CNI ouviu 2.500 empresários do setor de transportes do país

O custo do frete representa, em média, 15% do preço final dos produtos, mostra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que ouviu 2.500 empresários de todo o país. Para 66% das empresas consultadas, o preço do frete é elevado. O modal rodoviário é indicado apenas para pequenas e médias distâncias, mas, segundo a pesquisa, somente 48% das indústriais escoam a produção em trajetos com média inferior a 500 quilômetros. As distâncias percorridas, em média, são de 885 km no país.
Os dados nacionais mostram que 38% das indústrias mudariam da operação de rodovia para outro modal, sendo que 28,5% optariam por transferir a operação para as ferrovias, caso houvesse condições de infraestrutura adequadas para o escoamento dos produtos.
A pesquisa também mostrou que existe uma enorme disparidade regional em relação às condições de infraestrutura e logística. De acordo com os dados, somente 25% dos entrevistados do Norte e do Nordeste consideram boas ou ótimas as condições de infraestrutura da região.
De outro lado, 64% dos empresários do Sudeste apontam as condições de infraestrutura regional como boas ou ótimas. Em seguida, os empresários da região Sul também mostram satisfação alta, de 57%, seguidos pela região Centro-Oeste, com 46%. A média nacional da pesquisa ficou em 56%.
O principal gargalo de infraestrutura apontado em todas as regiões é o transporte, com média nacional de 73%. No Norte, o índice é ainda maior – de 82%. Na sequência, aparecem o Sul (81% apontam o transporte como maior gargalo), Nordeste (76%), Centro-Oeste (73%) e Sudeste (68%).
“Quando avaliamos a situação das rodovias, ferrovias e portos das regiões Norte e Nordeste fica muito evidente a disparidade na qualidade desses ativos em relação ao Sul e Sudeste. Isso evidencia a necessidade de mais investimentos para reduzirmos o déficit de infraestrutura e o desbalanceamento entre as regiões”, afirma o gerente de Transporte e Mobilidade Urbana da CNI, Matheus de Castro.

Gargalos
A infraestrutura das rodovias foi a maior queixa dos empresários, apontada por 88% dos respondentes do Norte e por 62% do Sudeste. Em seguida, foi mencionada a infraestrutura das ferrovias como sendo um dos maiores gargalos para o transporte de carga no país – a maior parte, 40% entre os empresários do Sudeste, e a menor, 18% do Norte.
Os dados mostram ainda que os serviços de transporte por rodovias são avaliados como bons ou ótimos por 46% dos empresários. Entre as regiões, destaca-se o Sudeste, onde 59% consideram os serviços de transporte rodoviário bons ou ótimos. Em contraste aparece o Norte, com índice de somente 9% bom ou ótimo.
Quando questionados sobre as principais obras, os industriais mencionaram a melhora da infraestrutura das estradas – resposta de 49% dos entrevistados no Norte e de 31%, do Centro-Oeste; e ampliação/duplicação de rodovias – opção de 45% dos respondentes do Sul e de 23%, do Sudeste.

Ferrovias
A expansão da malha ferroviária foi a escolhida entre os empresários do Nordeste (34%), do Sul (34%) e do Sudeste (31%). Para os respondentes do Centro-Oeste (42%) e do Norte (28%), a conclusão das obras da Ferrovia Norte-Sul é a mais importante medida para o escoamento da produção das indústrias de suas regiões.

Frete
A avaliação sobre as ferrovias nacionais é positiva para apenas 16% dos entrevistados. No Centro-Oeste está concentrado o maior nível de satisfação, com 22% de bom ou ótimo. Em contrapartida, no Nordeste o índice de bom ou ótimo é de apenas 6% - por lá 45% dos empresários consideram as ferrovias ruins ou péssimas.
Os empresários do Norte e do Nordeste são aqueles que mais sofrem com o custo do frete: 19% e 18%, respectivamente. Para 66% das indústrias, o preço do frete é elevado. A região Centro-Oeste registra o maior índice, com 78% as empresas classificando como alto ou muito alto. Na sequência aparecem Nordeste (72%), Sul (68%), Sudeste (64%) e Norte (60%).
Já os serviços portuários são classificados como bons ou ótimos por 39% dos industriais. No Sul, esse índice é de 48%, enquanto no Nordeste, de 34%. A infraestrutura portuária do país é considerada o principal gargalo logístico para as empresas escoarem suas produções destinadas à exportação.