Feira livre ?encolheu?, mas clientela se mantém fiel

Feira livre “encolheu”, mas clientela se mantém fiel

Maria Regina Gamba Dagnoni não abre mão de alimentos frescos e saudáveis, e sabe onde encontrá-los. Nas quartas-feiras, religiosamente, ela faz compras na Feira Livre Municipal, na Avenida das Comunidades, no centro de Gaspar. “Dou muito valor aos produtos naturais”, diz a dona-de-casa que é cliente há muitos anos, desde que a feira atendia em outro endereço da Avenida das Comunidades (atual Auto Posto Zimmermann). Os alimentos da feira, na maioria, são produzidos no bairro Belchior pelos próprios produtores em suas pequenas fábricas, muitas vezes, improvisadas na cozinha de casa.
A feira, é bem verdade, “encolheu” nos últimos anos, mas a clientela se mantém fiel. Feirante há 20 anos, Fabiano Waldrich, por dois anos presidente da Coopergaspar, só não desistiu da feira de Gaspar porque tem clientes cativos há muito tempo e não quer deixá-los na mão. “A feira tá muito defasada, é preciso divulgá-la e diversificá-la mais”, avalia. Ele defende a proposta de duas feiras por semana, a exemplo de Blumenau. “O feirante não tem produto para oferecer todos os dias ao consumidor”, justifica Fabiano. O comerciante oferece mais de 40 produtos entre queijos, natas, salames, linguiças, geléias, roscas e pães.
Aureci Benta Waldrich lamenta a queda no movimento na feira de Gaspar. “Eu acho que é porque tem muita gente que ainda produz o alimento em casa”. Em Blumenau, segundo ela, a clientela é muito maior. “Lá, atendemos em quatro pessoas na banca”, revela.
O feirante Braz Oescher é outro que está há bastante tempo no ramo. Ele diz que o movimento caiu porque a feira de Gaspar abre todos os dias. Ele vende bastante docinhos, pães e natas. A feira livre funciona de segunda à sexta-feira das 8h às 20hs, e aos sábados pela manhã.

Vigilância
Todos os produtos coloniais vendidos na feira passam pelo crivo da vigilância sanitária. Os de origem vegetal carregam o selo da Cooperativa da Agroindústria Artesanal de Gaspar – Coopergaspar. Os cooperados têm suas pequenas fábricas  ajustadas às leis.
A Coopergaspar foi criada há sete anos para orientar e defender os interesses dos pequenos fabricantes de produtos de origem vegetal. Os produtos da cooperativa têm a qualidade garantida sem deixar de lado o gosto caseiro, que para muitas pessoas têm sabor de infância.
Os cooperados pagam uma mensalidade de R$ 105,00. Já para ocupar o espaço na feira livre, o custo é irrisório: R$ 25,00 por mês.

Feirante há 15 anos em Gaspar
Vanderlei Schmitt, 33 anos, carrega no sangue a profissão de feirante. Há 15 anos ele trabalha no ramo. Muito jovem já ajudava o pai, Olentino, a vender os produtos coloniais produzidos na propriedade no Belchior Alto nas feiras de Gaspar e Blumenau.
Depois da aposentadoria do pai, Vanderlei assumiu de vez o negócio. Segundo ele, o movimento maior na banca é no final da semana. Vanderlei conta que alguns clientes são tão antigos que se tornam amigos e o convidam para pescarias e outros eventos.
Os produtos mais vendidos por Vanderlei são pães, queijinhos brancos e nata. A esposa, Célia, é sua companheira de balcão, mas nesta época do ano se afasta um pouco das feiras para se dedicar integralmente a atender aos pedidos de doces confeitados para a festa natalina que começam ainda em outubro.
Vanderlei não reclama da vida de feirante: “é uma vida tranquila, dá para pagar as contas e ainda sobra alguma coisa”.