Empresa pioneira do setor se instala no Gaspar Alto
Empresa pioneira do setor se instala no Gaspar Alto
As previsões e estudos sobre os impactos do homem no meio ambiente são sempre sombrias. Por isso, a necessidade de se criar novos mecanismos para lidar com a grande quantidade de resíduos produzidos diariamente. A reciclagem tem sido solução para esse mal necessário, e o setor ganha mais espaço no mercado.
Quando se fala em lixo reciclável, todos lembram apenas do lixo comum, como plástico, papel e vidro. Esquecem que se produz uma grande quantidade de entulhos em construções e reformas. Os entulhos também podem ser reutilizados, inclusive essa é uma atividade prevista em lei.
Em Gaspar, os entulhos têm destino seguro e adequado à legislação. Desde o final do ano passado, está em funcionamento no Gaspar Alto uma empresa recicladora. A Gaspar Alto Recuperadora de Entulhos recebe, em média, 40 a 45 caçambas de entulhos por dia, originado em Gaspar e Blumenau. E esse volume poderia ser ainda maior, se todas as coletoras de entulho levassem o lixo até lá. Sérgio Rubens Theiss, proprietário da recicladora, lembra que a empresa é nova no mercado, por isso a meta de 180 caçambas deve ser alcançada até o final do ano. A ideia, segundo ele, é atender a toda a região do Vale do Itajaí.
Theiss começou a trabalhar no ramo há 30 anos, abrindo o mesmo negócio em Minas Gerais. A recicladora mineira continua em atividade, mas hoje, pertence ao município. "No Brasil, o desperdício é muito grande. Por isso tivemos a ideia de montar uma recicladora", explica o empresário. O trabalho se dá em parceira com as empresas coletoras de entulhos, construtoras, empreiteiras e firmas de terraplenagem. A Caibi, de Gaspar, é uma delas. O único cuidado que elas precisam ter, é na triagem do material, pois a recicladora não trabalha com lixo doméstico. "Temos recebido muito lixo orgânico, que levamosr para outra empresa que atua neste segmento", diz Theiss.
O restante, conforme explica o empresário, é separado, triturado e revendido como matéria-prima. Para isso, máquinas específicas foram compradas e chegarão ainda no início deste ano. Uma delas tritura a madeira, mesmo com prego. Todo o entulho que vai para a recicladora é reaproveitado, seja papelão, plástico, ferro, e outros similares. O piso, por exemplo, é moído e usado como base asfáltica. O papelão e o plástico são revendidos para fábricas que utilizam esses materiais.
Na triagem, trabalham cinco pessoas, o responsável pelo grupo e outros dois técnicos. Theiss cuida da divulgação do trabalho e conscientização das empresas. Toda a coleta passa por um controle rígido e ao final de cada mês, a empresa presta contas aos órgãos ambientais, como a Fatma - Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina - e os departamentos responsáveis pelo meio ambiente nas prefeituras."Hoje em dia não tem como ser diferente com o meio ambiente, tem que cuidar, preservar", observa Theiss. Todo esse cuidado ele teve antes de instalar sua empresa. Muitos estudos foram feitos até definir o local ideal. Tanto que, quando houve a tragédia que afetou toda a cidade no ano passado, o terreno da recicladora não foi atingido. "Depois da catástrofe, todo o entulho veio pra cá, pois era o único lugar que estava livre de qualquer problema", lembra o empresário. Ele calcula que a recicladora tenha recebido entre 9 e 10 mil metros cúbicos de lixo.
A responsabilidade com o lixo e o destino dado, fez com que a família Theiss buscasse uma formação superior nesta área. Ele, a esposa e o filho estão concluindo o curso de Gestão Ambiental, no Senai de Blumenau. O empresário planeja construir um galpão onde será guardado todo o material da triagem e, então, todo o ciclo do processo estará completo.
Brasil desperdiça 6 bilhões de dólares por ano
Segundo estudos realizados pela USP - Universidade de São Paulo, o Brasil tem potencial para economizar 6 bilhões de dólares por ano, se reciclasse todos os materiais presentes nas cerca de 2.000 toneladas de lixo produzidas diariamente no País. A quantidade de empresas de reciclagem ainda é pequena, diante de números tão expressivos.
Em todo o País, existem apenas 2.361 empresas que trabalham no setor de reciclagem, de acordo com o mapeamento realizado em 2007, pelo CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem, instituição que reúne várias empresas adeptas da reciclagem. Um dado positivo é que, nesse cenário, a região Sul concentra o segundo maior número de reclicadoras, 722.
No caso da reciclagem de entulhos, são poucas as empresas no Brasil. Em São Paulo, a prefeitura implantou uma usina de reciclagem de entulhos em 1991, com capacidade para 100 toneladas/hora, sendo pioneira em todo o Hemisfério Sul, na reutilização do material como subbase para pavimentação de ruas. Outras cidades em que a iniciativa de recuperar entulho foram Londrina, São José dos Campos e Ribeirão Preto. Em Belo Horizonte, onde Sérgio começou, existem duas usinas em atividade.
Apesar de ser pouco explorada, a reciclagem de entulho traz algumas vantagens econômicas, como a diminuição dos custos de obras da construção civil. Além disso, estima-se que o custo de reciclar entulho custe apenas 25% do valor usado para manter o lixo clandestinamente depositado, que é de 10 dólares por metro cúbico. Também calcula-se que as empresas que utilizam o material reciclado como matéria-prima para a fabricação de seus produtos economizam até 70% do que gastariam com matéria-prima não reciclada.
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