Asafe dos Santos e Alan Ricardo Rotta ministrarão palestras sobre crimes ambientais na Escola Dolores Kraus, às 8h25 e 13h45. Já pela tarde, às 14h, o tema reciclagem será abordado no CDI Nelson Alexandre Bornhausen, com palestra ministrada pelo Samae.
Na quinta-feira (6), o CDI Nelson Alexandre Bornhausen recebe novamente o Samae para palestra sobre reciclagem, também às 14h. Na sexta-feira (7), o biólogo Pedro Beduschi ministra palestra sobre educação ambiental no Lar Pequeno Anjo, às 8h30.
Ao longo do mês de junho, a programação do Junho Verde contempla diversos projetos educativos em diferentes instituições, como escolas, Centros de Desenvolvimento Infantil, APAE, AMA, Centro de Convivência do Idoso, Lar Pequeno Anjo e Espaço Terral.
As ações são organizadas pela equipe da Secretaria de Planejamento Territorial, por meio da Superintendência de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de promover a importância da preservação ambiental e da adoção de práticas sustentáveis na comunidade.

Sobre o Junho Verde
O Junho Verde é um movimento nacional que visa conscientizar a população sobre a importância da preservação ambiental. Em Gaspar, a Prefeitura Municipal organiza uma série de atividades durante todo o mês, com o objetivo de envolver a comunidade na construção de um futuro mais sustentável.