Ensino diferenciado insere jovens na sociedade
Cuidar e proteger a infância e adolescência para garantir um futuro digno. Esse é um pensamento comum a muitos profissionais que lidam com essa faixa etária e também de muitos teóricos do tema. Mas é uma filosofia de trabalho que, na prática, tem dado bons resultados. Pelo menos é o que se vê no Centro Educativo Maria Hendricks, criado em Gaspar, para atender crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou risco social.
Em 25 de junho deste ano, o Centro Educativo completou 25 anos de atividades, resgatando a autoestima dos pequenos gasparenses, dando a eles proteção, atenção e educação com todos os mecanismos que a pedagogia, a psicologia e o carinho podem criar. Localizada no bairro Sete de Setembro, a instituição é mantida pela Prefeitura de Gaspar e atende a 210 crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em atividades no contraturno escolar. Para as tarefas, a Prefeitura disponibiliza 24 profissionais - todos servidores públicos.
Conforme explica a diretora da Maria Hendricks, Cléia Boettger Schramm, as crianças e adolescentes são encaminhadas pelos programas da Secretaria de Desenvolvimento Social, que identifica casos de vulnerabilidade que necessitam da jornada ampliada como medida de proteção. Em outras situações, as próprias famílias procuram o centro quando percebem que seus filhos podem estar socialmente vulneráveis no período em que não estão na escola.
“A prioridade são as crianças encaminhadas pela Secretaria. Os casos das famílias que nos procuram são avaliados pela equipe técnica, se estiverem dentro dos critérios de atendimento do centro e houver vaga, elas são inscritas”, esclarece Cléia. A equipe a que ela se refere é formada por uma pedagoga, uma psicóloga e uma assistente social.
Durante o período em que ficam no Maria Hendricks, os alunos participam de diferentes atividades lúdicas e divertidas com o objetivo de trabalhar a educação e a autoestima e, ao mesmo tempo, resgatar a infância e a adolescência. Ao longo de 25 anos, diferentes oficinas foram criadas para atender às necessidades de cada período. Hoje, são 17 atividades disponíveis para os estudantes.
As mais recentes são as oficinas de música, onde as crianças podem aprender a tocar percussão, violino e flauta; a de judô que substituiu o caratê no ano passado, além de futebol, atletismo, teatro, dança, cidadania e ludicidade. Além dessas novidades, as crianças podem optar por outras oficinas que já existem há mais tempo, como as de artes, informática, literatura, jogos de mesa e a chamada Casinha, onde as crianças usam a imaginação para experimentar situações do cotidiano. “É uma brincadeira orientada. Elas brincam e depois fazem a reflexão sobre o conteúdo da brincadeira”, detalha Cléia. Há também o projeto Plantando Vida, em que as turmas aprendem a cultivar uma horta caseira no centro.
Segundo a diretora, o aluno tem a liberdade de escolher as oficinas que querem participar. A única pelo qual todos passam é a de Apoio Pedagógico, onde um professor orienta sobre os assuntos estudados na escola, tira dúvidas na hora dos deveres e auxilia no aprendizado dos conteúdos escolares. “O ser humano está sempre em desenvolvimento. E as crianças do centro educativo mudam muito de comportamento quando passam a fazer as oficinas”, observa a diretora adjunta Rosângela Maria Walter Till, explicando os resultados obtidos com o trabalho pedagógico desenvolvido na instituição.
O centro educativo funciona das 7h30 às 16h30. O turno matutino encerra as atividades ao meio-dia e o vespertino inicia às 11h20. Durante o dia, as crianças que saem da escola direto para o centro educativo, e vice-versa, recebem café da manhã, almoço e lanche da tarde. Só no fim do dia é que vão para casa. “É uma maneira de mantê-las em uma rotina familiar e mais segura”, argumenta Cléia. Mas, nem todos frequentam o centro em horário integral. Só os casos de maior necessidade. No geral, a frequência, determinada pela equipe técnica, é de dois a três dias por semana.
Reforma
A partir do dia 11 de julho até 1º de agosto, o Centro Educativo Maria Hendricks estará em recesso, acompanhando as férias escolares. Essa medida foi tomada para garantir a segurança das crianças e adolescentes durante a reforma que será feita no prédio da instituição. “A parte antiga da construção está comprometida. Teremos de reformar a cozinha, a sala de artesanato, trocar todo o telhado bem como reformar a Casinha onde as crianças brincam”, esclarece Cléia.
História
Maria Hendricks foi uma imigrante alemã que veio para Gaspar por volta de 1926, acompanhando o marido Anton Johan Hendricks. Com o diploma de enfermeira conquistado na Alemanha, a senhora Hendricks dedicou-se a realizar partos na então vila, visto que naquela época Gaspar não tinha hospital, nem posto de saúde ou qualquer instituição de saúde para este tipo de procedimento.
Ficou conhecida por todos, do Belchior à Ilhota, como Maria Parteira e por 50 anos ajudou muitos gasparenses a nascer. Por ironia do destino, dona Maria não pôde ver seus próprios filhos crescerem, pois morreram prematuramente. Então, o casal adotou um menino, Valfredo. Maria Hendricks faleceu em 10 de julho de 1975, vítima de pneumonia.
Apresentação na São Pedro
A oficina de música tem cerca de 50 alunos, dentre eles, 20 flautistas. Recentemente, a Prefeitura forneceu percussões para que as crianças possam aprender a tocar um novo instrumento musical. Coordenadas pelo educador social Gilles Lisael Mattos, as crianças que tocam flauta realizaram uma apresentação musical folclórica, sacra e regional durante a Festa de São Pedro, no Salão Cristo Rei. A apresentação foi feita por doze crianças e adolescentes do Centro Educativo e foi um sucesso.
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