João Schwartz foi um antigo fazedor de chás no Óleo Grande
João Schwartz foi um antigo fazedor de chás no Óleo Grande Além de ter sido proprietário de um dos mais produtivos engenhos do Óleo Grande, João Schwartz era muito popular no bairro por conhecer plantas e chás que curavam doenças. Alguns moradores chegam a a referir-se a ele como curandeiro, de tantas pessoas que o procuravam e que, depois de tomar o chá por ele receitado, alcançavam a cura. O remédio que João fazia era para tratar pessoas que sofriam de hepatite, ou, trisa, como era mais conhecida a doença. A receita-lhe foi ensinada por um senhor do Barracão, quando era ainda moço. "Todo dia aparecia gente para buscar o chá. Ele tinha sempre a receita pronta para dar", conta o filho, José Swhartz. Ele lembra de a mãe manter sempre uma panela no fogo, aquecendo o chá. As pessoas vinham de todos os cantos da cidade e até de Brusque para buscá-lo. Embora muitas vezes as pessoas quisessem dar dinheiro, o chá nunca era vendido. "Ele dava em litros (ou garrafadas) para as pessoas", conta a esposa de José, Maria de Souza Scwhartz. Segundo ela, o sogro gostava do que fazia, mas não era sua atividade principal. Na verdade, fazer o chá sempre foi uma espécie de passatempo. Além de remédio para o fígado, o produtor de farinha fazia chás para febre e para limpar o sangue. "Conforme ele ia achando as ervas, ia fazendo o chá", explica Maria. João também benzia contra quebranto, mau olhado e outras coisas. O remédio para trisa era composto de 11 ervas, entre elas aguapé de ribeirão, gervão preto, açafrão, picão, raiz de salsa, gengibre, pelo de moeirão (fungo encrespado que cobre os moeirões) e capim pé de galinha. Todos eram facilmente encontrados, até porque, muitos são o que a maioria considera mato, sem nenhuma função a não ser estragar o jardim. Apesar de não ter um gosto muito bom, o chá devia ser tomado cinco vezes ao dia. Falecido há 18 anos, João dedicava-se as plantações de mandioca e arroz. Seu engenho de farinha foi um dos maiores do bairro, mas, após sua morte, foi fechado. "A farinha deixou de ser lucrativa, então, decidimos desativá-lo", explica o filho, que, assim como os irmãos, sempre trabalhou com o pai cuidando da lavoura. João teve oito filhos e, por sorte, nenhum deles precisou beber o remédio. Mas, a receita continuou com a família. Uma de suas noras ainda produz o chá e tem ainda muita gente que vem buscá-lo. Ela chegou a vender o remédio para farmácias da cidade. Maria também conhece essa e outras receitas. "Sempre que alguém precisa, ou mesmo algum de nossos filhos, eu recorro ao chá", garante.
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