Cavalo Crioulo gasparense vai à final de competição na Expointer
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Eduardo e o cavalo crioulo Lanceiro do Fundo da Serra (Fotos: FOTO: DIVULGAÇÃO)
Animal, de propriedade do médico veterinário Eduardo Zimmermann, conquistou vaga para uma das principais competições da raça no país
Há algum tempo, Gaspar se destaca na criação de cavalos da raça Crioula. Hoje são mais de 20 criadores registrados na ABCCC (Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos), além de dezenas de proprietários de animais. O município promove, há dois anos, uma exposição de cavalos crioulos paralela à Expofeira, feira agropecuária organizada pela Prefeitura. A fama gasparense de bons cavalos crioulos atravessou fronteiras e, recentemente, deu ao Garanhão Lanceiro do Fundo da Serra uma das vagas para a final Morfológica da Expointer 2024, a maior feira agropecuária da América Latina e uma das maiores do mundo, que vai acontecer no final de agosto em Esteio-RS, região metropolitana de Porto Alegre-RS. No mesmo evento acontece a final do Freio de Ouro, outra importante prova entre cavalos crioulos. A premiação é a valorização do animal, que pode passar a custar dez vezes mais de antes da disputa.
O garanhão, de dois anos e seis meses, é uma sociedade da Cabanha La Frontera, do médico veterinário gasparense Eduardo Zimmermann com a Cabanha Fundo da Serra de São Joaquim/SC, administrada pelos irmãos Rosa: Cristiano, Murilo e Fabiano. É lá que o cavalo é criado. Eduardo conta que o animal ganhou o direito de participar da “Copa do Mundo” da raça Crioula depois de se destacar na 89ª Expozebu, a maior feira de gado zebuíno do mundo, realizada nos dias 2 e 3 de maio, em Uberaba-MG. Na ocasião, a Cabanha La Frontera, representando Gaspar, inscreveu três animais. Na categoria Incentivo (cavalos com menos de dois anos) a potranca Una Flor do Raúna, de um ano e quatro meses, foi a Grande Campeã, porém, por conta da idade não poderá participar da final no Rio Grande do Sul. Já na competição entre machos, Lanceiro Do Fundo da Serra levou o troféu Reservado de Grande Campeão, além de conseguir carimbar o passaporte para a Expointer 2024.
Paixão de berço
A paixão por cavalos, conta Eduardo, de 40 anos, começou ainda na infância e só aumentou depois que ele foi morar em Bagé-RS para cursar a Faculdade de Medicina Veterinária. De volta à cidade “Coração do Vale” há seis anos, depois de residir em outras cidades do Brasil e até no exterior, Eduardo montou a Cabanha La Frontera, que há 22 anos tem registro junto a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos. Eduardo é proprietário e criador de 30 cavalos da raça Crioula, entre éguas, potrancos e animais de competição.
A categoria Morfológica, como o próprio nome diz, avalia o animal pela sua morfologia. “Os juízes observam o passo, o trote e o galope do animal, porque não adianta ele ser bonito e não ter boa andadura”, explica Eduardo.
Segundo ele, chegar à final da Expointer é muito difícil, requer pesados investimentos no animal. “Durante todo o ano, trabalhamos focados em conseguir a vaga na final da Expointer e ela finalmente veio”, comemorou. Agora, ele diz que não pretende deixar escapar a oportunidade de trazer o prêmio para Gaspar. “Vamos atrás desse troféu, que é a Copa do Mundo da raça Crioula”, finaliza.
Origem espanhola
O cavalo Crioulo tem sua origem nos equinos Andaluz e Jacas espanhóis, trazidos da Península Ibérica no século XVI pelos colonizadores. Estabelecidos na América, principalmente na Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Peru e sul do Brasil. Muitos desses animais passaram a viver livres, formando manadas selvagens que, durante cerca de quatro séculos, enfrentaram temperaturas extremas e condições adversas de alimentação.
Essas adversidades imprimiram nestes animais algumas de suas características mais marcantes: rusticidade e resistência. Em meados do século XIX, fazendeiros do sul do continente começaram a tomar consciência da importância e da qualidade dos cavalos da raça crioula, que passou a ser preservada e ganhou notoriedade mundial a partir do século XX. Em 1932, foi fundada a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos - ABCCC, com a missão de preservar e difundir o cavalo Crioulo no Brasil. Hoje, o maior rebanho de cavalos Crioulos está no Rio Grande do Sul, seguido do Paraná e de Santa Catarina.
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