Linha e agulhas nas mãos, o olhar é de concentração para não errar o ponto.

Linha e agulhas nas mãos, o olhar é de concentração para não errar o ponto. 
A cena se repete duas vezes por semana em sete escolas do município: Ivo D’Aquino, Ferandino Dagnoni, Frei Godofredo, Norma Mônica Sabel, Zenaide Schmitt Costa, Marina Vieira Leal e Agenor Zimmermann. Trata-se do projeto piloto “Círculo nas Escolas”. Em cada turma, em torno de 20 crianças passam uma hora e meia na companhia de uma professora que ensina pontos do tricô para a confecção de peças de inverno. A Círculo doa as linhas e paga a professora para que os estudantes aprendam artes manuais e possam gerar renda.
A estudante Tainara Martins Packer, 11 anos, faz parte do projeto na Ferandino Dagnoni. Além dos pontos da aula, ela comprou linhas do tipo pompom para aprender a fazer cachecóis diferenciados. “Quero aprender a fazer peças para ganhar dinheiro”, diz, empolgada, a jovem. O próximo passo de Tainara é aprender a fazer um bolero (modelo de casaco). Revistas da Círculo também são distribuídas entre os alunos, para que eles possam ir além do que é ensinado em sala de aula. A professora do projeto, Marlene Janning, 59 anos, é artesã da Círculo e explica que, antes de produzir qualquer peça, as crianças fazem pequenas amostras em que treinam as várias técnicas e pontos do tricô. O projeto da Círculo nas escolas de Gaspar é bem visto pela artesã. “Hoje em dia, as crianças não sabem mais fazer tricô. É um incentivo da empresa que garante que esta arte seja preservada”.

O programa tem a duração de seis meses, três em cada semestre do ano letivo escolar, e prevê o aprendizado de técnicas de tricô nos meses que antecedem o inverno. Nos outros três meses, as crianças aprendem a fazer crochê para confeccionar roupas leves e peças de decoração. Osni de Oliveira Júnior, coordenador de Marketing da empresa, explica que o Círculo nas Escolas visa incentivar as crianças a terem sua própria fonte de renda, agregando valor para que elas comecem a pensar em seu próprio negócio, ao mesmo tempo em que preserva as técnicas manuais de geração em geração. “Surgiu o questionamento sobre o futuro do trabalho artesanal, se havia a necessidade de se fazer um trabalho social na cidade. Juntamos, portanto, o útil ao agradável”. Há cerca de 150 crianças no projeto e não são apenas meninas. Há muitos meninos aprendendo o tricô para vender e ter seu próprio dinheiro ou ajudar em casa”, destaca Júnior. Os alunos aprendem e, muitas vezes, levam o conhecimento para casa. Este é o caso de Tassiane Cristina Ribeiro da Costa, 11 anos, que ensinou a irmã mais velha os pontos que está aprendendo nas aulas. Ela ainda quer aprender o ponto chamado “tijolinho” e o cachecol é a sua peça preferida.

Projeto em expansão 

O “Círculo nas Escolas” teve início no final de 2008. Começou aos poucos e hoje está em sete escolas do município. Júnior conta que há planos de expansão, sendo que no próximo ano o projeto deve deixar de ser piloto e se espalhar por outras cidades da região. No segundo semestre deste ano, novas escolas devem aderir ao projeto: uma do Rio Grande do Sul, uma do interior de São Paulo e uma de Brasília. A ideia é expandir o “Círculo nas escolas” a ponto de haver uma equipe na empresa responsável por cuidar apenas deste programa. Júnior deseja que, no futuro, o projeto consiga estar presente em todas as escolas do município e em algumas entidades assistenciais. A maior dificuldade da Círculo é encontrar professoras que conciliem o trabalho, a atividade de artesã da Círculo e ainda ensinar a técnica para as crianças nas escolas.

 

“Surgiu o questionamento sobre o futuro do trabalho artesanal, e havia a necessidade de se fazer um trabalho social na cidade. Juntamos, portanto, o útil ao agradável.

Osni de Oliveira Júnior