Do interesse a prática

Cresce o universo de pessoas interessadas em aprender o processo

Do interesse a prática

Produzir uma cerveja é algo muito mais complexo do que colocar ingredientes em uma panela para cozinhar. É uma verdadeira ciência, que exige muita concentração do cervejeiro durante as fases do processo, para que a cerveja saia do jeito que se pretende. A cada dia mais pessoas se interessam pelo universo das cervejas artesanais e caseiras, o que faz com que a demanda por cursos cresça bastante. Blumenau, cidade já conhecida pela forte cultura cervejeira, conta hoje com a Escola Superior da Cerveja e Malte, uma instituição que oferece uma série de cursos, workshops e até uma pós-graduação na área. No próximo ano, a escola pretende iniciar o curso de graduação. A Escola Superior da Cerveja e Malte foi inaugurada no dia 12 de março deste ano, durante o Festival da Cerveja.

Thomas Creutzberg, de 47 anos, é um dos muitos moradores de Blumenau que se interessou pela cerveja. Ele conta que fabricar cerveja artesanal é um desejo antigo que surgiu quando viu um amigo produzindo. “Sempre gostei muito de beber cerveja; a partir daquele momento surgiu o interesse em produzir minha própria bebida”, conta Thomas. Primeiro, ele pesquisou na internet; depois  decidiu participar de um workshop para adquirir conhecimento e avaliar a viabilidade de investir no equipamento para a produção própria. O curso foi proveitoso, Thomas conseguiu entender bem todo o processo de produção. “É preciso ter uma boa base para, então, criar combinações com o que já se sabe”, afirma.

O diretor geral da escola, Carlo Enrico Bressiani, explica que a empresa que mantém a escola atua na área da educação desde 2008, oferecendo cursos e pós-graduação em diversas áreas do conhecimento. Em 2012, a empresa começou a planejar um curso superior no ramo de cervejaria. Para isso, a instituição fez duas pesquisas. 

A primeira colheu informações de mercado e demanda, buscando saber se seria viável a instalação de um curso sobre cerveja. Descobriu-se que o mercado estava aquecido, mas ainda havia poucas pessoas com formação. “Há muitos bons cervejeiros no Brasil, mas que se formaram no exterior”, comenta Carlo. A segunda pesquisa teve como meta traçar o perfil das escolas cervejeiras alemãs, belgas e de outros países. Assim, identificou-se que havia demanda no Brasil, mas a oferta ainda estava no exterior.

Cursos

Os cursos da Escola Superior da Cerveja e Malte são divididos em três eixos: produção cervejeira (caseira e industrial), somellieria e gestão cervejeira (como administrar uma cervejaria, pub ou distribuidora). Há cursos em todas essas áreas, além de mini cursos, workshops, cursos básicos a distância e de pós- graduação. Ao todo, são mais de 100 cursos na área cervejeira, que podem ser consultados no site da escola (www.cervejaemalte.com.br). 

Os cursos a distância, explica Carlo, são todos de introdução e apenas teóricos, contando com apostilas de estudos e atividades. Desde a abertura da escola, mais de 500 pessoas já foram certificadas nos mais diversos cursos. A estrutura da escola já está preparada para receber o curso superior que deve começar no próximo ano. A estrutura conta com biblioteca, um biergarten (jardim da cerveja), salas de aula e informática, laboratórios de química, produção cervejeira (mini fábrica), degustação (mini pub) e home brew (para o curso de cervejeiro caseiro). “Nós sabíamos que precisávamos estar com tudo montado para a avaliação do MEC - Ministério da Educação, então pensamos em alternativas de utilizar este espaço enquanto não começa o curso superior”, revela Carlo.

O diretor conta que o projeto do curso superior já está sendo finalizado junto ao MEC e acredita que no segundo semestre de 2015 já será possível oferecer o curso. A escola conta ainda com um convênio internacional com a escola alemã Doemens Akademie, de Munique, e trará dois professores de lá para capacitar os professores da escola brasileira e assim garantir o padrão de qualidade. Em janeiro, novos cursos devem ser abertos, como o de beer sommelier e um que ensina a montar uma cervejaria. “A capacidade é de 650 alunos, de forma que conseguimos oferecer diversos cursos ao mesmo tempo. Esperamos casa cheia para o final de 2016”, destaca.

Processo complexo de fabricação

O processo básico de fabricação de uma cerveja não é simples. Há muitos detalhes que precisam ser levados em consideração para que se consiga o sucesso final. Se o seu desejo é produzir sua própria cerveja, pesquise e busque pelos cursos oferecidos na região. Aqui vão nove passos do processo básico.

Moagem

Processo da produção da cerveja, consiste em moer o malte da cevada

Cozimento

Adiciona-se o malte à água e ele é cozido em temperaturas entre 60ºC e 70ºC

Filtragem

Acontece para separar a casca (que será dispensada) do líquido e assim obter o mosto.

Fervura

Neste processo, o mosto é fervido por aproximadamente uma hora

Lúpulo

Adiciona-se lúpulo ao mosto, para garantir o amargor da cerveja

Resfriamento

O líquido é resfriado para 15ºC a 20ºC e é inoculado o fermento (leveduras)

Fermentação

Durante aproximadamente 10 dias, a cerveja é fermentada pelas leveduras

Maturação

Este processo em que a cerveja matura também dura aproximadamente 10 dias

Engarrafamento

Após estes processos, a cerveja pode ser engarrafada ou embarrilada e consumida.

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AcervA reúne 250 sócios

A Associação de Cervejeiros Caseiros de Santa Catarina (AcervA), com sede em Florianópolis, é outra instituição que costuma oferecer cursos para quem tem interesse em cerveja. Um dos cursos mais procurados é o para iniciantes, em que pessoas que nunca tiveram contato com a produção da cerveja caseira aprendam, na prática, como se dá o processo ao fazer uma brassagem (cozimento do malte para extrair os açúcares). Há, ainda, cursos de aperfeiçoamento, como o de análise sensorial, que ajuda a pessoa a detectar defeitos que podem ter acontecido na produção da cerveja.

A AcervA tem seis anos e é pioneira na formação cervejeira. “Nosso objetivo é justamente difundir a cultura cervejeira e hoje já contamos com mais de 250 associados em Santa Catarina”, afirma o diretor da AcervA no Vale do Itajaí, Fabiano Massaneiro, o Teco. Segundo ele, 90% dos alunos do curso básico não são sócios. Há uma média de três cursos por ano na regional do Vale do Itajaí e a entidade quer abrir outros, como o de análise de lúpulos e de Beer Smith (software que ajuda no desenvolvimento de receitas). “Os cursos mais avançados são abertos para a comunidade, mas geralmente apenas os sócios costumam fazê-los. Nós fazemos ainda encontros quinzenais, provamos as cervejas dos outros e trocamos ideias”, explica Teco. A associação tem ainda um fórum de discussão na internet, onde os sócios podem esclarecer suas dúvidas e pedir auxílio aos amigos. A entidade também costuma promover duas brassagens coletivas e um concurso de cerveja anual. 

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