Programa Segundo Tempo é modelo em Gaspar

 

O esporte abre portas para jovens de comunidades economicamente menos favorecidas. Estabelece conceitos de liderança,  trabalho em equipe, cria elos sociais, disciplina e forma cidadãos comprometidos desde a infância. Poucas, no entanto, são as ações governamentais que transformam a teoria em prática. O Programa Segundo Tempo é exceção. Trata-se da maior iniciativa na área esportiva, recreativa e de inclusão social do governo federal. O programa beneficia mais de 1 mihão de jovens no Brasil. Gaspar é um dos 600 municípios do país a ter o Segundo Tempo.
Criado em 2003 pelo Ministério dos Esportes, o programa é uma extensão da escola, integrando o jovem à sociedade por meio da prática esportiva e de atividades complementares em turnos opostos ao das aulas.
Em Gaspar, a gestão é da Fundação Municipal de Esportes, com a parceria da iniciativa privada. Em 2007, a FME firmou convênio com o Instituto Contato, com sede em Florianópolis, responsável pela coordenação de outros 250 núcleos do Segundo Tempo no Estado. Com uma lacuna em 2008, o programa foi retomado em 2009 com a proposta de aproximá-lo mais dos bairros. Por conta disso, novos núcleos foram criados. 
Na tarde de 26 de agosto, mais uma prova de que o Segundo Tempo está revitalizado em Gaspar. Cerca de 100 jovens, de todos os núcleos, se reuniram para o primeiro de cinco encontros esportivos que acontecerão até o final do ano, sempre na associação esportiva dos empregados da Bunge Alimentos - empresa parceira do programa desde o seu primeiro ano – no bairro Poço Grande.
O Festival de Atletismo é mais um elemento motivador para os jovens que três vezes por semana têm quatro horas diárias de atividades com professores de Educação Física em um dos quatro núcleos.
Pequeno e franzino, Pablo Nicoletti de Brito, 10 anos, não cabia em contentamento após vencer a corrida de 50 metros. “Eu adoro correr”, dizia enquanto os colegas o cercavam para os abraços e cumprimentos. Horas mais tarde, ele estava no pódio para receber a medalha pela conquista. Uma vitória individual e da sociedade que oferece ocupação aos jovens.
Débora Shaiane, 12 anos, sonha em ser jogadora de vôlei ou de futebol. Este é o seu segundo ano no programa. “Está melhor ainda. Só falto por um motivo muito forte”, diz a entusiasmada jovem. 
O professor de Educação Física e coordenador dos núcleos, Rinaldo Santos, explica que até podem despontar talentos, mas a proposta do Segundo Tempo independe da performance física. Em Gaspar, o programa oferece oito atividades esportivas e recreativas: futebol, futsal, atletismo, tênis de mesa, tênis de campo, voleibol, basquete e xadrez. Durante o Festival de Atletismo foram disputadas as modalidades de salto em distância e salto em altura.

Sobram vagas em Gaspar
A Fundação Municipal de Esportes coloca à disposição do programa dois professores e dois estagiários de Educação Física, e o Instituto Contato outros dois estagiários da área. O material esportivo é viabilizado pelo governo federal, que financia também a confecção de camisetas e bonés. Um lanche é servido nos intervalos das atividades.
A boa estrutura não é suficiente para os pais compreenderem a importância de um programa que democratiza o acesso ao esporte, ocupando o tempo ocioso de crianças e adolescentes em atividades seguras e saudáveis.
 De 200 vagas disponíveis para Gaspar, 160 estão ocupadas. O professor Rinaldo observa que, além do desinteresse dos pais, as distâncias impedem que mais jovens participem do Segundo Tempo. Até 2007, o deslocamento era custeado pela prefeitura e uma empresa de ônibus do município, mas com a descentralização e a criação de novos núcleos, se tornou inviável manter o benefício.

Programa atende em quatro núcleos de bairros
O professor Rinaldo diz que o Segundo Tempo é essencial na proposta de esporte social desenvolvida pela FME de Gaspar. O programa vem evoluindo e conquistando mais credibilidade junto às famílias e diretorias de escolas. Por conta desse avanço, a coordenação avalia a possibilidade de incluir apoio pedagógico para os alunos que venham a enfrentar dificuldades de aprendizado na escola. “Durante os encontros do Segundo Tempo, um professor ficará disponível para o reforço escolar”, explica Rinaldo.
O Segundo Tempo atende três vezes por semana nas instalações da Sociedade Cruzeiro, no Gasparinho, Sociedade União, no Margem Esquerda, Bela Vista Country Club, no Bela Vista, e Associação Atlética Banco do Brasil, no Santa Terezinha.
A coordenação  avalia a possibilidade levar o programa para outros bairros. Antes, porém, o professor Rinaldo diz que é preciso fortalecer os núcleos. “E isto somente vai acontecer com o apoio dos pais e das escolas”, afirma.


“Gosto de praticar esportes, alguns aprendi aqui no Segundo Tempo. Fiz também novos amigos, outros já conhecia da escola”.
Guilherme Tenório, 13 anos
Núcleo Sociedade Cruzeiro

“Pratico de tudo um pouco no projeto Segundo Tempo. Os professores são bastante simpáticos e atenciosos. Penso um dia ser atleta de salto em distância”.
Débora Cristina da Silva, 12 anos
Núcleo
Bela Vista