
EUA não recuam e vem aí o tarifaço

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A partir desta sexta-feira, dia 1º, Estados Unidos começa a cobrança de 50% de tarifa sobre alguns produtos brasileiros que entrarem no país (Fotos: PORTO DE ITAJAÍ E MICHAEL REYNOLDS/EF)
Levantamento da CNI mostra que Santa Catarina será o quarto estado da Federação mais afetado com a tarifa de 50% sobre as exportações brasileira aos Estados Unidos
Nesta sexta-feira, dia 1º de agosto, entra em vigor o maior “tarifaço” da história de 200 anos de relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Produtos brasileiros que entrarem em território norte-americano serão taxados em 50%. Desde que assumiu o governo norte-americano, o presidente Donald Trump vem usando a estratégia de tarifar as importações de países que tem relações comerciais com os Estados Unidos como forma de proteger e fortalecer a produção industrial interna.
No caso do Brasil, porém, a decisão do presidente dos EUA tem também um ingrediente a mais: o político. Ao anunciar o tarifaço de 50% ao Brasil – bem acima do que foi definido para outros países -, em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 9 de julho, Trump deixou claro sua insatisfação com os rumos do julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STF) a que está sendo submetido o ex-presidente Jair Bolsonaro. “A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente!”, escreveu Trump. Jair Bolsonaro e ex-integrantes do seu governo são acusados de terem planejado um golpe de estado logo após as eleições presidenciais de 2022.
Impactos
Se o tarifaço for mantido, empresas brasileiras que mantém relações comerciais com os EUA sofrerão fortemente os impactos sobre suas exportações. Entre essas empresas estão as que atuam nos setores de aço, alumínio, fertilizantes, autopeças e manufaturas industriais. As perdas podem ser superiores a R$ 19 bilhões. Isso é o que mostra levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2024. Segundo a CNI, Santa Catarina é o quarto estado da federação com impactos negativos mais relevantes com a taxação imposta por Trump. Os setores mais atingidos serão madeira e móveis, metal-mecânico e eletroeletrônico. O prejuízo pode chegar a R$ 1,7 bilhão, o que também representaria a segunda maior queda no PIB entre os estados da Federação, com projeção de 0,31%.
A CNI estima que, caso entre em vigor, a sobretaxa pode ocasionar a perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, além de reduzir em 0,16% o PIB do Brasil e provocar uma queda de 0,12% na economia global, com retração de 2,1% no comércio mundial.
Em termos de impacto financeiro regional, os estados do Sudeste e do Sul serão os mais afetados. São Paulo, maior economia do país, deve liderar o prejuízo, com perdas estimadas em R$ 4,4 bilhões, representando uma queda de 0,13% no PIB, segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Em 2024, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações paulistas, com 19% de tudo que o estado vendeu ao exterior. Além disso, 92,1% do que São Paulo comercializou aos Estados Unidos veio da indústria de transformação.
Ocupando o segundo lugar de estado com maior impacto com o tarifaço, com potencial de retração de R$ 1,917 bilhão no PIB está o Rio Grande do Sul. Os EUA são o terceiro maior destino das exportações gaúchas, representando 8,4% do total. No caso do Paraná, os EUA também aparecem como o terceiro principal destino comercial. Em 2024, 6,8% do que o estado vizinho exportou teve como destino o mercado norte-americano, sendo 97,5% oriundos da indústria de transformação. O PIB paranaense pode perder R$ 1,914 bilhão com o tarifaço de Trump. Minas Gerais, Amazonas e Pará também irão sentir os impactos da tarifa de 50% imposta pelos EUA.
Pela projeção da CNI, os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul deverão acumular prejuízos superiores a R$ 1,9 bilhão. Já no Nordeste, as perdas serão menores, mas ainda relevantes: Bahia (R$ 404 milhões), Pernambuco (R$ 377 milhões) e Ceará (R$ 190 milhões) lideram na região, de acordo com a CNI.
"Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria
necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas.” -
Donald Trump: trecho traduzido da carta enviada ao presidente Lula em 9 de julho de 2025
Governo ainda busca o diálogo
Nesta sexta-feira, dia 1º de agosto, entra em vigor o maior “tarifaço” da história de 200 anos de relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Produtos brasileiros que entrarem em território norte-americano serão taxados em 50%. Desde que assumiu o governo norte-americano, o presidente Donald Trump vem usando a estratégia de tarifar as importações de países que tem relações comerciais com os Estados Unidos como forma de proteger e fortalecer a produção industrial interna.
No caso do Brasil, porém, a decisão do presidente dos EUA tem também um ingrediente a mais: o político. Ao anunciar o tarifaço de 50% ao Brasil – bem acima do que foi definido para outros países -, em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 9 de julho, Trump deixou claro sua insatisfação com os rumos do julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STF) a que está sendo submetido o ex-presidente Jair Bolsonaro. “A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente!”, escreveu Trump. Jair Bolsonaro e ex-integrantes do seu governo são acusados de terem planejado um golpe de estado logo após as eleições presidenciais de 2022.
Impactos
Se o tarifaço for mantido, empresas brasileiras que mantém relações comerciais com os EUA sofrerão fortemente os impactos sobre suas exportações. Entre essas empresas estão as que atuam nos setores de aço, alumínio, fertilizantes, autopeças e manufaturas industriais. As perdas podem ser superiores a R$ 19 bilhões. Isso é o que mostra levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2024. Segundo a CNI, Santa Catarina é o quarto estado da federação com impactos negativos mais relevantes com a taxação imposta por Trump. Os setores mais atingidos serão madeira e móveis, metal-mecânico e eletroeletrônico. O prejuízo pode chegar a R$ 1,7 bilhão, o que também representaria a segunda maior queda no PIB entre os estados da Federação, com projeção de 0,31%.
A CNI estima que, caso entre em vigor, a sobretaxa pode ocasionar a perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, além de reduzir em 0,16% o PIB do Brasil e provocar uma queda de 0,12% na economia global, com retração de 2,1% no comércio mundial.
Em termos de impacto financeiro regional, os estados do Sudeste e do Sul serão os mais afetados. São Paulo, maior economia do país, deve liderar o prejuízo, com perdas estimadas em R$ 4,4 bilhões, representando uma queda de 0,13% no PIB, segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Em 2024, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações paulistas, com 19% de tudo que o estado vendeu ao exterior. Além disso, 92,1% do que São Paulo comercializou aos Estados Unidos veio da indústria de transformação.
Ocupando o segundo lugar de estado com maior impacto com o tarifaço, com potencial de retração de R$ 1,917 bilhão no PIB está o Rio Grande do Sul. Os EUA são o terceiro maior destino das exportações gaúchas, representando 8,4% do total. No caso do Paraná, os EUA também aparecem como o terceiro principal destino comercial. Em 2024, 6,8% do que o estado vizinho exportou teve como destino o mercado norte-americano, sendo 97,5% oriundos da indústria de transformação. O PIB paranaense pode perder R$ 1,914 bilhão com o tarifaço de Trump. Minas Gerais, Amazonas e Pará também irão sentir os impactos da tarifa de 50% imposta pelos EUA.
Pela projeção da CNI, os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul deverão acumular prejuízos superiores a R$ 1,9 bilhão. Já no Nordeste, as perdas serão menores, mas ainda relevantes: Bahia (R$ 404 milhões), Pernambuco (R$ 377 milhões) e Ceará (R$ 190 milhões) lideram na região, de acordo com a CNI.
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Exportações catarinenses serão impactadas pelo tarifaço dos EUA (ASSESSORIA PORTO DE ITAJAÍ)
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Presidente Donald Trump não deixou escapar o seu descontentamento com o julgado no STF do ex-presidente Jair Bolsonaro (MICHALE REYNOLDS/EF)
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