Governo Federal pretende comprar 1 milhão toneladas do produto, alegando que as enchentes no RS podem provocar o desabastecimento

O Governo Federal tomou uma decisão que desagradou os produtores de arroz de todo o país. A importação de 1 milhão de toneladas do cereal. Entidades catarinenses e cooperativas ligadas ao setor emitiram um comunicado se posicionando contrários à decisão. Além da importação, a Câmara de Comércio Exterior, em reunião extraordinária do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) teve aprovada, no começo da semana passada, a proposta de zerar o imposto de importação de dois tipos de arroz não parboilizados e um tipo polido/brunido. A medida entra em vigor a partir da publicação no Diário Oficial da União e vale até 31 de dezembro deste ano.

 

"Apesar das grandes dificuldades a serem superadas no Rio Grande do Sul, a expectativa das indústrias e cooperativas é que a cadeia produtiva de arroz consiga ser 100% normalizada em breve, garantindo o abastecimento e segurança alimentar de todo o país, bem como evitando a disparada de preço do produto.", SindArroz/SC

O governo alega que essas medidas vão evitar o desabastecimento ou aumento do preço do produto no país, por causa da redução de oferta provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, hoje o maior produtor de arroz do país, responsável por cerca de 70% da safra nacional. “O governo está agindo para garantir a segurança alimentar e o bem-estar de todos os brasileiros”, justificou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
Os produtores, porém, alegam que a medida vai causar impactos negativos para a rizicultura nacional. As entidades catarinenses fizeram um apelo do governo de valorização do cereal nacional. Em comunicado, as entidades reforçam o posicionamento contrário à iniciativa de importação de arroz. Assinam o documento, o Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC), a Cooperativa Central Brasileira de Arroz (BRAZILRICE), a Associação Catarinense dos Produtores de Sementes de Arroz Irrigado (ACAPSA), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (FETAESC) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc).
Para as entidades, em um momento já extremamente difícil, por conta das inundações que assolam o estado gaúcho, a iniciativa de importar o grão servirá apenas para trazer ainda mais dificuldades e prejuízos para a cadeia produtiva de arroz no Brasil, uma vez que muitos produtores, indústrias e cooperativas já contabilizam prejuízos consideráveis por conta dos problemas climáticos.
Juntos, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina são responsáveis por mais de 80% da produção de arroz do Brasil. Um trabalho realizado em parceria, uma vez que inúmeras indústrias e cooperativas catarinenses possuem unidades de produção em solo gaúcho e/ou utilizam o grão cultivado pelos riograndenses para beneficiamento em unidades de SC.

Governo alega que um dos principais alimentos possa faltar à mesa dos brasileiros

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FOTO DIVULGAÇÃO AGÊNCIA BRASIL

Com a colheita da safra 2023/2024 já bastante adiantada em ambos os Estados – 84% na área cultivada do Rio Grande do Sul e quase 100% na área cultivada em Santa Catarina –, mesmo com as inundações, as entidades reforçam a garantia de que a produção do grão não será impactada a ponto de faltar arroz para o consumo interno brasileiro.
“Problemas logísticos no Rio Grande do Sul, como a dificuldade de escoamento da produção por conta da interdição de rodovias, já estão sendo superados. Além disso, as negociações de compra e venda de arroz em casca para beneficiamento seguem sendo realizadas entre os produtores rurais e as indústrias e cooperativas responsáveis pelo beneficiamento do grão”, afirmam as entidades.
Embora admita as grandes dificuldades a serem superadas no Rio Grande do Sul, a expectativa das indústrias e cooperativas é que a cadeia produtiva de arroz consiga ser 100% normalizada em breve, garantindo o abastecimento e segurança alimentar de todo o país, bem como evitando a disparada de preço do produto.

Por fim, as entidades catarinenses reforçam o pedido ao Governo Federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), da imediata suspensão do leilão já aberto, que visa a compra de arroz beneficiado do exterior.