Muitas pessoas passam uma vida na mesma casa e bairro. Elas têm dezenas de oportunidades de mudar, morar em outro lugar e até país, conhecer novos lugares, hábitos, culturas e pessoas, mas a opção é ficar com os pés na terra onde nasceram seus avós e pais. Elas se acostumam com o lugar, preservam as velhas amizades e se orgulham de pertencer à comunidade. São também pessoas saudositas, que alimentam lembranças. A infância e juventude são as fases de mais recordações. As crianças sobem em árvores, empinam pipa, jogam futebol, pulam amarelinha, andam de bicicleta entre outras coisas. Já na juventude se sonha, se namora e se prepara para o futuro.

Essas etapas da vida fazem bem, aproximam mais as pessoas e criam laços afetivos duradouros. Isto acontece no pequeno mundo chamado bairro. Na verdade, todas as pessoas guardam sempre boas lembranças do seu bairro, mesmo aquelas que partem para morar em outro. O bairro é casa de todos, onde se aprende a respeitar limites.

Por isso, a tristeza quando se deixa a casa e o bairro por força de uma tragédia. Gaspar vive esse momento peculiar, com muitas famílias arrancadas de suas raízes. A mudança é necessária, embora dolorosa. É possível que retornem, e torço por isso, mas se não for possível, que sejam felizes no novo bairro. Estamos na véspera da Páscoa, e esse sentimento solidário sobeja ainda mais.