Gelásio reúne documentos e fotos do Belchior

Gelásio  reúne documentos e fotos do Belchior

A história sempre interessou Gelásio Hames, 52 anos, principalmente a dos seus antepassados no Belchior. "Sempre tive curiosidade de saber como era a vida antigamente no meu bairro". Há mais de 20 anos, ele decidiu resgatar esse passado. Por meio de pesquisa em acervos bibliotecários, conversas com os mais idosos e fotos, Gelásio conseguiu reunir um valioso acervo histórico. Descobriu verdadeiras raridades nas caixas amareladas de papelão que lhe eram entregues pelos próprios moradores, como uma foto da igreja Sagrado Coração de Jesus da primeira metade do século passado. A foto foi feita por volta de 1924, logo depois da construção do segundo templo. O primeiro, segundo pesquisa de Gelásio, foi inaugurado em 8 de dezembro de 1900. "Os padres não permitiam fotos internas durante as celebrações religiosas; os noivos casavam na igreja do Belchior e iam de charrete ou carroça a Blumenau para tirar as fotos", conta Gelásio.
A mesma regra era válida para batizados e primeiras comunhão. A Igreja somente permitiu fotos das celebrações religiosas a partir da década de 1970. Nas conversas com moradores mais antigos, ele ouviu  que a primeira a máquina fotográfica apareceu no Belchior por volta de 1911. O equipamento teria sido trazido da Alemanha por um descendente da família Venhorst.

Exposição
Gelásio vê como importante o resgate e a preservação da história e da cultura dos imigrantes, para que as futuras gerações possam conhecer como tudo começou no bairro. Ele tem a ideia de um dia expor o seu acervo, ou mesmo doar tudo para o museu do Belchior que, no entender dele, já deveria existir no bairro há muito tempo. "A história não pode se perder", finaliza.


Nicolau Malburg foi o primeiro proprietário das terras do Belchior Alto e Baixo

A peça mais valiosa do acervo de Gelásio é uma escritura a punho da constituição do bairro Belchior, com data de 1885, e assinado pelo interventor de Blumenau na época, Antônio Bernardo Haendechen. O documento é um avivamento dos rumos das terras da família Malburg, primeira dona de todas as terras onde está o complexo do Belchior. Trocando em miúdos, o documento estabelece os limites.  Ele sempre teve o cuidado de reproduzir esses documentos e imagens e devolver os originais aos seus donos, a não ser quando eram doados. A maioria das imagens e documentos estava esquecida no fundo de uma caixa de papelão velha na casa das pessoas. "A maioria não dá o devido valor ao passado", lamenta Gelásio. Ele reuniu o material em um arquivo ou em quadros nas paredes da sua casa, no Belchior Alto.
O trabalho de Gelásio foi útil para várias pesquisas, como a da escritora e historiadora Leda Baptista, autora de "Simplesmente Gaspar", o mais conhecido livro de resgate da história do município. Na choperia Das Beer, as fotos antigas que decoram o ambiente são reproduções feitas a partir da pesquisa no acervo fotográfico de Gelásio.
Em "Educação - Retratos de um povo", edição comemorativa aos 50 anos das educadoras Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, Gelásio também deu a sua contribuição, cedendo de seu acerco particular uma imagem da Igreja Sagrado Coração de Jesus e de alunos da Escola Frei Policarpo, na  época chamada Escola Paroquial do Belchior Alto.
Gelásio vê como importante o resgate da história do município, para que as futuras gerações possam conhecer como tudo começou. Seus bisavós, materno e paterno, são imigrantes que vieram da Alemanha no final do século XIX. Gelásio conta que a família não era muito grande. Sua mãe era filha única, mas outras famílias como a Haendechen e Schmidt são bastante numerosas reúnem boa parte do desenvolvimento da região do Belchior.