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24/04/2025 17:24
ESPECIAL

Simplicidade e temas polêmicos marcaram pontificado

Por Kassiani Borges

 Publicado 24/04/2025 17:24

  • O Papa isolado durante a pandemia de COVID-19 (Fotos: DIVULGAÇÃO VATICAN NEWS)

Ao longo de seus 12 anos de pontificado, Francisco foi sempre muito simples. Optou por manter apenas a batina branca lisa, sem bordados, tecidos brilhosos, capas ou adornos. Essa escolha contrastou radicalmente com os trajes ricamente ornamentados de seus antecessores. Francisco também trocou o anel e o crucifixo de ouro por réplicas em metal. Na noite de sua eleição, recusou o manto vermelho com arminho branco - a mozzetta papal, símbolo da realeza espiritual do pontífice.

Também dispensou o uso dos tradicionais sapatos vermelhos, optando por continuar a usar seus sapatos pretos ortopédicos de couro, os mesmos que usava como arcebispo de Buenos Aires. Os sapatos vermelhos representam o sangue dos mártires cristãos e simbolizam que o papa caminha nos passos de Cristo.

Mas não foram apenas as vestes e adornos que quebraram regras na Igreja durante o pontificado de Francisco. Como papa, ele abordou questões complexas como as do meio ambiente, imigração na Europa e economia. Lançou diversos apelos à comunidade internacional por cessar-fogo em conflitos na Europa e no Oriente Médio. “Todas as nações têm o direito de existir em paz e em segurança e seus territórios não devem ser atacados ou invadidos. A soberania deve ser respeitada e garantida pelo diálogo e pela paz, não pelo ódio e pela guerra”, afirmou.

Francisco também combateu a pedofilia dentro da Igreja, com penas mais duras aos padres desvirtuados. Ele também reorganizou o Banco do Vaticano, encerrando milhares de contas suspeitas. Em janeiro de 2025, escolheu a freira Simona Brambilla para dirigir o departamento responsável por todas as ordens da Igreja Católica. Ela substituiu o cardeal brasileiro reformado João Braz de Aviz.

Milagre na Amazônia


As mudanças climáticas e a Amazônia também pautaram vários discursos do Papa Francisco. Em um dos seus últimos alertas, ele disse: “Se medirmos a temperatura do planeta, isso nos dirá que a Terra está com febre. Ela está doente. Precisamos nos comprometer com a proteção da natureza, mudando nossos hábitos pessoais e comunitários”. O papa demonstrava preocupação com o sofrimento dos mais pobres com os desastres ambientais. “Eles são forçados a deixar suas casas por causa de enchentes, ondas de calor ou secas”, enfatizou.

Francisco também se envolveu em temas polêmicos, encontrando resistência em alas mais conservadoras da Igreja, como a decisão de que padres podem administrar bênçãos a casais do mesmo sexo, desde que não façam parte dos rituais ou liturgias regulares da Igreja. Foi um defensor incansável dos direitos e da dignidade dos refugiados, migrantes e pessoas deslocadas à força em todo o mundo. Ele defendeu e manifestou-se incansavelmente em nome das vítimas da guerra e daqueles que foram forçados a fugir das suas casas. O seu pontificado causou atritos com a União Europeia e, particularmente, com o atual Presidente dos EUA, Donald Trump, ao dizer que a ideia de construir um muro entre os EUA e o México para conter a migração “não era uma atitude cristã”.

Um olhar sempre atencioso para o Brasil

Desde o início de seu pontificado, em 2013, o Papa Francisco direcionou importantes mensagens e pronunciamentos à Igreja no Brasil, seja em ocasiões especiais como sua viagem apostólica ao Rio de Janeiro ou por meio de comunicações enviadas a eventos significativos. Ao longo dos anos suas palavras abordaram temas essenciais para a Igreja brasileira refletindo sobre fé, justiça social, e o papel da Igreja no contexto atual do país.

