A história credita à família do italiano Giovanni Mondini a primeira lavoura de arroz em Gaspar

A história credita à família do italiano Giovanni Mondini a primeira lavoura de arroz em Gaspar

A principal atividade agrícola de Gaspar é o cultivo de arroz. Cerca de 300 famílias vivem da atividade em Gaspar, produzindo, em média, 10 mil quilos do cereal por hectare. Mas, afinal, como começou tudo isso? O Metas nos Bairros pesquisou e descobriu que o primeiro a plantar arroz em Santa Catarina foi um imigrante italiano que viveu na localidade de Guaricanas, em Ascurra, no século XIX. Pelo seu pioneirismo, Giovanni Mondini (foto menor) foi homenageado pelo governo de seu País e recebeu uma medalha de honra.

Com muito trabalho, o agricultor comprou terras para deixar de herança aos filhos José, César e Jacó. O local escolhido hoje faz parte do bairro Gaspar Grande. José (foto na capa deste caderno) veio fazer uso das terras, e começou a plantar arroz em quadros, como havia aprendido com seu pai. Sem imaginar, acabou se tornando o pioneiro no plantio de arroz em Gaspar.

A novidade logo se espalhou pela cidade e outros agricultores vieram aprender a nova técnica. De uma quadra, José passou a plantar nove hectares. Como vendia arroz de carroça na comunidade, se tornou um homem muito conhecido e influente. Ocupou o cargo de Intendente, uma espécie de representante da comunidade junto à Prefeitura de Blumenau. Depois da emancipação política de Gaspar, José ocupou o cargo de vereador.

Apesar de ter morrido jovem, a história de sua vida continua sendo contada e recontada pelos moradores daquela região.

Casa

A casa que construiu para morar com a esposa e sete filhos permanece de pé, alguns metros adiante do primeiro quadro plantado de arroz por ele. Da mesma forma ainda se aplica na lavoura a mesma técnica de plantio que José usava. A terra que por muitos anos sustentou sua família, passou para o filho Lino (foto maior). Ele conta que, como era o mais novo e único homem, o pai contava mesmo era com a ajuda das filhas. Conforme foi crescendo, Lino passou a acompanhar o pai nas vendas pela cidade, além de puxar os cavalos na arrozeira. José, segundo Lino, era também marceneiro e carpinteiro. Ele fazia o maquinário que usava para beneficiar o arroz. Mas, essa função, Lino não teve tempo de aprender.

Aos 18 anos, ele herdou as terras e a plantação de arroz do pai. Por 40 anos, o agricultor conseguiu garantir o sustento da sua família.

"Não existia tanta praga"

Apesar de hoje existirem máquinas para realizar todo o serviço que Lino fazia à mão, em um tempo muito menor, ele considera que na sua época, plantar arroz era mais fácil. "Não existia tanta praga como hoje".

O agricultor conta que colhia entre 500 a 600 sacas de arroz. Hoje, colhe-se um pouco mais, na mesma extensão de terra em que o pai plantava. O produto era vendido em Brusque, Ascurra, e outras cidades da região. Em Gaspar, Lino era fornecedor da Beneficiadora Gasparense. "O arroz vinha são, puro, mesmo com capim", garante.

Depois de mais de 40 anos de trabalho, Lino decidiu "pendurar" a enxada. Como os filhos não quiseram seguir com a agricultura, arrendou suas terras para outro agricultor. Hoje, aos 82 anos, vive com a esposa na mesma casa que pertenceu a seu pai.