Uma derrota inesperada
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(Fotos: )
O gol de bicicleta do botafoguense Rodrigo Pimpão contra o Olímpia, do Paraguai, nesta semana, trouxe-me à lembrança um dos episódios mais incríveis que vivi na minha história de mais de 40 anos de torcedor do Inter-RS. A competição era a mesma, porém, o ano 1989. Semifinais da Taça Libertadores da América. O primeiro jogo, Olímpia x Inter, foi em Assunção. O Inter tinha um bom time, bem superior ao Olímpia. O cérebro da equipe era um meio-campo de pouca estatura e muito bom de bola: Luis Fernando Rosa Flores. No segundo tempo, uma bola alçada na área e o pequeno Luis Fernando, de bicicleta, decretou a vitória do colorado em pleno Defensores Del Chaco. Para o segundo jogo, um empate era suficiente para a classificação. O jornalista Juca Kfouri, na época comentarista da TV Globo, disse naquela mesma noite em alto e bom tom que se o Inter não se classificasse para a final mudaria de nome.
E veio o segundo jogo, em Porto Alegre. O Olímpia também tinha um baixinho no time, só que era o goleiro Almeida, que depois virou técnico do próprio Olímpia. Ele pesava mais de 80 quilos. Os paraguaios largaram na frente, Dacroce empatou ainda no primeiro tempo para o time gaúcho, mas Amarilla fez 2 a 1 para o Olímpia. No segundo tempo, Luiz Fernando, desta vez de cabeça, empatou para o colorado. O resultado garantia o Inter na final da Libertadores. Logo em seguida, Nilson foi derrubado dentro da área pelo goleiro Almeida: pênalti. O encarregado da cobrança foi o próprio Nilson, goleador da equipe e ídolo da torcida, principalmente depois de ter marcado dois gols no chamado Gre-Nal do Século - semifinal do Brasileirão de 1988.
Ninguém imaginava outra coisa senão o terceiro e derradeiro gol colorado, a pá de cal no caixão do Olímpia. Nilson bateu o tal Almeida defendeu. Silêncio no Beira Rio. O time parou em campo e o Olímpia passou a jogar. Minutos depois, Nefta, de dentro da área, chutou para vencer o grande Taffarel: 3 a 2 para o Olímpia, placar que permaneceu até o apito final. A decisão foi então para os pênaltis. O primeiro a cobrar foi o carrasco colorado da noite, o gordinho Almeida. Ele converteu a sua cobrança e ainda defendeu o pênalti batido por Leomir que deu a classificação ao Olímpia, para desespero dos milhares de colorados que lotavam o Beira Rio e outros milhares, como eu, que assistiam à distância ao confronto. Muitos anos depois, Nilson, em entrevista à Rádio Gaúcha, contou que durante muito tempo acordava à noite depois de sonhar com aquele pênalti desperdiçado.
O Inter chegaria a uma final de Libertadores quase 20 anos depois, em 2006 - o técnico era o mesmo de 1989, Abel Braga - quando se tornou Campeão da América e depois do Mundo. Juca Kfouri (hoje na ESPN Brasil) até onde eu sei continua sendo Juca Kfouri, mas a história daquela semifinal de Libertadores ficará marcada para sempre como uma das maiores tragédias da "Era Beira Rio". Evidente que estou torcendo para que o Botafogo não viva uma história semelhante. A competição, o adversário e o gol de bicicleta são as únicas coincidências do confronto. O time tem tudo para se classificar. Dá-lhe, Fogão!
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