Um dos momentos mais significativos da visita do Papa Francisco ao Brasil ocorreu em julho de 2013, durante sua viagem apostólica para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro. Ao longo do evento, Francisco fez diversos pronunciamentos abordando temas como fé, solidariedade, juventude e os desafios sociais enfrentados pelo Brasil. Em seus encontros com autoridades e com o clero brasileiro, ele fez um apelo enfático à Igreja no país, convidando-a a ser uma Igreja de serviço, escuta e acolhimento.

Durante a Santa Missa da JMJ, o Papa Francisco destacou que o melhor instrumento para evangelizar os jovens é outro jovem e fez um apelo aos sacerdotes e grupos de pastoral para que continuem a apoiar e acompanhar os jovens em sua missão. Ao concluir, ele afirmou que, ao levar o Evangelho, os jovens teriam a força para transformar o mal e construir um mundo novo, com o auxílio de Maria, Mãe de Jesus.

O Papa Francisco também fez pronunciamentos sobre as Campanhas da Fraternidade (CF), uma iniciativa anual que convida os católicos do Brasil a refletir sobre temas sociais e espirituais. Em várias edições da CF, o pontífice enviou mensagens de apoio e reflexão, incentivando a Igreja no Brasil a dar testemunho de solidariedade, justiça e fraternidade, especialmente em relação aos problemas sociais mais urgentes, como a pobreza, a desigualdade e o meio ambiente.

Ao longo de seu pontificado, o Papa Francisco se dirigiu aos bispos brasileiros em várias ocasiões durante as Assembleias Gerais da CNBB. Um dos principais temas recorrentes foi a sinodalidade, a ideia de uma Igreja que caminha junto com o povo, escuta as realidades locais e trabalha pela evangelização e pela justiça social.

As mensagens também reforçam o compromisso do Papa Francisco com os desafios enfrentados pela Igreja no Brasil, a valorização da ação pastoral em tempos difíceis e a importância de um testemunho de fé que se traduza em ações concretas em favor dos mais necessitados.

 

Novo Papa deve ser anunciado em até três semanas 

Conclave inicia logo após o sepultamento do Papa Francisco
  • Conclave inicia logo após o sepultamento do Papa Francisco (Fotos: FOTO: Vaticano News)

Quando o Papa morre ou renuncia ao cargo, a Sé Apostólica é declarada vacante. Durante esse período, o governo da Igreja Católica é administrado pelo Colégio dos Cardeais, mas com poderes limitados. Este Colégio, criado em 1.379, é também responsável por organizar a eleição do novo Pontífice. A previsão é que duas a três semanas, os católicos conheçam o seu novo Papa.

Os cardeais são bispos e arcebispos nomeados pelo papa para auxiliar em questões religiosas. A maioria dos cardeais está espalhada pelo mundo e dirige uma diocese ou arquidiocese. É o caso do gasparense Dom Jaime Spengler, atual arcebispo de Porto Alegre-RS, e que foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em dezembro do ano passado. Além de Dom Jaime, o Brasil possui outros sete cardeais, porém, um deles não poderá votar pois tem mais de 80 anos. Todos os religiosos integrantes do Colégio dos Cardeais podem ser eleitos o novo Pontífice (confira, ao lado, quem são os sete cardeais brasileiros com direito a voto).

O conclave inicia nove dias após o sepultamento do Papa. Dentro da Capela Sistina, cédulas de papel são entregues a cada cardeal, que escreve o nome do candidato escolhido abaixo das palavras “Eligo in Summun Pontificem” (latim para “Eu escolho o Sumo Pontífice”). Os cardeais não podem votar em si mesmos.

Durante o período de eleição do novo papa, os cardeais permanecem na Casa Santa Marta, dentro do Vaticano, e sem nenhum contato com o mundo externo.

O processo começa com uma missa especial na Basílica de São Pedro, conhecida como Missa pro Eligendo Pontifice (“Missa pela Eleição do Papa”). Depois, os cardeais seguem para a Capela Sistina, onde fazem um juramento de sigilo absoluto sobre o processo. Após cada votação, os votos são contados e queimados: se o Papa não for eleito, a fumaça gerada é preta; se houver um vencedor, a fumaça é branca, sinalizando ao mundo a escolha do novo líder da Igreja Católica. Para ser eleito, o candidato deve obter dois terços dos votos dos cardeais. Se, após várias rodadas de votação, nenhum nome alcançar essa maioria, as regras permitem que se vote apenas nos dois candidatos mais votados, facilitando a definição do novo Pontífice.

