Nova pesquisa do Sebrae/SC revela aumento de 63% no número de trabalhadores demitidos na quarentena

A dura face da atual crise econômica se revela nos números cada vez mais impactantes. A segunda pesquisa de amostragem do Sebrae/SC sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia de Santa Catarina revela que 10 mil empresas fecharam as portas e 406.93 trabalhadores perderam o emprego desde o início da crise. O aumento no número de demissões foi de 63% em relação ao levantamento anterior, que pesquisou o cenário econômico dos primeiros 15 dias de quarentena. Nesta segunda pesquisa, que engloba os trinta dias, o Sebrae/SC ouviu 4.348 empresários de pequenos negócios e das médias e grandes empresas, de todas as regiões do Estado, entre os dias 13 e 14 de abril. A margem de erro é de 1.5 percentual para mais ou para menos.

Do total de demitidos, 242.093 estavam empregados em pequenos negócios. No levantamento anterior, esse número era de 148.232. De acordo com a sondagem, 34,45% dos empresários afirmaram terem feito em média duas demissões desde o dia 18 de março, quando passou a valer o primeiro decreto de isolamento social publicado pelo Governo do Estado. A última medição, divulgada pelo Sebrae/SC no começo do mês de abril, apontava que 19,48% dos entrevistados haviam demitido.

"Essa edição mostra um aumento significativo no número de empresários que precisaram demitir. Apesar das medidas dos Governos Federal e Estadual para estimular a manutenção dos empregos, o impacto ainda é muito grande. São milhares de famílias catarinenses que estão sem fonte de renda", analisa o diretor superintendente do Sebrae/SC, Carlos Henrique Ramos Fonseca. Já os empresários que decidiram não demitir optaram, pela ordem de prioridades, conceder férias individuais; diminuir a jornada de trabalho; banco de horas e, por fim, deixar o colaborador trabalhando em casa (home office), porém, a maioria (53%) dos entrevistados disse que os trabalhadores que ficaram seguem cumprindo expediente normal.

Em relação ao faturamento, 91% dos empresários apontaram uma redução média de 64,63%. O valor total de perda no universo dos micro e pequenos negócios são de cerca de R$ 9,4 bilhões. O setor do agronegócio foi o menos impactado, com 69,3% dos entrevistados alegando queda média de 42% no faturamento. No setor de serviços, a queda média de 62% foi registrada por 89% dos entrevistados, na indústria a média foi de 60%, apontada por 93% dos entrevistados. Por fim o comércio, setor mais impactado, teve queda média de 68%, apontada por 94% dos empresários.

Essa edição da pesquisa, já contempla o período em que o Governo flexibilizou a retomada de algumas atividades econômicas. Dessa forma, 34,57% dos entrevistados afirmaram que estão em atividade, mas com redução de produção. Já 26,5% estão em atividade com mudanças no funcionamento, 22,67% seguem fechadas aguardando liberação para funcionarem, 15,1% não tiveram mudanças na operação desde o início da crise, e 1,22% fecharam as portas em definitivo. "Esse último número parece pequeno, mas representa cerca de 10 mil empresas que encerraram as suas atividades no Estado. É significativo se pensarmos que tantos empresários não tiveram alternativa e precisaram encerrar suas atividades em um único mês", comenta o diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro.

O diretor do Sebrae/SC reforça ainda a importância dos parceiros em todo o Estado para a viabilização da pesquisa. "Muitas entidades entenderam a importância dessa medição e nos ajudaram a divulgar a pesquisa. O trabalho conjunto viabilizou essa amostra de mais de 4 mil empresários", reforça Luc.

Impacto no Vale do Itajaí

O Vale do Itajaí aparece em destaque quando a pesquisa é dividida por regiões. Em 14 de abril, mais de 27% das empresas estavam fechadas e aguardando liberação. Além disso, 34% dos empresários afirmaram terem feito até duas demissões no período, o que representa a perda de 53.249 postos de trabalho. Na última medição o percentual era 16,27%. Em relação ao faturamento, 93,19% tiveram uma queda média de 67%, o que representa uma perda de capital de R$ 1.2 bilhão.

Nesta edição da pesquisa, a Grande Florianópolis foi a região que apareceu com os maiores impactos da crise do coronavírus. De acordo com o levantamento, 35,18% das empresas suspenderam completamente suas atividades. Outro dado significativo é o de 37,94% dos empresários da Grande Florianópolis afirmaram ter demitido ao menos dois funcionários no último mês, contra 19,83% na primeira medição. O número total de pessoas que perderam o emprego é de 78.879, o maior entre todas as regiões do Estado.

Em relação ao faturamento, 92,01% das empresas da região afirmaram terem tido uma queda no faturamento, cuja média é de 75,4%. O valor total é de R$ 1,8 bilhão, também o maior entre todas as regiões. Em contrapartida, o Oeste catarinense é a região que sofreu menos com a quarentena e isso, segundo Carlos Henrique Fonseca, se deve ao perfil de agronegócio da região. A pesquisa mostrou que 26% dos empresários do Oeste admitiram ter demitido ao menos um funcionário no último mês. Na primeira edição da pesquisa tinham sido 17%. A região Oeste aparece com um prejuízo de R$ 1.5 bilhão. O superintendente do Sebrae/SC disse que as operações de crédito estão acontecendo, porém, lentamente porque há sobrecarga de pedidos junto às instituições financeiras. "Da noite para o dia todas as empresas foram buscar crédito. O ideal é que os empresários busquem o crédito na instituição financeira onde já tem conta, fica mais rápido". Segundo ele, o Sebrae/SC vem auxiliando as micro, pequenas e MEIs na captação de recursos para a retomada da atividade. "O Fundo de Aval da Micro e Pequena Empresa (Fampe), em parceria com a Caixa Econômica Federal, dispõe de R$ 500 milhões para pequenos negócios". Carlos Henrique Fonseca também afirma que a retomada será muito lenta porque as perdas foram grandes, além disso, vai ocorrer uma mudança de nos hábitos de consumo que vai impactar no faturamento das micro e pequenas empresas.


"Esse número parece pequeno, mas representa
10 mil empresas que encerraram suas atividades no Estado."
Luc Pinheiro
Diretor Técnico Sebrae/SC


"Essa edição mostra um aumento significativo no
número de empresários que precisaram demitir."
Carlos Henrique Ramos Fonseca
xDiretor Superintendente do Sebrae/SC