Em 1860 já se fazia cerveja

Blumenau, que chegou a ter oito cervejarias, voltou a produzir em 2002

Em 1860 já se fazia cerveja
Arquivo Histórico

No mercado nacional, Blumenau já ostenta o título de “Capital Nacional da Cerveja”, uma referência forte à colonização alemã em todo o Vale do Itajaí, a Oktoberfest - a segunda maior festa do chope do mundo, e à força de marcas como a Eisenbahn, cervejaria que mudou o mercado no país. Mas a tradição com a bebida mais alemã existe desde a colonização, em meados do século XIX. Já no início do século XX, Blumenau chegou a ter oito cervejarias, mas perdeu força após a Segunda Guerra Mundial. O renascimento da indústria cervejeira na região somente se deu em 2002.

1860 - a primeira cerveja

Colonizada por imigrantes alemães a partir de 1850, as primeiras garrafas da bebida foram abertas ainda nos primeiros anos, com produtos importados da Alemanha. O espírito empreendedor, no entanto, fez com que os moradores da colônia produzissem sua própria cerveja. Em 1860, com apenas 960 habitantes, era aberta a Cervejaria Hosang, do imigrante Heinrich Hosang, produzindo marcas como a cerveja Vitória. A empresa funcionou até 1923.

1875 - Rischbieter Brauerei
O sucesso do empreendimento de Hosang foi tanto que não demorou para a colônia receber outras iniciativas do segmento cervejeiro. Em 1975 surgia a Rischbieter Brauerei, cervejaria de Carlos Rischbieter - outro imigrante alemão. A fábrica ficou conhecida pela produção de três marcas de cerveja: Bavária, Favorita e Schwartzbier, chegando a produzir 100 mil garrafas/ano. A empresa funcionou até o ano de 1914.

1893 - Cervejaria Jennrich
Otto Jennrich nasceu na colônia Blumenau, em um local chamado de Barracão dos Imigrantes. Antes de ser um empresário da cerveja, ele foi funcionário do ramo, sendo empregado da Cervejaria Hosang, onde trabalhou até 1891. Depois de adoecer, ele pegou dinheiro emprestado do amigo Gustavo Pershun Sênior para construir sua própria fábrica de cerveja. A compra de um antigo botequim no bairro Itoupava Seca em 1893 deu início a cervejaria que fez história na cidade. Na década de 1940, a empresa foi negociada para a Cervejaria Blumenauense e, posteriormente, incorporada a Antarctica Paulista.

1898 - Cervejaria Feldmann
Fundada pelo alemão Heinrich Feldmann no bairro Vila Itoupava, a Cervejaria Feldmann carrega uma das maiores histórias do ramo na cidade de Blumenau, tendo funcionado até 1954. A fábrica chegou a produzir seis tipos de cervejas, sendo a Victoria e Bock as mais consumidas. A Feldmann foi a primeira empresa brasileira a produzir a cerveja tipo bock no Brasil, estilo que, posteriormente, cresceu por todas as regiões, com consumo mais elevado principalmente no inverno. No auge de sua história, nos anos 1940, a Feldmann chegou a produzir 2,5 mil garrafas/semana.

1954 a 1996 - O hiato
A Cervejaria Feldmann chegou a reabrir em 1960, mas sem produzir cerveja, apenas licores. Depois do seu fechamento, a cidade de Blumenau ficou sem uma cervejaria própria por décadas. Em 1996, a Continental, subsidiária da Brahma, tentou fabricar o produto no prédio do Biergarten, em frente a Fundação Cultural de Blumenau, mas sem sucesso. No mesmo ano, surgiu a Borck, na cidade de Timbó, focando na produção de cervejas de alta fermentação, o que não trouxe grandes resultados. A Borck decidiu, então, investir na produção de chope pilsen.

O polo cervejeiro renasce pelas mãos da família Mendes
Em 1997, um ano após o ressurgimento das cervejarias no Vale do Itajaí, os irmãos Bruno e Juliano Mendes viajaram para os Estados Unidos a fim de estudar na cidade de Boston. Até então, os dois conheciam cervejas especiais por intermédio do pai, Jarbas Mendes, que viajava, com frequência, para a Alemanha e trazia rótulos pouco comercializados no país. Foi no Norte dos EUA que Juliano e Bruno conheceram a marca Samuel Adams, fato que mudaria suas vidas e o mercado de cervejas especiais.

“A Samuel Adams é a maior cervejaria artesanal dos Estados Unidos e um orgulho da cidade de Boston. Eles trabalham não apenas a qualidade do produto, mas toda a harmonização, o ambiente. Foi, com certeza, a grande inspiração para nós”, comenta Bruno.

De volta ao Brasil, os irmãos Mendes estavam decididos a entrar no mercado cervejeiro, ao mesmo tempo em que havia um movimento para vincular a bebida a Blumenau e também na aposta em produtos especiais. “Blumenau era chamada de capital da cerveja, mas não produzia cerveja. Tinha essa imagem por causa da Oktoberfest”, lembra Bruno.

A Eisenbahn começou com a produção de quatro tipos de chope (Pilsen, Weiss, Pale Ale e Bock) e logo passou a investir em garrafas. “No começo, chamavam a gente de doido por investir nesse ramo. Mas sabíamos o que estávamos fazendo. Focamos em vender o nosso produto não só em Blumenau e região, mas também em outros estados do país.”, explica Juliano.

A Eisenbahn foi vendida em 2008 para o Grupo Schincariol, posteriormente vendido para a Brasil Kirin. A produção continua em Blumenau.

Em 2003, a Bierland foi inaugurada em Blumenau e a ZeHn Bier em Brusque. Depois vieram a Heimat em Indaial (2004), Schornstein em Pomerode e Das Bier em Gaspar (2006) e hoje só o Vale Europeu possui 12 cervejarias artesanais.

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