Nos últimos 100 anos, a escolha do papa que mais demorou foi a de Pio XI, em 1922, quando foram necessários cinco dias de conclave. Em média, a fumaça branca, que anuncia que o mundo tem um novo papa, surge em dois dias.

Após concluída a eleição, o cardeal escolhido é perguntado se aceita o cargo e qual será o seu nome papal. Uma vez confirmada a aceitação, ele se torna imediatamente o Papa e pode começar a exercer suas funções. Quem faz o anúncio é Cardeal Protodiácono no balcão central da Basílica de São Pedro, pronunciando a tradicional frase em latim: Habemus Papam! (“Temos um Papa!”). O novo Pontífice então aparece para saudar os fiéis e concede sua primeira bênção apostólica, a Urbi et Orbi. O Papa toma posse na Basílica de São João de Latrão, catedral de Roma, e inicia oficialmente seu ministério. O pontificado dura até sua morte ou eventual renúncia.

Sete dos últimos dez papas eram italianos

Pio X
  • Pio X (Fotos: foto: wikimedia)

Pio X
Nacionalidade: Itália
Eleito: 1903
Conclave: 4 dias
Pontificado: 11 anos

Bento XV
  • Bento XV (Fotos: Biblioteca do Congresso dos EUA )

Bento XV
Nacionalidade: Itália
Eleito: 1914
Conclave: 4 dias
Pontificado: 7 anos

Pio XI
  • Pio XI (Fotos: foto: Nicola Perscheid )

Pio XI
Nacionalidade: Itália
Eleito: 1922
Conclave: 5 dias
Pontificado: 17 anos

Pio XII
  • Pio XII (Fotos: foto: Michael Pitcairn )

Pio XII
Nacionalidade: Itália
Eleito: 1939
Conclave: 2
Pontificado: 19 anos

João XXIII
  • João XXIII (Fotos: foto: De Agostini Editore )

João XXIII
Nacionalidade: IItália
Eleito: 1958
Conclave: 4 dias
Pontificado: 4 dias

Paulo VI
  • Paulo VI (Fotos: Foto: Felici - TheDialog.org)

Paulo VI
Nacionalidade: Itália
Eleito: 1963
Conclave: 3 dias
Pontificado: 15 anos

João Paulo I
  • João Paulo I (Fotos: foto: Felici - TheDialog.org)

João Paulo I
Nacionalidade: Itália
Eleito: 1978
Conclave: 2 dias
Pontificado: 33 dias

João Paulo II
  • João Paulo II (Fotos: foto: White House/eua )

João Paulo II
Eleito: 1978
Nacionalidade:
Polônia
Conclave: 3 dias
Pontificado: 26 anos

Bento XVI
  • Bento XVI (Fotos: foto: Kancelaria Prezydenta RP )

Bento XVI
Eleito: 2005
Nacionalidade:
Alemanha
Conclave: 2 dias
Pontificado: 8 anos

Francisco
  • Francisco (Fotos: foto: Korea.net )

Francisco
Nacionalidade:
Argentina
Eleito: 2013
Conclave: 2 dias
Pontificado: 12 anos

Cardeais Brasileiros

Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP), 75 anos. Cardeal eleitor e criado em 24 de novembro de 2007, por Bento XVI.
  • Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP), 75 anos. Cardeal eleitor e criado em 24 de novembro de 2007, por Bento XVI. (Fotos: FOTOS: CNBB)

Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP), 75 anos. Cardeal eleitor e criado em 24 de novembro de 2007, por Bento XVI.

Cardeal João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (DF). Cardeal eleitor, criado em 18 de fevereiro de 2012, por Bento XVI.
  • Cardeal João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (DF). Cardeal eleitor, criado em 18 de fevereiro de 2012, por Bento XVI. (Fotos: FOTOS: CNBB)

Cardeal João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (DF). Cardeal eleitor, criado em 18 de fevereiro de 2012, por Bento XVI.

Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), 74 anos. Cardeal eleitor, o primeiro bispo brasileiro criado cardeal pelo Papa Francisco, em 22 de fevereiro de 2014;
  • Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), 74 anos. Cardeal eleitor, o primeiro bispo brasileiro criado cardeal pelo Papa Francisco, em 22 de fevereiro de 2014; (Fotos: FOTOS: CNBB)

Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), 74 anos. Cardeal eleitor, o primeiro bispo brasileiro criado cardeal pelo Papa Francisco, em 22 de fevereiro de 2014;

Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador (BA), 65 anos. Cardeal eleitor criado pelo Papa Francisco, em 19 de novembro de 2016.
  • Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador (BA), 65 anos. Cardeal eleitor criado pelo Papa Francisco, em 19 de novembro de 2016. (Fotos: FOTOS: CNBB)

Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador (BA), 65 anos. Cardeal eleitor criado pelo Papa Francisco, em 19 de novembro de 2016.

Cardeal Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (DF). Cardeal eleitor criado pelo Papa Francisco em 27 de agosto de 2022.
  • Cardeal Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (DF). Cardeal eleitor criado pelo Papa Francisco em 27 de agosto de 2022. (Fotos: FOTOS: CNBB)

Cardeal Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (DF). Cardeal eleitor criado pelo Papa Francisco em 27 de agosto de 2022.

 

Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM), eleitor, criado em 27 de agosto de 2022, pelo Papa Francisco.
  • Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM), eleitor, criado em 27 de agosto de 2022, pelo Papa Francisco. (Fotos: FOTOS: CNBB)

Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM), eleitor, criado em 27 de agosto de 2022, pelo Papa Francisco.

Cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB. Eleitor, criado em 7 de dezembro de 2024, pelo Papa Francisco.
  • Cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB. Eleitor, criado em 7 de dezembro de 2024, pelo Papa Francisco. (Fotos: FOTO: ARQUIDIOCESE DE PORTO ALEGRE)

Cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB. Eleitor, criado em 7 de dezembro de 2024, pelo Papa Francisco.

 

 

 

  • Frei Pedro da Silva: Pároco da Paróquia São Pedro (REPRODUÇÃO INSTAGRAM)

  • Cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB. Eleitor, criado em 7 de dezembro de 2024, pelo Papa Francisco. (FOTO: ARQUIDIOCESE DE PORTO ALEGRE)

  • Dom Rafael Biernaski: Bispo da Diocese de Blumenau (FOTO: JOSÉ ROBERTO DESCHAMPS/JORNAL METAS)

  • Conclave inicia logo após o sepultamento do Papa Francisco (FOTO: Vaticano News)

  • Cardeal João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (DF). Cardeal eleitor, criado em 18 de fevereiro de 2012, por Bento XVI. (FOTOS: CNBB)

  • Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador (BA), 65 anos. Cardeal eleitor criado pelo Papa Francisco, em 19 de novembro de 2016. (FOTOS: CNBB)

  • Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP), 75 anos. Cardeal eleitor e criado em 24 de novembro de 2007, por Bento XVI. (FOTOS: CNBB)

  • Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), 74 anos. Cardeal eleitor, o primeiro bispo brasileiro criado cardeal pelo Papa Francisco, em 22 de fevereiro de 2014; (FOTOS: CNBB)

  • Cardeal Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (DF). Cardeal eleitor criado pelo Papa Francisco em 27 de agosto de 2022. (FOTOS: CNBB)

  • Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM), eleitor, criado em 27 de agosto de 2022, pelo Papa Francisco. (FOTOS: CNBB)

  • Bento XV ( Biblioteca do Congresso dos EUA )

  • Bento XVI (foto: Kancelaria Prezydenta RP )

  • João Paulo II (foto: White House/eua )

  • João Paulo I (foto: Felici - TheDialog.org)

  • João XXIII (foto: De Agostini Editore )

  • Paulo VI (Foto: Felici - TheDialog.org)

  • Pio X (foto: wikimedia)

  • Pio XI (foto: Nicola Perscheid )

  • Francisco (foto: Korea.net )

  • Pio XII (foto: Michael Pitcairn )

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