Rudolfo iniciou a Momil, mas foi o filho Dagoberto Günther, já falecido, quem modernizou e alavancou o negócio

Rudolfo iniciou a Momil, mas foi o filho Dagoberto Günther, já falecido, quem modernizou e alavancou o negócio

O bairro Coloninha abriga uma das mais antigas empresas de Gaspar. Popularmente conhecida como Moinho Günther, ou tafona, a Momil foi fundada em 1927, por Rudolfo Günther. No início, existia apenas um moinho de pedra, responsável por moer o milho trazido pelos agricultores da cidade.

Aos 19 anos de idade, um dos filhos de Rudolfo, Dagoberto, assumiu a empresa. Nessa época, a Momil já era formada por três moinhos de pedra. Com o passar dos anos, o novo administrador foi modernizando o empreendimento do pai, e os antigos moinhos deram lugar a máquinas de descascar milho, canjiqueiras e moinhos de cilindros. A produção também aumentou.

"Antigamente o milho vinha de trem de Fraiburgo, Videira, daquela região, e parava em Jaraguá do Sul. Então, Dagoberto pegava o caminhão e ia lá buscar", relembra a viúva do proprietário, dona Ingelore (foto na capa desta edição do MB). Também vinham alguns caminhões particulares do oeste do estado direto para a empresa. Nos últimos anos, o produto começou a vir do Paraná, trazido pelos próprios produtores rurais.

Naquele tempo, o milho vinha em sacas de 60 kg. Para pesá-lo, Dagoberto e os funcionários colocavam os sacos de três em três na balança, e faziam o cálculo total. "Hoje é bem melhor, o milho vem a granel, já pesado, tudo vem pronto", compara Odélia Grignani, que trabalha e mora com os Günther desde os 11 anos de idade. Dona Ingelore também ajudava o marido na pesagem do produto. Ambas lembram que Dagoberto era rápido em fazer as contas, sempre de cabeça.

A domicílio

As máquinas eram todas controladas manualmente. Para dar conta do serviço, a Momil tinha de sete a oito funcionários, mais duas caminhonetas que faziam as entregas de fubá em Gaspar, Blumenau, Rio do Sul, Brusque, Nova Trento e demais cidades da região. O produto chegava até Florianópolis. As embalagens, de papelão, eram todas costuradas. "Agora elas são todas de plástico", comenta dona Ingelore.

Quando começou a tocar a empresa, era o próprio Dagoberto quem fazia as entregas aos clientes. "Ele saía a vender o fubá a pronta-entrega. Depois passamos a atender pedidos por telefone e mais tarde contratamos motoristas", recorda a viúva que ainda guarda muitas imagens históricas do moinho. Segundo ela, o lugar mais difícil para se introduzir o consumo de fubá e outros derivados do milho foi Itajaí.

Assim a empresa foi crescendo e ganhando mercado. Todo o ano, as vendas aumentavam. O proprietário chegou até a participar de exposições em vários municípios do Estado. "Dagoberto sempre foi muito ativo na empresa, estava sempre presente", lembra a esposa. Porém, um ano antes de falecer, Dagoberto decidiu arrendar a empresa para os i rmãos Wieser, proprietários de uma distribuidora da Tirol em Gaspar. Assim, a Momil não fechou as portas e permanece até hoje como um importante marco do desenvolvimento econômico de Gaspar.

Dagoberto investiu aos poucos na melhoria da estrutura física

A Momil fica localizada no bairro Coloninha, bem próximo do centro de Gaspar. As pessoas já se acostumaram a contemplar o grande prédio rosado, cuja arquitetura remete a tempos antigos e saudosos da cidade. Ali, foi a primeira sede da Momil. Em 1961, Dagoberto decidiu construir um outro galpão para abrigar seus novos moinhos de cilindros. Alguns anos depois, ergueu mais um e transferiu tudo o que tinha no prédio da frente. Além das três construções, Dagoberto tinha um galpão onde guardava os caminhões.

Planos

No prédio rosado, o empresário tinha planos de fazer uma grande loja de agropecuária e, nos andares de cima, salas comerciais para locação. Todavia, seu projeto não pôde ser concretizado.Hoje, o prédio está desativado. Já nos outros dois, as máquinas trabalham a pleno vapor. Em um dos prédios, estão as canjiqueiras, que descascam o milho e separam o farelo. Este último é ensacado para ser vendido como ração para suínos. O milho, por sua vez, é transferido por um cano, que liga o sótão da construção a outra.

No outro prédio, estão as plansistems (máquinas compostas de várias peneiras) e o moinho de cilindros. Ali, o milho é moído e depois o fubá é separado em diferentes tipos ? mais grosso, mais fino, amarelo e branco.Toda a estrutura do moinho foi criada por Dagoberto e é mantida assim até hoje. As máquinas são as mesmas adquiridas por ele, muitas de origem italiana, e funcionam perfeitamente. A produção é interrompida na sexta-feira, quando toda a área é higienizada e as máquinas vistoriadas para a retomada das atividades no início da semana seguinte.

Novos proprietários investiram na ampliação do mix de produtos

A Momil está sob a administração de Edson e Edermar Wieser. Os novos empreendedores investiram na ampliação do mix de produtos da empresa buscando atingir novos nichos de mercados e públicos consumidores exigentes. O carro-chefe da empresa é a farinha de milho para polenta, conhecida em todo o Vale do Itajaí e em outras regiões do Estado. A Momil foi uma das grandes incentivadoras do tradicional prato italiano, trazido para o Brasil na bagagem dos colonizadores.

A novidade da empresa fica por conta da polenta congelada, vendida na forma de palitos para ser frita. O produto é bastante prático e caiu logo no gosto do consumidor. Os administradores reformaram um dos galpões, criando uma estrutura adequada à fabricação do produto. A linha de produção inicia em fogões industriais, passando pelo processo de corte e congelamento. Em seguida está pronta para ser embalada e vendida. O produto chega aos mercados da região Sul e de São Paulo.

Segurança

A empresa conta hoje com 17 colaboradores, que se ocupam de todos os setores do processo industrial, com muita preocupação com a segurança do produto e dos colaboradores. De acordo com o gerente da empresa, Claudemir José Pitz, as máquinas do Moinho Momil, mesmo sendo antigas, ainda funcionam dentro dos padrões de segurança exigidos e dão conta das metas de produção, garantindo um elevado nível de qualidade final.